terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Histórias infantis

Percebo agora que, não deliberadamente, estou criando uma tradição no blog, um post por dia, sempre de madrugada. Gostei. Não garanto que o ritmo continue depois que voltar as aulas, mas por enquanto...

Esse fim de semana teve visita aqui em casa. Minha prima, Valéria, e o Edy, seu marido, estão (na verdade, estavam, pois já voltaram para Curitiba) passando as férias na casa da minha tia (estavam aí desde o ano novo), para matar as saudades, etc e tal. Sábado e domingo, passaram o dia inteiro por aqui. Foi bom, gosto deles, ela é formada em jornalismo e agora está cursando contábeis, e ele, professor de artes, adora cinema tanto quanto eu; sempre ficamos trocando figurinhas. Mas em algum momento (como sempre acontece nas reuniões familiares) a coisa puxou para as histórias e lembranças do passado, e inevitavelmente para a minha infância.
Curioso que minha memória é ruim, muito ruim. Me lembro de bem pouca coisa da infância. Fico realmente admirado de pessoas que se lembram de coisas dos 4, 5 anos. Dessa época, não lembro absolutamente nada. Então, as histórias, inescapáveis histórias. Contaram uma história sobre mim, da qual ri muito, achei muito engraçado, que fique claro que não lembro, e o que faço agora é apenas reproduzir o discurso. Hehehee.
Verão de 1989 para 1990. Tinha completado 5 anos. Naquele verão, foi lançado o primeiro filme do Batman, dirigido por Tim Burton (aquele em que Jack Nicholson faz o Coringa). O Batman do Burton é, até hoje, uma das mais ostensivas e esmagadoras campanhas de marketing jamais imaginadas. Absolutamente todos os lugares foram inundados por produtos licensiados da marca. Isso é o que sei de ler, história do cinema, etc. Segundo minha mãe, pouco antes daquele verão, ela havia me levado a Campinas, para um exame em algum tipo de oculista especializado não-sei-em-quê, e no shopping de lá ocorria algum tipo de pré-lançamento, com absolutamente todos os produtos. Havia uma loja inteira dedicada à promoção do Batman. Voltei carregado de saudável consumo capitalista. Da trilha sonora, em K7!, e o porta-fitas para guardar o K7, lógicamente, carrinhos do bat-móvel, lençóis, edredon, cortinas, os mais diversos produtos escolares de colorir, e mais um monte de outras coisas que já me esqueci de volta. Ah, e claro, o principal, um traje completo do Batman, o que incluia, além da roupa, as botas, capa, cinto de utilidades, e a máscara, com direito às orelhas pontudas de morcego. A graça não está nisso, começa agora. Naquele verão viajamos, eu, minha mãe, minha tia, e a Valéria, para passar as férias em Camburiu. Eu levei a roupa, claro, conta minha prima. Desde aquela época já tinha essa queda por cinema, diz ela. Me tornei obcecado pelo Batman. Eu ia para todos, absolutamente todos os lugares, vestindo a roupa preta do Batman, inclusive botas, capa e máscara. Minha tia ficava louca, dizendo que iria desidratar com aquela roupa preta na praia, que iria passar mal. No hotel, na praia, no centro da cidade... me recusava a tirar a roupa do Batman, ia com ela para todos lugares. Não sei se escrito fica tão engraçado como elas contam, mas que ouvir essa história da Valéria é engraçadissimo, é, mesmo sendo eu o alvo da piada. Hahahaa. No fim, segundo a narradora, de tanto falarem que eu ia passar mal, comi um milho estragado e fui parar no hospital com infecção alimentar. Fui para o hospital vestido de Batman.

Um comentário:

Carlos Pegurski disse...

Ah, então é por isso que cozinhou a cabeça!