domingo, 28 de março de 2010

As coisas desse mundo e as nossas ações

Minha mãe costuma eventualmente invocar Deus, em questões corriqueiras. Isso me incomoda um pouco. Digo "não bote Deus no meio". Penso que as coisas desse mundo são desse mundo, e, salvo exceções, Deus não interfere sobre elas. Assim como também não acredito na interferencia pela outra parte. Deus nos deu autonomia, livre arbítrio, e uma vez assim, somos responsáveis por nossas ações. Nem Ele interfere, como também não existe interferencia por parte do "mal". Acredito em Deus, mas não acredito em demonio, como uma manifestação manifesta do mal, tal qual a imagem clássica passada, de uma força que irá influenciar e fazer mal. Acho bonita a visão (nem sei exatamente onde li sobre isso, certa vez) em que o diabo não é o mal, mas aquele que anota o mal, e no julgamento final te acusa pelos males que você fez diante de Deus, o juiz supremo. Dessa forma, o diabo seria uma espécie de promotor. Faz sentido de certa forma o ser humano confundir o promotor com o responsável pela sua condenação. Os criminosos condenados fazem essa confusão. Mas o diabo só o acusa do mal; o responsável pelo mal é tão e únicamente você. Não confundamos as coisas. Somos livres, dentro das condições que nos são dadas, como Marx muito bem já demonstrou, e portanto não acredito muito em interferência seja benéfica ou maléfica. Acredito sim, em interferência dívina em questões maiores. Em conjuntura, digamos assim. Na série de ações que coincidem e daí surgue algo bom. No alinhamento dos astros, metafóricamente falando. Mas não nos esqueçamos que nossas ações são nossas e nós somos os responsáveis por elas.

Um comentário:

Carlos Pegurski disse...

Eu creio que Deus seja intimamente ligado ao que acontece nesse mundo. Quando o senso comum larga o manjado "não cai uma folha de uma árvore sem que Deus queira", ele o diz com uma sabedoria secular. Isso é clichê? É. Mas o clichê não é clichê por acaso.
Não creio em Deus como uma entidade mítica, que brinca de marionetes ou de lego com seus filhos terrenos. Mas acredito que a Vida (para mim, sinônimo de Deus) se autogerencie. E creio que nós podemos (e devemos, de fato: esse é o nosso propósito) determinar a História. Mas que seja lá o que escolhermos, a História acontecerá, e necessariamente ela estará a par dos fins da Vida - ou seja, de Deus.