segunda-feira, 28 de junho de 2010

Igreja, massas e comunidade

Sexta passada saí com uma amiga, aqui de Matinhos. No caminho para encontrá-la, passo em frente a uma igreja neopetencostal, dessas da teologia da prosperidade, aquela do R.R. Soares. A grande porta estava aberta e, passando em frente, pude ver seu interior. Apenas algumas pessoas, talvez dez. Na frente, uma senhora, com um microfone, falando algo, pregando. Atentei-me para um fator que diferencia essas igrejas de outras, mais tradicionais. A imagem me destoou por um momento. Pareceu-me algo estranho, contrastante. Demorei a perceber o que havia de errado com aquela cena. Geralmente tais igrejas vivem cheias, lotadas. Elas se baseiam no fenômeno de massas. É estranho ver uma igreja neopetencostal vazia. E aí está o "quê" da questão. Elas precisam se basear em massas. Só assim podem fazer sentido, e existir. No fenômeno de massas, não existe a proximidade com o outro, com a comunidade. Assim como, a partir do meu olhar, não existe nas igrejas neopetencostais a proximidade com a comunidade. 
Me lembro que, quando criança, minha tia convenceu minha mãe a acompanhá-la (e me levar junto) à igreja batista. Frequentamos por um brevíssimo tempo. Também era aqui, em Matinhos. Lá, igualmente à cena que presenciei na última sexta, eram poucas pessoas a cada reunião. Mas veja, enquanto nas neopetencosptais (notadamente Universal e congêneres) o pastor e o "público" estão apartados, e um está ali para salvar o outro, para lhe ensinar o caminho da riqueza ou seja o que o valha, nas igrejas mais tradicionais existe um senso de comunidade. As pessoas saem da reunião e continuam conversando, vão jantar na casa do pastor, e por aí vai. Pode ser apenas etnocentrismo de minha parte, mas não vejo tal senso de comunidade nas igrejas neopetencostais. Por isso, aquela imagem pareceu tão contrastante. E fico a pensar: como poderá se dar, se organizar e existir, uma igreja assim, em cidades pequenas, onde nunca haverá um fenômeno de massas, mesmo por impossibilidades geográficas? É uma questão interessante. Talvez indique limites à expansão desse tipo de igreja, ou a exigência de mudança em sua cultura organizacional caso deseje continuar se expandindo.

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