Esta manhã vi um cachorro ser atropelado pelo ônibus. Ao embarcar na minha jornada diária de Matinhos a Curitiba, sentei-me na poltrona numero 3, na frente, que tem uma visão ampla do painel do ônibus, em perspectiva semelhante à do motorista. Logo após me acomodar, e antes que tivesse tempo de fechar os olhos para embarcar em meu sono, vejo um vulto negro cruzando, do nada, em frente ao ônibus. Seguem dois sons, em seqüência e abafados. O corpo do animal batendo contra a frente do ônibus e depois no chão, recaindo por debaixo do ônibus enquanto este seguia. O motorista olhou rapidamente para o lado, pela janela, tentando ver algo, mas seguiu. Nada podia fazer, o animal cruzara do nada em sua frente. Não sei o que houve com o cão, mas só posso presumir que ficou estirado no chão. Não se ouviram grunhidos, gemidos ou latidos. Deve ter sido rápido. Vi no rosto do motorista a mesma expressão minha: triste, mas seguindo, afinal, nada podia ser feito. Assim ocorre na vida, muitas vezes. Seguimos, lamentando, que nada podemos fazer.
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