terça-feira, 13 de julho de 2010

Filmes!

É férias, e evidentemente, tenho assistido muitos, muitos filmes. 2 ou 3 por dia, e isso não é exagero. Muitas reprises, pois gosto de rever filmes que gosto. Outros filmes que tinha visto há muito, muito tempo, e já não me lembrava de nada. Alguns inéditos.
Fazia tempo que eu havia baixado um filme espanhol chamado "Eloise". Finalmente assisti. Achei razoavelmente bom. A grosso modo, conta a história de duas meninas que se apaixonam. Um pouco moderninho demais pro meu gosto, com muita nudez (mais material para minha futura tese!). Achei interessante a narrativa. Existem, desde o começo, três linhas temporais. O "futuro", com a moça internado num hospital, a partir de onde se começa a contar a história; a linha principal, o presente, onde se dá o desenrolar da trama; e ainda fragmentos do passado, lembranças da infância da personagem. O interessante é que não se usa recursos de montagem, como fades ou recursos de iluminação e fotografia, ou quaisquer outros, para indicar a diferenciação das linhas temporais. As cenas simplesmente mudam, abruptamente. Simples assim, e tudo se mistura. O diretor teve muita, muita coragem em fazer isso, pois o risco do público se perder entre as cenas não-lineares era grande. E sabe o mais legal? As linhas temporais são perfeitamente compreensíveis (ao menos pra mim), e em nenhum momento se confundem. Creio ser um ponto positivo tanto do roteiro, ao esquematizar as cenas, quanto da direção e edição. Realmente gostei muito de como esse recurso foi aplicado.
Outro, dos muitos filmes que tenho visto, foi "Uma Noite Fora de Série" (Date Night, no original). Fazia tempo que queria ver este filme, desde que lançou no cinema, mas acabei não indo. Ele simplesmente reúne  as duas grandes estrelas da comédia dos dias atuais. Steve Carrell, astro da série The Office, e Tina Fey, protagonista da série 30 Rock. No filme, eles são um casal tentando re-ascender o casamento, com um jantar especial à noite. Sem reservas no badalado restaurante, eles assumem a identidade de outro casal para pegar a reserva deles. Acontece que o outro casal estava sendo perseguido por bandidos, que passam a perseguir eles, numa trama que envolve máfia, policiais, e tudo o que mais a que se tem direito. É uma excelente comédia, não rasgada, nem piegas, mas na medida exata. Frisem minha frase seguinte: é um filme de sessão da tarde. Parecia que eu estava assistindo a sessão da tarde, quando criança. O filme está fadado a isso. Ele já nasceu para ser um clássio absoluto e extremo das futuras sessões da tarde. E isso é um grande elogio. A cena envolvendo um carro chique (não sei de marcas) e um taxi, enganchados, é prova disso. Todo o resto do filme também. Eu adoro sessões da tarde. Adorava quando criança. E agora pude testemunhar o nascimento do filme que vai representar a sessão da tarde para as futuras gerações, assim como eu também tenho os filmes dos anos 80 e 90 que representam a sessão da tarde para mim, mas não mais para as crianças de hoje. É algo realmente gostoso.
O terceiro e último filme que quero comentar hoje é uma das muitas reprises que tenho re-visto. É "Intrigas de Estado" (o título original, "State of Play" é muito melhor, pois há um jogo de palavras, um trocadilho, que gera 2 ou 3 interpretações diferentes. A mais adequada, no Brasil, seria "Jogos de Estado"). Já tinha visto no cinema, ano passado, e resolvi rever agora. Fosse este um post exclusivo sobre esse filme e teria o título "em busca da verdade". O filme é uma grande e bela elegia ao jornalismo. Algo realmente bonito, que compararia inclusive ao clássico "Todos os homens do presidente", talvez a maior homenagem ao jornalismo já feita pelo cinema. Quando digo comparar, claro, resguardadas as devidas proporções. "Todos os homens..." é um classico absoluto do cinema, e "Intrigas..", apesar de ser excelente, não chega a inscrever seu nome no roll dos maiores. Digo comparar no tocante à fé manifestada no jornalismo. O filme é muito bom, enquanto trama policial de investigação; é sobre um jornalista que investiga um assassinato que pode envolver uma conspiração corporativa e um jovem deputado, seu amigo da faculdade (na verdade a trama vai muito, muito além, mas não vou estragar a surpresa aqui). E o filme é bonito, enquanto elegia ao jornalismo. Quando vi pela primeira vez, ano passado, gostei do filme mas odiei o final; tinha achado que o final tinha estragado tudo. Hoje vi diferente. Interessante como os olhos mudam, depois de passado algum tempo, que nem é tanto tempo assim, né? Na primeira vez que vi, não gostei do final pois desejava um final "real", pragmático, que retratasse a realidade. Hoje gostei do final por entender o filme não como um retrato da realidade, mas como essa elegia ao dever ser, do mundo ideal. O mundo e o jornalismo e os jornalistas não são como retratados no filme, mas deveriam ser. Se pegarmos pela ótica marxista, é um encobrimento da realidade, mas acho que podemos deixar Marx de lado de vez em quando. Eu acredito, ou quero ainda acreditar, no ideal de jornalismo que o filme passa. Deveria ser exibido nos cursos de jornalismo, ao lado de "Herói por acidente". Só devemos ter cuidado e consciência para saber que é um ideal, e não a realidade. 
Bem, acho que por hoje, é só pessoal. Volto a qualquer momento, no novamente tradicional post da madugada, ou em boletim especial. ;)

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