sábado, 31 de julho de 2010

Procissões

Não sei se é comum as procissões em Curitiba. Se não for, é uma grande coincidencia. Por duas vezes já, caminhando pela rua XV ou próximo da catedral de Curitiba, cruzo com procissões. Uma vez, no fim do ano passado. Outra, do fim do último semestre, em junho. Esse é mais um dos textos "em espera", que finalmente resolvi escrever. escrever apenas para tentar, ainda que saiba que serei mal-sucedido, descrever uma das coisas mais bonitas que já vi e presenciei na vida. Fim de tarde, anoitecendo, quase totalmente escuro já. Durante a procissão a noite terminaria de cair. E vejo aquelas velas. Uma multidão de pontos brilhantes, a iluminar as ruas. Cada pessoas, com uma vela na mão. Cantando as canções, puxadas por um mini carro de som. Na frente, o padre conduzindo as pessoas. Cantos de louvor e alegria. É isso que acho bonito na igreja católica: louva-se Deus pois Ele deve ser louvado, e pede-se pelo bem dos outros, pela paz do próximo, diferentemente das igrejas neo-pentencostais, que incita o egoísmo, em que todos apenas procuram a recompensa material de sua fé, pedem mais que louvam e louvam para ter os pedidos aceitos. Continuando com a beleza. As ruas paradas. Era realmente muita gente. Acho que ocupava umas duas quadras, senão mais. Também não fiquei contando. Pelo caminho, carros e motos da polícia fechavam o transito e garantiam o percurso. Os carros e onibus paravam para o caminhar das pessoas. Juntei-se. Não podia ser um simples observador externo. Alguem chega a mim, e oferece-me uma vela. Outro me provê o revestimento, improvisado com uma garrafa de refrigerante recortada. Aceito e carrego também a minha luz acesa. Essa preocupação com o próximo, em lhe oferecer uma de suas velas sobressalentes que não vejo nas pessoas e nos mundo em geral. A procissão caminha, sob o entoar dos cantos, da catedral na Tiradentes, passando pela praça Carlos Gomes, até a igreja do Guadalupe. Entro em paz e compartilho da missa. A imagem dos milhares de pontos brilhantes na noite curitibana não sairá de minha mente. Não tirei fotos, tão absorvido pela situação que nem pensei ou me preocupei com isso. Ainda que tivesse tirado muitas fotos, não adiantaria. Fotos não captam a alma, a atmosfera. a beleza daquela cena estava não apenas em sua deslumbrante composição imagética, mas na atmosfera que havia, o clima, a sensação, a emoção de compartilhar o mesmo amor e celebração por Deus. 

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