quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Sobre vontades e escolhas

Queria inserir um vídeo aqui, mas não sei como. Acho que tem como fazer, por que já vi coisas assim, mas não sei fazê-lo. Explicaria melhor meu comentário, mas tudo bem, deixo o link para o vídeo no youtube (é este aqui http://www.youtube.com/watch?v=W1dIC-Mkku4).
Vi esse vídeo por acaso, hj. Logo no início Chico Anísio diz "Todos os dias produtos, marcas e serviços desfilam na tela da televisão. Você assiste, escolhe, e é você quem decide quais deles vão fazer parte do seu dia-a-dia". Ele ainda dá ênfase no "você", em "você que decide".
Quero, aqui, apenas refletir sobre uma questão fundamental da comunicação, do marketing, da sociologia, e áreas afins: a vontade. A vontade pessoal, sua abrangencia e seus limites.
Os teóricos do marketing, Kotler mas não só, dizem que o marketing não cria vontades, ele existe para "atender as necessidades humanas". Ora, com todo respeito, isso é uma grande babaquice! E esse idiota é considerado o papa do marketing. A questão é: eu tenho uma visão crítica, não gosto de manipulações. Mas mesmo para quem gosta de marketing, de manipulações e todas suas vertentes, poderá fazer muito melhor seu trabalho, tendo consciencia dele. Desse modo, de que adianta alguém, um marketeiro, acreditar que "vai satisfazer as necessidades humanas". Nesse sentido, novamente Marx está certo. O marketing cria o desejo. Reconhecer isso, contribui não só para a critica do marketing, mas para a sua própria feitura. Ou seja, para os dois lados da questão. Mas existe, sobretudo na academia, um receio ao políticamente incorreto, de modo que, ela só pode legitimar o "correto". Assim, a academia (sobretudo faculdades de comunicação, como a minha própria) busca justificativas para o marketing, dentro do políticamente correto, pois "atende às necessidades humanas", como se fosse errado ensinar "manipulação", como se, uma vez reconhecido que o marketing é manipulação, não pudesse ser ensinado. Ora, qual o problema de, efetivamente, dizer: isso é uma técnica de manipulação, e vcs vão aprende-la. Enfim...
Voltando à vontade. Em que medida temos realmente uma vontade? A nossa vontade é nossa? Ou pensamos que é nossa? Laswell, e etc (e alguns publicitários até hj... rsrss) achavam que o conteúdo transmitido pela tv tinha influencia máxima, não havia reação do consumidor. Bom, não é bem assim. Não existe determinismo, o ser humano tem reação, mas qual a abrangencia dessa reação? Acredito que seja uma reação limitada. Não estou dizendo que somos determinados pela propaganda, como Laswell, mas também não acho que possamos nos considerar "livres", como propõe a fala do vídeo, em que "decidimos". Decidimos somente dentro do contexto no qual estamos inseridos, e com as informações que dispomos. Essas informações são passadas pela comunicação, pela publicidade, e portanto nossa decisão e nossa racionalidade é limitada. Também não acredito em racionalidade, nem na teoria da ação racional. Existem muitos fatores psicológicos e sociais que, usados pela propaganda, influenciam uma tomada de decisão de compra. A questão toda é: temos vontade, mas é manipulada, em diversas esferas e em diferentes graus, por diversos meios e modos. Temos sim reação, mas definitivamente não somos livres.
Tudo isso por que não gostei nada do que o Chico Anísio falou. Acho que ele (ou o sujeito que escreveu o discurso dele) está redondamente errado.

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