Tive que ler um conto de João Guimarães Rosa para um trabalho de psicologia da educação, disciplina extra-curricular que faço. É raro eu ler literatura. Durante um bom tempo gostei muito, mas hoje não leio mais. O motivo, é bem consciente. Ela desperta em mim duas frustações que guardo. Ora, tão novo e já falando em frustações? Talvez não seja o termo adequado, uma vez que não é algo que venha com sentimento negativo, como ocorre geralmente no conceito de frustração. Mas seguemos em frente. Literatura. Frustração. Durante um bom, bom tempo, desejei escrever. Bom, eu escrevo. Mas digo sobre literatura. Na minha adolescencia, meu idolo era Jorge Amado. Li muito Jorge Amado. Queria seguir a carreira de escritor. Escrevia muitos contos. Era bem criativo, acredite ou não. Os contos até que eram bem razoáveis. Mas em algum momento, me dei conta que nunca seria um Jorge Amado. Era mediocre, e não passaria da mediocridade. Eu tenho certo desejo de grandeza, no sentido de que quero fazer a diferença. Hoje, quero fazer a diferença na produção do pensamento academico, social. Na época, queria fazer a diferença na literatura. Mas me dei conta que não o faria. Nunca mais escrevi. Por algum motivo estranho (que certamente Freud deve explicar) minha criatividade foi deixada de lado. Hoje não sou mais tão criativo quanto era, embora ainda tenha bons rasgos desta. Tornei-me mais acadêmico. E a segunda frustração? Lendo, vejo imagens na minha mente. Projeto aquilo, em película. Cada, cada, cada conto, livro, história que leio já idealizo como adaptar, os angulos para filmar, a iluminação, as tomadas. Cinema. O desejo de transformar aquilo em filme. Desejo esse inviável a tantas histórias e que depende de muito, muito além de mim. Outro desejo do que eu poderia ter sido, mas também não fui. Não escrevo como Guimarães, e apesar de saber que poderia filmar sua história de modo realmente muito bom, não basta meu desejo para fazê-lo. Duas coisas que não farei. Coisas essas que retornam, vez em quando. Escrever histórias. Criar grandes filmes, adaptações que ótimos livros. No filme "Primer", em certo momento um personagem pergunta: Por que as coisas são assim? Já pensou em tudo que poderiamos ter sido? E se as coisas fossem diferentes? Quantos caminhos tomamos pela vida, não? O mundo perdeu um escritor, um cineasta, mas ganhou um ótimo chato metido que a analisar os fenômenos sociais. Realmente gosto desse exercicio de pensar sobre as multiplas possibilidades de nossa vida. E você, já pensou em tudo que poderia ter sido? E como as escolhas que fez mudam isso? Interessante, não? Mais interessante é não pensar nisso como passado, mas como presente. As escolhas não foram feitas, mas estão para ser feitas. A cada dia. Todo dia. Escolhemos nosso rumo, no passado, e continuamos escolhendo, no presente. Pense nisso. Pense sobre suas escolhas.
quinta-feira, 17 de junho de 2010
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Um comentário:
Muito bom!
Ótimo texto
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