sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Sobre trabalho e estágio na UTFPR

No dia 05 de agosto deste ano escrevi um e-mail e enviei-o aos meus amigos da UTFPR. Reproduzo-o agora por dois motivos. Primeiro, é um escrito meu do qual gostei, e um dos motivos pelo qual criei esse blog foi para que esses meus escritos pudessem ser públicos em vez de encher a caixa de entrada de e-mails de meus amigos. Segundo, e talvez mais importante nesse contexto (do dia de hoje) é que ele é pressuposto para um outro texto que publicarei a seguir, seu conhecimento antecede a nova postagem e facilita seu entendimento. Segue.

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Sobre trabalho e estágio na UTFPR
(texto de 05 de agosto)

Hoje recebi a noticia que fui aprovado na estrevista de estágio que havia feito na semana passada.
Começarei a trabalhar na utfpr, como muitos de vcs, em breve. Esse fato gera uma série de sentimentos e reflexões, que, abrindo meu coração, compartilho agora com vcs.
Bom, existem os inconvenientes operacionais, tais como ter que cancelar matérias para as quais havia me inscrito à tarde e sequer poderei começar, como psicologia da educação, do curso de letras, e o inglês no calem. Mas deixemos isso de lado.
Fico sobremaneira feliz pelo fato que poderei estar perto de vcs e compartilhar da experiencia que quase define o que é ser um ctconiano, que é estagiar na utfpr. Poderei partilhar dessas emoções e experiencias, e estreitar meus laços de amizade, algo que muito desejo fazer. Este, certamente e sem dúvidas, é o ponto positivo, e sinceramente, um dos motivos que me fizeram desejar (Desejar, antes mesmo de Precisar) um estágio na utfpr.
Então, chega a questão conflitante. Trabalhar. Nunca me imaginei fazendo um trabalho que não gostasse. Enfim, trabalhando por dinheiro. Bom, até já imaginei, mas não levava a hipótese como possibilidade real. Mas, chega uma hora na vida, que esta te empurra em direção daquilo que é a própria vida. A realidade bate à porta. Por melhor que possa ser o estágio, por mais proveitoso e até divertido, reconheçamos que não é o sonho de vida de ninguem. Porém, na vida não se faz apenas aquilo de se gosta, já dizia a mensagem.
O curioso, o mais conflitante, é que, apesar de eu nunca ter cogitado essa hipotese como real, estou realmente estusiasmado. Não estou triste como poderia estar por ter de trabalhar. A perspectiva de ganhar meu próprio dinheiro, de pagar (parte) de minhas despesas, de ajudar financeiramente minha mãe em minha casa, realmente é excitante e animadora.
E isso que é o mais interesante neste momento, pois tenho a consciencia que estou, nesse exato momento, em um processo de transformação, de mudanças de valores e posições. Estou em formação. Bom, todos estamos sempre em transformação, até o fim da vida; nada é constante. Mas a consciencia desse processo em pleno andamento é algo dificil de descrever.
Sei que não vou (espero que não!) me tornar um capitalista voraz interessado apenas em dinheiro, mas algumas posições perante ele certamente mudarão ou já estão mudando. Ao fim, estou começando a perceber que talvez quem realmente tenha razão seja o pensamento formado a partir da sociedade cristã de que o trabalho enobrece, que o homem foi feito para o trabalho, e aquele que não trabalha rouba a força de trabalho dos outros. (já a acumulação de capital é uma outra coisa, mais especifica, que só é legitimada com o protestantismo).
Eu já tinha consciencia que estava roubando a força de trabalho dos outros, e convivia com isso, mas a perspectiva de ter os resultados/rendimentos da própria força de trabalho é algo que, realmente, faz eu não mais me sentir em divida, seja com a sociedade, seja com uma suposto axioma maior, de que todo homem deve trabalhar e dele tirar seu sustento.
Não sei se essas posições são as que, efetivamente, terei daqui por diante. Nada é estanque, muito menos a vida, e a posições e opiniões são (e devem ser) mutáveis. O processo de formação ainda não se completou, e por isso posso dizer, repetindo aquela frase famosa que confesso não me lembrar o autor (poderia dar um google, mas não vou fazer isso pois não seria honesto), que só sei que nada sei.
Contudo, sei de algumas coisas. Sei que estou feliz de ganhar meu próprio dinheiro, de ajudar minha casa, de bancar as minhas despesas. Estou feliz que estagiando e ganhando dinheiro poderei continuar minhas viagens diárias à Curitiba, que não precisarei trancar minha matricula, como teria que fazer, e que poderei continuar a estudar na UTFPR, junto com meus amigos. E estou feliz que ficarei ainda mais perto de meus amigos.
Abraços...
Márcio.
P.S. Não me julguem pelo mundo do trabalho ser um estranho para mim, enquanto é tão comum a todos. Isso não me faz pior ou melhor, apenas atipico. É nas diferenças que se constroem as coisas. E agora vou entrar pro mundo dos "normais".. hehee.

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