quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Outras idéias (abandonadas)

Voltando ao TCC, tema do último post. Já tive alguns temas, e tive a certeza de que aquele era o tema certo, escolhido. Durante quase um ano fui fascinado pelo papel da imprensa nas eleições de 2006. Ainda sou fascinado por esse tema. A mídia apoiou descaradamente Alckmin, manipulando semióticamente de todas as formas (a foto do dinheiro tirada de baixo pra cima, dando impressão de ser uma "montanha", guardada para ser exibida na véspera do 1º turmo, é apenas um exemplo, mais evidente...  não vou falar de tudo por que não é este o objetivo aqui) mas, ao contrário de 1989 quando elegeu Collor com as mesmas ferramentas, a mídia foi derrotada, pelo povo que deu se ombros para ela e reelegeu Lula. Tinha certeza que era sobre isso que queria escrever. Foi um tema marcante em minha vida. O fascinio em ler alguns poucos jornalistas que se dedicavam à verdadeira causa do jornalismo, nessa época, denunciando a mídia, fez com que eu construisse em boa parte meu encanto pelo jornalismo e pela comunicação. Sem eles, provavelmente não estaria no CTCOM. Luiz Carlos Azenha, depois de uma carreira de mais de 10 anos na globo, inclusive como correspondente internacional em Nova York, se demitiu após as eleições por não conseguir conviver com as manipulações realizadas. Foi ele que, ainda trabalhando na globo, denunciou o caso do conluio da direção global com o delegado Edmilson Bruno. Mas então, descobri um livro perfeito, que já diz tudo (e mais) que eu queria dizer. Chama-se "A mídia nas eleições de 2006", a organização é de Venício de Lima, e é composto por vários artigos de verdadeiros jornalistas, com Luis Nassif e o próprio Azenha. Eu não conseguiria fazer melhor. Não existe restrição, nas regras do TCC, para temas já existentes. TCC não é doutorado, que é obrigatório um tema inédito. Mas eu tenho essa coisa, sabe? Não vejo sentido ou propósito em fazer algo que já existe, que já foi dito e bem dito. 
Então, surgiu um outro tema, com o qual me envolvi muito. Gosto muito de cinema. Uns dois anos atrás, o ator Pedro Cardoso fez um manifesto contra a nudez no cinema. Gerou certa repercussão à época. Ora, taí um bom tema. A nudez na história do cinema. Também gosto de sociologia, e daí, nem sei de onde, tirei a minha tese. A nudez na história do cinema pode ser encarada como um reflexo dos valores da sociedade a cada geração, e da mudança desses valores, ao longo das décadas. Seria algo como "a nudez na história do cinema como representação da mudança de valores societais das gerações". Uma análise do discurso, semióticamente. Como a nudez era tratada nos anos 10, 20..  (a ausencia de nudez também significa algo). Depois como passou a ser tratada nos anos 40, 50. A mudança da estética. A explosão do erotismo nos anos 70, não por coincidencia um reflexo da liberação sexual daqueles anos de revolta juvenil. Nos anos 90, o recrudescimento ao moralismo. E assim por diante. Comentei com a Adriana, professora de análise do discurso. Primeiro, ficou reticente, depois, gostou, gostou muito. Até me indicou, que lesse nas férias a história da sexualidade, do Foucault, que seria adequado à tese. Quando disse que eu estava em dúvida, ela disse que quanto a ela, eu já havia convencido. Rsrss. O grande ponto positivo dessa tese é justamente o que me faz desistir do trabalho sobre as eleições de 2006. Material prévio. É inacreditável, mas já procurei exaustivamente, e não existe nada, nada, nada escrito ou publicado a respeito do tema. Quero algo inédito, e isso cairia como uma luva. Inclusive, sendo abrangente o suficiente para, posteriormente, caso faça um bom trabalho, publicar, em forma de livro. É um tema inédito, e passível de atrair atenção de editoras para publicação. Pois bem. Fiquei com ele meio assim, na balança, até há pouco. O ponto fraco nessa tese é: não é essencialmente de comunicação. É de comunicação, sim, claro. Afinal, grandes teóricos da comunicação, como Lasswell e Benjamin, trabalharam sobre o cinema. Mas é comunicação em sentido latu, amplo. Diz a Adriana que poderia ser feito, que passaria pela banca. Mas eu faço Comunicação Institucional, e só tenho uma chance na vida de fazer um TCC tratando dessa área, então seria interesante que trabalhasse com isso: Comunicação Institucional. Como penso, desejo, fazer uma pós em cinema (ou "comunicação audiovisual", o nome oficial), acho que seria um tema interessante para a pós. Decidi deixar para a pós, ou para algum outro momento.
E então, o que fazer na área de comunicação institucional? Gosto de política, e gostaria de fazer algo nessa linha. Algo como estratégias eleitorais. Ou comunicação governamental. O governo Chavez é bem interessante, na relação que tem com a comunicação institucional de seu governo. Poderia ser um bom mote, mas não tenho nenhuma tese ou hipótese a respeito. Ainda permanece interessante. Algo na área de comunicação pública, seria muito interessante. As relações de tecnologia, das chamadas novas TICs (tecnologia da informação e comunicação) é algo que me atrai muito; a relação entre sociedade e tecnologia. Gosto dos teóricos que falam sobre isso, como Baudrillard, Levy, Virilio, e Langdon Winner, mas novamente é uma área de interesse, não tenho uma proposta, uma tese. Quero fazer algo propositivo.
Ano passado o Carlos definiu de forma muito bonita, que gostei muito, o que é um TCC. Segundo Pegurski (2009), o TCC é o momento em que você compila o seu conhecimento até aquele momento e propõe um novo conhecimento. Gostei muito da visão, pois vai ao encontro da perspectiva que já tinha, do desejo de fazer algo "novo". Não desmerecendo quem queira apenas fazer uma revisão, mais "simples", ou coisa do gênero, como, a bem dizer da verdade, muitos trabalhos o são. Mas para mim, pessoalmente, quero propor algum novo conhecimento. Quero contribuir para o conhecimento, de alguma forma. TCC é uma coisa séria, pois você vai lidar com isso durante um ano e meio. Seis meses durante o pré-projeto, que começa em duas semanas. E depois de aprovado o pré, mais um ano até a banca final. É essencial que o tema te agrade, te dê prazer. Isso para qualquer um. Para mim, que gosto muito da área acadêmica, que depois quero realizar mestrado e tal, escrever obras, sabe Deus mais o quê, o TCC é ainda mais importante. É algo que vai para o seu curriculo. Ficará lá, no seu Lattes. É algo muito importante mesmo. E eu ainda não tenho um tema. 10 dias, e contando.

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