sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Sobre questões profissionais levantadas em sala

Havia um outro post programado para ir ao ar, mas o adiei para escrever esta tarde sobre uma coisa que realmente me impressionou. Esta manhã tivemos a primeira aula de uma coisa chamada "sistemas e processos integrados", seja lá o que isso signifique. O professor é um administrador, com toda sua formação em administração, graduação, mestrado e doutorado, tal como um burro de viseira que não consegue olhar para os lados. Começou a falar da relação entre administração e relações públicas. Fez um desenho no quadro em que colocava RP de um lado, ADM de outro, e a Comunicação Institucional no meio. Me opus à toda aquela bobagem que ele estava falando. Mas o que me impressionou e assustou não foi o professor falar merda, pois isso todos podem fazer, mas a reação de vários de meus colegas. O único que se opos junto comigo foi um veterano que agora entrou para nossa turma, o Rone. E um pouco a Sissa. Os outros, até meio que concordaram com ele. Uma grande bobagem. E é isso que me impressiona. Eu, assumidamente, não retirei tudo que podia da matéria de RP. Apesar de minha boa nota (e daí digo que nota não é necessariamente significa algo) não absorvi completamente o conteúdo. Mas ainda ficou algumas boas partes. No entanto, as outras pessoas pareciam saber menos do que eu. Isso realmente me assustou. Enquanto eu falava, todos ensaiando seus "não, não..", concordando com o professor. Me pergunto: será que não se lembram nada de RP, não entendem nada? Por que isso é essêncial ao nosso curso. Nosso curso é, em essência, RP. O professor claramente demonstrou nunca ter ouvido falar disso na vida, mas nós já ouvimos, já tivemos aulas com a Valéria. E aí tem uma questão que é mais do que simples vontade ou querer pessoal. É uma bobagem querer, como o professor tentou, colocar RP na comunicação e Comunicação Institucional entre RP e a administração. Em verdade, e muitos autores concordam (e eu também), a Comunicação Institucional é uma área, um braço, das RP. É "natural" que nós queiramos, para nosso ego, dizer "não, não, Comunicação Institucional está acima, nós estamos acima..." ou algo assim. Normal, não queremos dizer que somos um braço de RP, mas é isso. Com muitas, muitas diferenças, como a perspectiva socio-critica que é empregada pela universidade, mas que não tão tão profundas para se constituirem como um novo curso. E a RP está sim, associada diretamente à administração, apesar do professor tentar dizer que não. Inclusive, acho que é a Kunsch que diz isso (não tenho certeza), a administração deve tomar suas decisões após consulta à RP e atendendo suas orientações. Então o professor tenta dizer: isso é teoria, não acontece na prática. Uma grande babaquice. Ora, os autores de RP também previram essa crítica que ele fez e a resposta é simples. De fato, ainda não é feito assim, hoje, na maioria das empresas, o que não significa que não seja o correto. O comunicador mediocre vai aceitar sua posição de subordinado à administração. O grande comunicador, que terá alguma relevancia, vai batalhar para implementar um modelo de gestão que contemple aquilo que é mais eficiente. Me lembro da mensagem passada pela Valéria, essa sim, grande professora, algo como (palavras minhas, não dela): temos a missão que ir às empresas e mostrar a eles isso, ou seja, mudar o modelo e fazermos diferença. Eu realmente não consigo entender pessoas que não defendem sua profissão. A passividade que vi hoje foi impressionante. Se me perguntassem o que achava de RP quando entrei na faculdade, diria que não gostava (afinal, não conhecia bem). Mas hoje estou dentro desse curso, que é a essência de nosso curso. Acho que frente a uma situação dessas há duas alternativas: ou se adota uma postura crítica aos fundamentos do curso, como a Peruzzo faz, o que é totalmente válido, e gosto muito. Ou se veste a camisa e defende ele. O que não entendo é pessoas ouvirem merda de alguém que não sabe nada de nosso curso e ficarem passivas, ouvindo e aceitando. Eu procuro ter a criticidade de Peruzzo e criticar (todos sabem que sou critico até demais). Mas criticar sobre o real, não sobre o irreal. Sabe o que é engraçado? Geralmente "brigo", me oponho aos professores, defendendo posturas contra o mercado e talz, por questões ideológicas, mas dessa vez não foi isso. Estava defendendo o que é o meu curso. Me lembro duma ocasião, lá na Litoral, em que alguem em algum momento, não sei por que disse: "estamos sendo apenas os relações públicas deles". Respondi "alto lá. não fale do que você não sabe e respeito com meu curso". Eu "detesto" RP. Acho que Peruzzo está certissima em tudo, e todos RPs são uns filhos da puta. Mas se somos alguma coisa, então que assumamos isso. Desculpem a todos se alguém se ofendeu, foi só um desabafo.
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P.S. (edição posterior): Creio que isso seja um pressupoto sempre presente, mas é bom avisar: tudo isso é só minha opinião, tá? Eu não preciso avisar que é "na minha opinião" em tudo que eu escrever, pois tudo que alguém fala é sempre opinião. Então mesmo quando invoco que alguém "acredite" em mim, estou me filiando a uma tentativa (válida, diga-se) de construir um efeito de verdade. É o que todos fazemos todo o tempo, portanto, não há motivos para me chamar de "dono da verdade" ou se sentirem ofendidos. É só minha opinião. Ah, e quando falo sobre as reações, estou falando de modo genérico; o texto não é absolutamente para ninguém em específico.

Um comentário:

Anônimo disse...

Correção, ele, primeiramente, é formado em Ciência da Computação, como diversas vezes ele pontuou em sala.