segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Epílogo e Prólogo

Este blog morreu. Viva! Finalmente, alguns dias antes do ano se findar, eu retorno a este espaço para formalizar algo que, na prática, já se constatava. As aulas de Comunicação Institucional acabaram, as viagens a Curitiba terminaram, e o propósito inicial deste blog, que o batizava, se encerrou. Como já anunciado, este aqui aqui se encerra. Não exatamente do modo como gostaria, talvez. Abandonado nos últimos tempos. Ficam textos nos rascunhos que jamais ganharão a vida. Mas assim é a vida, não avisa quando se encerrará e do nada se acaba. Este blog tinha dia para acabar desde seu nascedouro. Mas, como escreveu Shakespeare, numa de minhas passagens preferidas do bardo inglês, “o que passou é prólogo”. Foi bom ter sua companhia e sua leitura, caro leitor. Este blog se encerra, mas outro nasce. Ou nascerá, um dia. Com outra característica, ainda que eu não saiba bem qual ainda. Endereço registrado, mas nem previsão de quando comecará a ser usado. Convido você, meu leitor, a visitá-lo e descobrir junto comigo: www.amaquinadeescrever.wordpress.com Até lá.

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Edição posterior (fevereiro de 2011): o blog citado anterioremente nunca foi posto em prática. No entanto, tenho sim um novo blog: www.viajares.wordpress.com Visite. Até mais.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Momentos que marcam a vida

Ontem foi dia das eleições no Brasil. Embora eu possa dizer, com orgulho, que elegi a primeira mulher presidente da república, tudo isso que se refere à política, para mim sempre tão importante, se relegou a um segundo plano, desde sexta. Há certos momentos que marcam nossa vida. Aqueles momentos decisivos, que você sabe que serão lembrados como marcos de mudança de rumos. Esse é um desses momentos. 
Havia me inscrito para o Intercâmbio, pela Federal, há alguns meses já. Faz umas duas semanas, saiu o resultado dos 100 selecionados (dos 5 mil inscritos) para o intercâmbio. Eu estava na lista. Fiquei feliz, pois estar naquela lista já era uma vitória, mas não comemorei, pois não poderia ir, bancando do próprio bolso os custos. A lista dos que ganhariam bolsa de estudos seria divulgada nas próximas semanas, sem data marcada. Por dias fiquei entrando no site em busca do resultado, e nada. Eram 20 bolsas por fragilidade econômica, para a qual nem me inscrivi, e apenas 10 bolsas por mérito acadêmico, que estava tentando. A esperança sempre é presente, mas a probabilidade numérica não era favorável. 
Sexta a tarde cheguei cerca de 10 minutos mais cedo no estágio, como tem sido costume. A sala estava vazia, os outros ainda não haviam chego. Fui abrindo os sites de costume, e-mail, etc. Resolvi dar uma olhada no site da ARI. E lá está, desde o dia anterior, edital de divulgação das bolsas. Frio na barriga. Clico no PDF e espero carregar. Hesito um pouco, antes de olhar. O documento abre e têm quatro páginas. Sei que os eventuais alunos do Setor Litoral estarão listados mais para o fim, nas últimas páginas (ordem cronológica de criação de campus), mas vou descendo aos poucos, linha a linha. Cada novo setor que aparece, um frio na barriga. Desço linha a linha, até encontrar o título da secção "setor litoral". Desço mais uma linha e encontro um outro nome que não o meu, Jhonantan. Outra linha, e há apenas o fim do cabeçalho, com os dados da universidade (rua, etc, aquelas coisas padrão de fim de página). Dou um suspiro, viro para lado e olho para baixo. Decepção. Penso "Tudo bem, deixa pra lá. Não deu, era difícil mesmo". Após uma pausa, volto ao computador. Rolo a página rapidamente e despreocupado para baixo. Vejo de relance que há, na página seguinte, mais informações do setor litoral. Apenas a página anterior havia acabado, não os dados. Subo a página, para conseguir visualizar. Encontro meu nome: M [removido] C [removido] C [removido]. Só consigo prender a respiração, quase sem acreditar, instantes depois da desilusão de acreditar ter perdido a chance. Com a sala vazia (e creio teria a mesma reação se não tivesse), ajoelho-me no chão e apenas sussurro: "Obrigado, Meu Deus". Obrigado, meu Deus. Volto ao monitor, para conferir, ler de volta. A partir daí, o resto é história. A sensação é similar a de passar no vestibular, mas um vestibular imensa e absurdamente mais concorrido. Estou imensamente feliz, e creio que ainda sem acreditar direito, sem cair a ficha, em pensar que em alguns meses estarei embarcando para a Europa, para estudar lá, com tudo pago pela Universidade. É uma oportunidade única na vida, e estou imensamente feliz por tê-la. 
A felicidade de uns, dizem, é a tristeza de outros. E é triste que para que existam vencedores tenham que existir derrotados. À tarde, no ônibus de volta para Matinhos, encontrei Rick. Alguém que é extremamente gente boa, que, assim como eu, havia passado na primeira etapa e esperava a bolsa. Não conseguiu a bolsa. Por coincidência, sentou-se justamente ao meu lado. Situação um pouco incômoda e conversa um pouco estranha, no inicio. Mas ele é de boa, e conversamos normalmente. Me desejou boa sorte e eu a ele, que não esmoreça. O inusitado e inesperado encontro me fez refletir sobre seu significado. Como não acredito em coincidências, só posso interpretar isso como algum sinal divino, que queira me mostrar algo. Não sei bem o que ainda, embora pense nisso. Talvez me mostrar a desigualdade e injustiça do mundo. Talvez um sinal para que eu não desperdiçe a oportunidade e a aproveite ao máximo (e é o que pretendo fazer), pois outros também queriam e não conseguiram. É para se refletir, embora não abandone minha alegria por ter essa oportunidade.
Começei o post dizendo que, diante de minha alegria pessoal, o resultado das eleições havia perdido a importância. Emocionalmente, sim, e nem poderia ser diferente. Mas na verdade é muito pelo contrário. O resultado das eleições só ganha importância. É por causa de medidas adotadas pelo governo Lula de incentivo à educação que hoje se concedem bolsas de estudo e sou um dos beneficiados. É por causa da política que estou tendo a oportunidade de estudar numa universidade pública e agora terei a oportunidade de fazer um intercâmbio no exterior. Posso agradecer a Lula, mas também fazer mais do que isso. Quero que se amplie o incentivo que já existe para que, um dia, não precise haver a situação de que uns precisem ficar pelo caminho e ter seus planos relegados. Que todos que desejarem estudar, no Brasil ou no exterior, possam. Dirão ser utópico, mas aos poucos vamos conseguindo isso. Um dia, e irei batalhar por isso. Por agora, só posso esperar cair a ficha, e desejar aproveitar ao máximo esse tempo e essa oportunidade. Obrigado.

domingo, 24 de outubro de 2010

Considerações quase finais

Certamente o eventual fantasma que por aqui transite haverá de ter notado que este ambiente está mais vazio e desértico do que o habitual. Pois é. Uma série de fatores concorrem para explicar esse fato. Mas é fato. Não estou extremamente atarefado, como já estive em outros tempos. Creio mesmo que seja uma questão de prioridades. Comecei a estagiar. Algum dia teria que fazê-lo, não é mesmo? Haha. E assim as prioridades vão mudando. Amo escrever e isso não abandonarei. Apenas não mais para este blog. Sim, meus caros, está chegando ao fim, como já era previsto. Aconteceu antes do que eu previa, mas foi bom, por ter sido de certa forma orgânico, natural, e não uma ruptura artificial em plena produção. Ainda não acabou. Tenho vários textos já rascunhados, que tanterei adaptar e publicar, nos próximos dias. Ou não. Alguns permaneceram para sempre o limbo dos rascunhos. Há muitas coisas em minha mente, burbulhando. Vocês perderam que vê-las escritas, mas tudo bem, fazer o que, não é mesmo? Creio que um fato que tenha colaborado para o decréscimo na produção desse blog foi a indefinição de sua natureza. Nasceu como algo pessoal, escrito para pouquissimas pessoas. Quase um diário em que falava demais sobre mim, me expunha demais, e criticava os outros. Depois percebi que não devemos ficar nos expondo em público assim. Parei um pouco. Agora me confesso com os poucos amigos verdadeiros. Continuo criticando os outros. Espero jamais perder meu olhar crítico. Mas isso também tem que ser limitado, no que diz respeito a publicação. Que sociedadezinha essa nossa, hein? Mas é bom, de certa forma, essas amarras sociais. Depois este ambiente transmutou-se de certa forma. Foi inserido num ambiente que não era o dele, embora também o fosse. Este blog nunca foi nem pessoal nem político, unicamente. Como já disse, em outro post, isso de certa forma, poderia ser uma coisa boa. Seus resultados, no entanto, não parecem ter sido tão promissores. Junte-se a isso um certo desanimo quanto aos leitores. Num dos primeiros posts desse blog, lembro que escrevi que escrevia por escrever, não necessariamente por leitores, mas que como só se publica para ser lido, também desejava tê-los. É isso. Mais um fato que concorre para explicar esse abandono é que essa é a passagem de um momento para outro, na vida. São momentos diferentes. Estou muito mais nas ruas agora, do que nesse ambiente virtual, embora realmente acredite que ambos são plenamente conciliáveis. E minha vida, acreditem, está muito boa, cada vez melhor. Enfim, muitos fatores. Esse não é ainda um texto de despedida. Ainda sentarei para escrever o epílogo. Antes, tentarei publicar os textos nos rascunhos, embora alguns parecerão realmente descontextualizados e anacrônicos. Aos eventualíssimos que gostem do que encontram por aqui, já registrei um outro domínio, que divulgarei quando começar a produzir. Lá, haverá o que aqui não houve, ou seja, uma “linha editorial” clara sobre seu conteúdo. Um blog mais de portfólio, que desejo fazer a algum tempo. Até breve, meus caros. Não desistam.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Justificando

Meio abandonado isso aqui, né?
Coisas a fazer.
Não abandonei. Ainda.
Eu volto. Um dia.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Pé na bunda

Chutados para fora do Senado. Um pequeno balanço das eleições de domingo, que deixaram um gostinho bom. (inspirado por post do Azenha).


Artur Virgílio (PSDB - Amazonas) – FORA
Heráclito Fortes (DEM - Piauí) – FORA
César Maia (DEM - Rio de Janeiro) – FORA
Tasso Jereissati (PSDB - Ceará) – FORA
Marco Maciel (DEM - Pernambuco) – FORA
José Carlos Aleluia (DEM - Bahia)– FORA
Mão Santa (PSC - Piauí)– FORA
Raul Jungmann (PPS - Pernambuco) – FORA
Antero Paes de Barros (PSDB - Mato Grosso) – FORA
César Borges (PR - Bahia)  – FORA
Efraim Morais (DEM - PB) — FORA

sábado, 2 de outubro de 2010

Em quem votarei e por que assim votarei

Vou começar esse texto contando uma história. Ocorreu em 2006. Apoiava totalmente Lula, mas gostava das pauta de reivindicações de Cristovam Buarque sobre a educação. Gostaria de votar em Cristovam Baurque. Um voto pela causa. Diante do impasse, nas vésperas do 1º, se haveria ou não 2º turno, e desejando ajudar na vitória de Lula já no 1º, fiquei extremamente indeciso. Na manhã de domingo, no dia das eleições, decidi meu voto. Votei em Lula. Posso dizer que, em parte somente, me arrependi. Não por Lula, que mereceu integralmente meu voto, mas por Cristovam, que teria também merecido meu voto, no 1º turno. Este ano, a história se repete. É extremamente irônico, mas logo eu, politizado que sou, nas vésperas do dias das eleições, ainda podia ser enquadrado no bolo dos indecisos. Mas este ano já houve um progresso. Consegui me decidir na véspera. 
Sou petista, mas votarei em Marina Silva e Beto Richa. Esta frase era para ser a abertura desse post, e também seu título original, mas tive que mudar. Primeiro, por que não é mais verdade. Segundo, por que não basta criar um slogan ao estilo “eu voto em...”, é necessária a dialética do debate, do argumento, da explicitação dos motivos, inclusive no título. Sou petista, mas voto em Marina Silva e Beto Richa. A frase é boa. A escrevi anteontem, quando comecei a rascunhar esse texto, mas não é verdade. Não mais. Acho realmente uma pena não existir na urna eletrônica uma maneira que eu justifique meu voto, aponte seus por quês. Temo que possam atribuir a outros fatores o meu voto, e não aos reais fatores. Mas ao menos posso esclarecer isso aqui. Vamos aos por quês.
Gostaria de votar em Marina Silva apesar de Marina Silva. Isso é muito importante de ser dito. Acho ecologia importante, mas não é o tema primordial. A célebre frase de James Carville, marketeiro de Bill Clinton (“É a economia, estúpido”), resume o que eu penso e o que muita gente como eu pensa. Quando falo de economia, não me refiro apenas ao nível micro da vida do sujeito, mas à soberania nacional conquistada com uma economia de mercado forte, que poderia ser ameaçada por empecilhos ambientais. Plínio de Arruda a acusa de ser eco-capitalista, e Marina tenta se defender disso. Para mim, acho que isso era um elogio. Mas falta a Marina um pouco de “capitalismo”, e sobre muito “eco”. Meio ambiente é essencial, mas ainda há outros temas que vêm a sua frente. Marina não parece achar isso e por isso digo que votaria nela apesar dela.
Como estudante de Comunicação, já escrevi aqui sobre os vários erros de sua campanha, entre eles bater apenas em uma tecla (ecologia) quando um presidente precisa mostrar que domina todas as áreas, e vender sua idéia de ecologia de forma errada, passando a mensagem de que “o consumo não pode ser desenfreado, tem limites”, que não conquista o eleitor, em vez que “com o desenvolvimento sustentável vocês poderão consumir ainda mais, para sempre”, que a teria mais chances de penetrar no eleitorado.
Então por que votaria em Marina? Primeiro, por que acredito ou quero acreditar em uma terceira via para o cenário político brasileiro. Alguém que pudesse ser capaz de unir PT e PSDB e governar com ambos. Ainda que essa seja uma visão um tanto romântica, quero acreditar nela. Sei que mais gente é seduzida por essa idéia e a campanha de Marina errou ao não reforçar essa mensagem. Marina, de uma forma ou outra, representa essa esperança, ainda que eu achasse que o candidato perfeito para enfrentar a polarização PT-PSDB seria Ciro Gomes. Infelizmente, não tenho Ciro Gomes para votar neste pleito.
Segundo, por sua trajetória de vida. Eu amo Lula. E Marina é o que há de mais próximo que existe de Lula. Mais um erro de sua campanha, ao não reforçar isso enquanto só falava de meio-ambiente (note-se uma contradição: os eleitores de classe média que são preconceituosos com Lula ser “analfabeto” votam em Marina, mesmo que ambos tenham histórias de vida similares. Não dá para entender). A luta e a garra da mulher adoentada, que saiu do interior da selva, e só aprendeu a ler e a escrever aos 16 anos. E depois nunca mais parou de estudar. Formou-se professora, e lutou a vida inteira. Essa história renderia lindos comerciais e pontes, para tratar do tema educação, mas ela nunca fala de educação, só de ecologia, infelizmente.
Votaria em Marina Silva por uma questão de foro íntimo. Me identifico com os aspectos já citados. Também sua trajetória dentro do PT. Ela sim, deveria ser a candidata do PT a liderar as pesquisas. Seria lindo ver Lula e Marina juntos. Os marqueteiros fariam miséria, nos comerciais. Seria emocionante. Infelizmente não é assim. Votaria em Marina mas não recomendo nem recomendei em nenhum momento o voto em Marina. Como disse, votaria em Marina por uma coerência pessoal, e também por acreditar que sua causa merecesse meu voto, uma vez que ele não faria falta ao PT. Desejo que Dilma vença, e vença no primeiro turno. Se em um sonho Marina pudesse ir ao segundo turno, seria algo realmente novo e impressionante. Teria que avaliar bem, mas poderia votar nela também no segundo turno. Mas ela não irá. Sendo assim, recomendo o voto em Dilma. Andei a semana inteira vestindo minhas camisetas do PT e de Dilma. No dia da eleição, irei vestindo minha camisa vermelha do PT. Meus amigos já brincaram comigo por causa disso, que sou bem estranho por causa disso, quero que uma candidata ganhe mas iria votar em outra. Pois é. Iria votar e votaria. Mas não mais.
Notem os tempos verbais do texto: “votaria”. O texto já estava rascunhado. No original, estava escrito “voto” e “votarei”. Era minha tendência, não consolidada. Tive que mudar o meu rascunho, já que mudei de idéia. Como disse, amo a história de vida de Marina Silva e tudo o que ela representa. Por que mudei de idéia? Até então, o argumento que estava posto para mim era aquele mesmo que havia me convencido a votar em Lula e não Cristovam em 2006, evitar o segundo turno e consolidar a vitória já no primeiro. Mas se o argumento fosse apenas este, existem saídas a ele, pois poderia votar em Dilma no segundo turno. Mas algo mais emblemático surgiu, hoje, que representa muita coisa, e me ajudou a decidir o voto. Leio na Folha noticia, de que o PV já se organiza e tende a dar o apoio a José Serra no segundo turno. Então se coloca algumas perguntas fundamentais. Como, Senadora, a senhora pretende se colocar como uma terceira via, quando já tende a dar apoio a uma das outras vias? Como, Senadora, a senhora quer fazer política limpa, quando o presidente do PV justifica o apoio a Serra com um “não desperdiçar o capital político obtido” (leia-se poder de barganha)? Ainda respeito tudo que Marina Silva simboliza, sobretudo sua linda história de vida em paralelo com Lula, mas ela desmanchou sua candidatura, em uma notícia.
Votarei Dilma Rousseff para presidência, amanhã. Não apenas para evitar o segundo turno, mas por que acredito ser o melhor para o Brasil. Por que penso isso? Poderia escrever muitas páginas a respeito, mas vou resumir em alguns pontos, simples. Não gosto de Dilma em si, nem acho que seria a pessoa mais preparada. Penso que o próprio PT teria alternativas muito, muito melhores, como Tarso Genro ou Aloizio Mercadante. Mas qualquer pessoa com um conhecimento mínimo de política e funcionamento de governo sabe que o governante não governa sozinho, mas com sua equipe (aí se encontra o problema de Serra, um intelectual inteligente, mas cercado da escória da política brasileira, como os “demos”). E na equipe de Dilma, que é a equipe de Lula, confio plenamente. Trata-se daquilo que José Dirceu falou, numa palestra em Salvador, se não me engano, e foi repercutido de forma negativa pela imprensa: esta não é a eleição de alguém por sua fama, por seu caráter personalista, mas a eleição de um projeto político, e por isso é ainda mais importante que a eleição de Lula. Eu voto no projeto político do PT. Me lembro de uma peça publicitária do PSDB veiculada somente na internet, e muito bem produzida por sinal, em que se acusa que Dilma não irá conseguir controlar os petistas. O argumento de acusação da peça para mim é mais um motivo para que eu vote a favor de Dilma. Ou melhor, no projeto político do PT.
Para o governo do Paraná, votarei em Beto Richa, do PSDB. Embora seja petista, não sou sectário. Não acho que as pessoas são boas ou más, a priori, por serem petistas ou tucanos. Assim como não gosto da direita raivosa que considera que todo petista é ruim, também não posso considerar que todo tucano é ruim. Abro uma exceção ao DEM, estes sim, todos ruins.
Já ouvi dizer, em forma de troça, que no Brasil não se vota a favor de um candidato, mas contra o outro. Em boa parte, trata-se da situação aqui. Não voto a favor de Richa, mas contra Osmar Dias. Não consigo suportar o que considero seu cinismo, chorando ao lado de Lula, sendo que há literalmente seis meses atrás era seu adversário e oposição no senado. Curso também Gestão Pública, e sei que os acordos políticos são assim mesmo. Estou hoje já longe na inocência do senso comum que crítica certas alianças. Alianças são essenciais para a política. Não critico a aliança de Lula com Collor ou Sarney, pois desde quando eram adversários até quando passaram a aliados passou-se 20 anos. Mudou o mundo e mudaram as pessoas. É perfeitamente plausível essas alianças. Mas a aliança com Osmar me parece por demais forçada, espúria. Além do fato que Osmar não está nem próximo ao pensamento ideológico de Lula ou da esquerda, ainda que tente se vender como. Osmar Dias é irmão de Álvaro Dias, que liderou a oposição raivosa e inescrupulosa contra Lula. Alguém tem a mínima dúvida que Osmar vai apoiar seu irmão para sua re-eleição ao senado, daqui a quatro anos? Escrevam o que digo, Osmar vai pular fora do barco governista, em algum momento, caso se eleja. Não vou, definitivamente não vou, votar em alguém que irá apoiar Álvaro Dias daqui a quatro anos para o senado. E Richa, que é do mesmo partido, acaso não vai? Vai sim, mas isso está claro. Ele não está fingindo uma coisa que não é, está sendo claro. Em última análise, pode-se dizer que prefiro os liberais convictos daquilo em que acreditam (ainda que eu discorde) àqueles que se transmutam de tempos em tempos, conforme as conveniências.
Gosto de pessoas com sonhos altos, talvez por minhas próprias características. Osmar está em fim de carreira. O que mais será, depois de governador? Richa, pelo contrário, está apenas no inicio e sonha alto, em chegar até a presidência. Pessoas com sonhos pequenos realizam obras pequenas; pessoas com sonhos grandes, realizam grandes obras. Não votaria, hoje, em Richa para presidente, pois os tucanos na economia e em relações externas são um fracasso. Mas no governo do estado ele não terá os poderes para interferir de modo negativo como seria na governo federal. Para minha percepção pessoal, o governo Richa na prefeitura de Curitiba não foi bom ou ruim, logo, não tenho nada contra ou a favor dele. Não sou contra dar a ele uma chance. Não creio, realmente, que Richa vá privatizar qualquer coisa. Ainda que quisesse, exatamente por seus planos maiores, ele não o fará, por saber que isso prejudicaria seus planos. Nesse sentido, é mais fácil Osmar Dias privatizar alguma coisa, por não ter perspectiva de futuro e poder fazer qualquer coisa que queira. Richa fará um governo extremamente bom no Paraná pois sabe que precisa ter o que mostrar para a campanha presidencial.
Para os legislativos, não há sombra de dúvida. Votarei na esquerda. Requião e Gleisi, para o senado. Dr. Rosinha, do PT, para deputado federal, por sua trajetória e por suas posturas adotadas no congresso nacional. E para deputado estadual, após alguma (muita) indecisão, na legenda do PSOL, por acreditar que a assembléia paranaense precisa de um radical, no momento em que se encontra. Um radical, ainda que despreparado, que seja oposição a Beto ou Osmar, quem quer que se elega. Votarei no PSOL, ainda que eu saiba que o partido não conseguirá eleger um deputado, infelizmente. 
Estou tranqüilo com minhas escolhas e realmente creio que são as melhores, para as diversas instâncias a que se referem. Seja quem forem os vencedores, o que importa é que façam o melhor pelo Brasil. E que assim seja.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Richa, Pesquisas e a Espiral do Silêncio

Beto Richa censurou a divulgação das pesquisas de opinião de intenção de voto para o governo do estado. Apesar de ser censura (não é bem isso, uma vez que foi uma decisão judicial), ele está certíssimo em fazê-lo, do ponto de vista de estratégia eleitoral. Se fosse eu, no lugar dele, com as mesmas influencias para se obter os resultados desejados, faria exatamente a mesma coisa. 
Dá pra analisar esse caso sob a ótica da influencia da espiral do silêncio. Já escrevi aqui no blog sobre a espiral do silêncio e vale a pena ser lido, aqui. A teoria da espiral do silêncio, de Elizabeth Noelle-Neumann, é uma teoria da psicologia que explica, entre outras coisas, o voto útil e a importância das pesquisas na definição desse voto. Em resumo, as pessoas são constituídas socialmente. Suas opiniões não são individuais, mas sociais. As pessoas, quando têm uma opinião contrária à opinião dominante no grupo em que estão inseridas, tendem, num primeiro momento, a ser calar (por isso, silêncio), e não se manifestar contrário ao grupo. Num segundo momento, elas tendem a mudar efetivamente de opinião, para adequar sua opinião à opinião de seu grupo. Pode parecer estranho, e o senso comum pode até chamar essas pessoas de sem opinião ou Maria vai-com-as-outras, ou coisas do gênero, mas a teoria já foi comprovada e diversos campos do saber, como a antropologia, corroboram com ela. Outro ponto muito importante da teoria é que as pessoas não se calam e mudam de opinião somente pelas opiniões manifestas de seu grupo, mas pelo que elas pressupõem, deduzem, que seja a opinião dominante. Se alguém achar que seu grupo pensa de certa forma, ainda que, na prática, ele não pense assim, ela se adequará a essa opinião. Daí a espiral. Portanto, espiral do silencio. Deu pra entender? Isso mostra a importância da chamada opinião pública (ou opinião publicada, referindo-se à imprensa) e das pesquisas de opinião de intenção de voto. Se uma pesquisa vender (com credibilidade) que determinado candidato está na frente, ele pode vir a tornar-se por efeito das pesquisas, a partir da espiral do silencio. 
É manipulação. E o pessoal do Osmar Dias sabe disso. Quer manipular tanto quanto Beto. Ele quer tanto divulgar as pesquisas que supostamente mostram ele na frente para aplicar o efeito de espiral do silencio no público e consolidar sua vitória. Afinal, qual o problema de se "votar no escuro"? Não deixa de ser até bonito: as pessoas vão votar em quem realmente querem, sem o efeito psicológico da espiral. Principalmente em eleições apertadas, o efeito de espiral do silencio das pesquisas certamente pode definir as eleições. E Beto, sem moralismo, foi genial em conseguir evitar esse efeito. Se sair vencedor das eleições, é para entrar na história dos cases de comunicação bem-sucedidas. Há, claro, um efeito colateral que é a imagem negativa gerada a partir da divulgação da censura, das acusações de ser censurador, etc e tal. Portanto, é necessário fazer um balanço entre bônus e ônus, custo e beneficio. O processo está em pleno vapor. Ainda é impossível saber qual será o resultado de domingo. Vai ser emocionate.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Alcorão?

Hoje entrei na Livraria Curitiba, no Shopping Estação. Após buscar com os olhos por um atendente, me encaminhei até ela. Jovem, aloirada, bonita, 20 e poucos anos.
Perguntei:
- Queria saber se vocês têm o alcorão.
- Alcorão? - Perguntou ela, de volta.
- Uhum, o alcorão - respondi, pensando que ela apenas não tinha compreendido a pronúncia e estava confirmando.
- Hum, não conheço esse - Respondeu ela, me causando estupefação.
- O livro sagrado do Islã? - Disse, com a entonação de "você não conhece?" - A bíblia deles - completei.
- Ah, então deve estar lá em religião. - Disse ela, tencionando o pescoço na direção indicada, como se tentasse ler de longe o nome da seção, enquanto esticava o braço e apontava com o dedo indicador.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Justiça e Direito

Certa vez, a convite de uma grande amiga, participei de uma palestra sobre direito criminal. O palestrante iniciou sua fala com uma frase que, na época, achei indignante, mas mais tarde descobriria se tratar de um mandamento informal nos cursos de direito. Disse “A justiça não importa. O que importa é o direito”. Aquilo ressou em minha cabeça por muito tempo. Pessoas mais ideológicas, como eu era então, podem não conseguir enxergar a diferença entre justiça e direito, ou se indignar que estes caminhos sejam por vezes distintos. A justiça é subjetiva. O que é justiça? Justiça moral, justiça social, tantas noções de justiça são possíveis. O direito não. Refere-se à lei, aos direitos individuais e sociais que são constituídos e não podem ser mudados. É a segurança que o individuo tem das regras do jogo. Por isso se diz que vivemos num Estado de Direito, constituído por regras e direitos, ao qual todos somos submetidos.
Lembrei-me dessa dicotomia ontem, debatendo no twitter sobre o argumento de Osmar Dias, candidato ao governo do estado, de revisar os contratos dos pedágios por terem “gordura de lucros”. Argumentou-se que o pedágio é injusto, os lucros exorbitantes, as tarifas são uma exploração, etc e tal. Concordo com absolutamente tudo. Não é justo as concessionárias explorarem o povo dessa forma. Mas argumentei que o argumento não seria juridicamente válido. A justiça não importa, mas o direito. O direito constituído, firmado num contrato, que dá direito a essa exploração. Definitivamente não é justo, mas é de direito deles. Assim como a lei Ficha Limpa pode até ser justa, mas não é legal. Seria mais do que justo punir políticos que renunciam para fugir da cassação, por exemplo, mas quando o fizeram era direito deles fazerem isso, sem sanções. E o direito não retroage. 
O direito muda, claro. E por isso penso que nós, o povo, cidadãos, agentes políticos, nunca devemos perder a noção de justiça como tristemente os agentes jurídicos são obrigados a abandonar. Mas também não adianta basearmos apenas em nossos pressupostos de justiça para tentar mudar o mundo. É preciso entender que o que importa é o direito para, entendendo isso, nossas ações possam ser ainda mais eficazes. Para que possamos mudar o direito.
O caminho ideal é quando direito e justiça convergem, trilhando juntos um mesmo caminho. Talvez seja o dever maior de todos nós colocar ambos nesse mesmo caminho. 

domingo, 26 de setembro de 2010

O Voto em Branco e o Voto Nulo

As eleições estão perto e um tema muito importante, permeado de lendas e equívocos, e que gera muita confusão para as pessoas é o voto em branco e o voto nulo. Vejo muitas, muitas pessoas (de todos meus círculos sociais), fazendo confusão entre os conceitos, do que significa ou representa cada um. Sem querer ser pretensioso, quero explicar isso hoje. Vou explicar o que significa isso para os diversos campos que podem ter implicação.
Primeiro, em termos práticos e legais, para os resultados das eleições. Voto em branco e voto nulo são rigorosamente a mesma coisa. Nenhum dos dois interfere em nada no resultado das eleições. 
Talvez o maior equívoco que existe é que os votos em branco vão para o candidato que está ganhando. Isso está completamente errado. O TSE ao apurar o resultado descarta os votos brancos e nulos, e trabalha somente com os votos válidos, ou seja, aqueles que foram dados a candidatos. Se em uma hipótese, 60% da população votar branco ou nulo, somente os 40% válidos serão levados em conta. O candidato que tiver mais que 50% dos votos válidos será o vencedor. Ao votar em branco ou nulo você está ajudando, claro, o candidato que está na frente, pois podia estar votando em algum outro mas não está. Essa é a única forma que seu voto branco/nulo influencia o resultado (você podia dá-lo a outro candidato, mas não fez isso), mas de forma alguma o voto branco é transferido ao candidato que está na frente.
Outra lenda: dizem que se o voto não-válido, branco ou nulo, vencer as eleições, terá uma nova eleição. Errado. Lenda. Existe um dispositivo no código eleitoral que trata da "nulidade das eleições", o que se fez criar essa lenda urbana. A nulidade que a lei trata se refere a quando determinada mesa, seção ou colégio eleitoral tem a votação anulada, pela justiça ou pelos fiscais, por motivo de fraude. Se mais da metade dos votos for anulado por motivo de fraude, aí sim teria uma nova eleição. Mas convenhamos, isso não vai acontecer, né? Por causa do seu voto nulo ou branco? Nem pensar. Ele é simplesmente descartado.
Agora, em termos simbólicos, por assim dizer. O que representa esses votos? O voto em branco não é recente. Existe desde que existe uma eleição. Em termos filosóficos, na história, o voto em branco sempre representou repúdio aos candidatos existentes. É como se o eleitor dissesse: se são estes os candidatos, votarei em branco. Em eleições que ainda seguem os preceitos tradicionais do que significa e representa o voto em branco, como da ABL (Academia Brasileira de Letras), o voto em branco conta como voto válido, e até pode impedir que um candidato se elega (caso o branco ganhe), como também impedir unanimidade. O voto em branco não é descaso ou “tanto faz”. A abstenção é que representa isso. Quando tanto faz o candidato, o eleitor se abstém de votar. Quando ele repudia os candidatos, então ele se dá ao trabalho de ir votar e vota em branco. O voto em branco é considerado uma coisa séria. Na ABL, são raros os casos de voto em branco (enquanto a abstenção é freqüente), pois isso representa uma ruptura. Repúdio é a palavra. Esse é o termo, preciso, do que significa do voto em branco. 
O TSE vai contra a postura clássica do voto em branco contar como voto válido, não considerando ele para as eleições, por questões práticas (não poderíamos ficar à mercê de não eleger representantes). Oficialmente, o TSE não esclarece a interpretação que dá a cada um dos votos, nem lhe caberia interpretar isso. Apenas identifica o que é considerado cada um. Segundo texto oficial, o voto em branco é aquele em que o eleitor não deseja votar em nenhum dos candidatos, enquanto o voto nulo é aquele dado a um numero/partido/candidato inexistente. 
E aqui entra uma questão muito importante. O voto nulo simplesmente não existe na história. O voto nulo não existe, legalmente. O voto nulo não existe, de nenhuma forma. O que é o voto nulo, então? É simplesmente um erro. Como diz o texto oficial do TSE, é o voto dado a um partido/candidato que não existe. Você queria teclar um numero, teclou errado e confirmou. É simplesmente contabilizado como um erro, tal qual os norte-americanos que não conseguem perfurar corretamente a cédula e cujos votos são anulados por isso. Erraram. Algumas pessoas reclamam que não existe uma tecla de nulo. Isso seria um absurdo. Seria como pedir que existisse uma tecla de “erro”. No entanto, reiteradamente pessoas insistem em acreditar que é o voto nulo que representaria repúdio. Mas por que se criou essa confusão, entre o que cada voto representa, e essa idéia no senso comum de que o voto nulo seria repúdio ou revolta? No Brasil temos algumas particularidades, que os próximos parágrafos explicam.
Por último, em termos sociológicos. Durante muito tempo no Brasil tivemos o voto manual, em cédula de papel. Analisando os comportamentos dos eleitores, durante este período de tempo, a sociologia passou a considerar que: o voto em branco representa aquele sujeito que não está nem aí, e decide simplesmente se abster, enquanto o voto nulo representa uma revolta contra os candidatos. Como se percebe, o oposto do que os votos brancos e nulos representaram na história. Mas isso é plenamente explicável. 
Até um passado recente no Brasil não existia urna eletrônica, que surgiu nos anos 2000. O voto era manual, em cédula de papel. As pessoas assinalavam um "xis" na cédula de votação. Com a possibilidade do voto manual, o sujeito revoltado escrevia, bem ao estio brasileiro, palavrões na cédula, a usava para expressar sua revolta, o que anulava o voto. O sujeito que não estava nem aí (mas era obrigado, pela lei brasileira, a comparecer para votar) simplesmente deixava em branco para ter o menor trabalho possível e largava a cédula dentro da urna. Daí a interpretação, plenamente correta, de que o voto branco representa descaso e o voto nulo representa revolta. 
Tal análise não faz mais sentido nos dias de hoje, digitais. O eleitor de qualquer forma tem que digitar, o que desfaz o argumento do "menor trabalho possível" que justificava o voto em branco como descaso. Para anular seu voto, o eleitor tem que inventar e digitar um número inexistente na urna. Mas é apenas um número, não palavras ou sentimentos. Isso não é expressão de revolta. Mas veja que engraçado. No passado, as pessoas escreviam sua revolta nas cédulas, o que anulava seu voto. A sociologia formulou um conceito para explicar e disse: voto nulo representa revolta. Hoje, as pessoas votam nulo não por que estejam realmente expressando a revolta (como ocorria no ato de escrevê-la), mas por que disseram isso, que voto nulo significa revolta. A sociologia, que visava explicar a conduta dos sujeitos, acaba sendo usada para determinar essa conduta. Repito. Hoje, não faz mais sentido algum se votar nulo, como era justificável nos tempos do papel.
Como escrevi no inicio do texto, há implicações e interpretações possíveis a diversos campos do saber. Quem defende uma posição ou outra, não está errado. Cada um está se alinhado a uma forma de pensar. Sociólogos, historiadores e juristas eventualmente discordarão e podem discutir muito sobre isso. E cada um interpreta de um jeito. Mas acho que uma coisa é importante se ressaltar. Seja sob que olhar você queira enxergar a questão, não existe uma interpretação oficial do TSE, sobre o que representa seu ato, seja o voto em branco ou voto nulo. Não importa se você vai votar branco, nulo ou em algum candidato, é importante saber e ter consciência do que representa cada ação, para que você a tome de forma consciente. O que eu acho? Lavar as mãos, tal qual Pilatus, não te livra de responsabilidade. Bom voto.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

O que eu faria

Dizem que é fácil ter a imagem completa após o jogo estar jogado. Em parte, é verdade. O jogo eleitoral está no meio. Já dá pra ter uma imagem parcial, mas ainda não completa. Portanto, vou escrever já sobre o que considero erros das campanhas presidenciais e como eu, como comunicador, teria trabalhado essas questões. Modéstia à parte (quem precisa disso, não é mesmo? rsrs) sei que sou um bom, excelente comunicador, e que faria algumas coisas muitos melhores do que aqueles que estão no comando das campanhas.
Vamos começar pelo que considero o maior fracasso, pois seria aquele que teria a maior perspectiva. Marina Silva. A campanha de Marina Silva é razoável. Começou mal, melhorou um pouco, mas poderia ser bem melhor. Tem alguns graves problemas. O principal é que a candidata fala o que pensa e o que quer. Isso é um grave problema. Quando ela se eleger, faz o que quiser no governo, mas tem que entender que para vencer é preciso se conformar, se adaptar, a um modelo vendível. E ela não faz isso. Minha principal crítica a ela é aquilo de que já escrevi aqui: ela só fala de ecologia. Lugar de discurso único é o parlamento, onde se faz lobby por isso ou aquilo e se defendem interesses. Nenhum candidato ao executivo se elege na base do discurso único. Marina tem um grande potencial de crescimento, mas não consegue obtê-lo pois não conquista todos os setores, e não o faz por não se demonstrar capaz. Todos, absolutamente todos, já sabem que ela é a candidata do verde, portanto, não precisa ficar repetindo isso. Ela tem sim que demonstrar que, além de ecologia, pode tratar de segurança, educação, saúde... Aí ela ganharia. Mas continua falando sobre ecologia. Como seu marqueteiro, a primeira coisa seria exigir que ela calasse a boca e parasse de falar sobre ecologia. Se alguém lhe perguntasse sobre isso, que dissesse que já falou demais nisso e quer demonstrar que domina outros assuntos, e falasse sobre outros assuntos. Ela não falaria na campanha, mas poderia fazer no governo. Infelizmente não estou lá, e ela prefere inverter a equação. Outro dia, chegou ao cúmulo de dizer que o consumo desenfreado não pode ferir o planeta e por isso é necessário o desenvolvimento sustentável. Esta é a mensagem errada, pois diz ao eleitor que irá consumir menos. A mensagem correta seria que, com o desenvolvimento sustentável, ele poderá consumir mais, pois será sustentável, e o consumo irá durar mais tempo, pra sempre. Não importa se é verdade ou não, essa seria a mensagem vencedora. Outro ponto. A campanha de Marina tem um "quê" de Lula de 1989, principalmente pelo uso das celebridades, o que é muito bom. Mas o uso dessas estrelas está errado. Em vez que aparecerem individualmente, falando sobre Marina, eu colocaria todos eles juntos, como uma cópia descarada mesmo do famoso comercial do PT de 1989. Acho que daria mais certo. Há muitos outros pequenos erros, como a cópia estilizada de sua imagem da imagem estilizada de Obama nas eleições americanas. Acho que a cópia passa uma imagem ruim. Mas também há muitos acertos. A campanha não é ruim. Um grande problema dela não é de comunicação, mas de organização da campanha: ela saiu sozinha, pelo PV, sem alianças. Deveria ter havido alianças, ainda que com outros nanicos, por tempo de tv. A organização foi feita sem pensar na campanha, bem diferente da campanha de Dilma e mesmo de Serra. O cenário poderia ser melhor, nesse sentido. Um bom coordenador de campanha poderia ter brigado por isso.
Já José Serra é um problema sério. Sinceramente, acho que não teria condições para ele vencer essa eleição e acho que ele sabia disso desde o inicio. Talvez, em algum momento, até o inicio do horário eleitoral, houvesse alguma ponta de esperança, mas pouca. Assim sendo, não haveria trabalho de comunicação que desse jeito. Como sempre digo, não adianta negar a realidade e dizer que "vamos vencer". O primeiro passo é aceitar a realidade (internamente, na coordenação de campanha; óbvio que ninguém vai sair por aí dizendo que vai perder) para fazer um trabalho para maximizar resultados. Veja, o trabalho para vencer uma eleição é diferente do trabalho para maximizar resultados. A tática de atacar o oponente, bem ou mau, é uma tática quando se há chances de vitória, como no caso de Alckmin e Lula, e a quase virada no final do 1º turno. Para o caso de Serra, os ataques massivos com as histórias de quebra do sigilo fiscal e corrupção na Casa Civíl não são uma boa estratégia. Seriam se ele estivesse brigando pela vitória, mas não está. O que então Serra e o PSDB deveriam fazer? Para mim, deveriam consolidar posição. Um pouco do que o PT fez durante muito tempo: consolidou posição para vencer futuramente. Mas o discurso do PSDB e de Serra não é um discurso que consolide posições; ele é pontual, apenas. O que eu faria? Primeiro, já que a eleição já está perdida mesmo, usar esta campanha para resgatar a imagem do partido. Esconder FHC colabora com a tática petista, então por quê fazer isso? Mostrar FHC traz prejuizos imediatos, mas pode reverter a imagem futuramente. É isso que deveria ser feito. Reconstruir a imagem do PSDB, como partido que nasce lutando pela democracia, que cria o Real, etc e tal. Isso, lógico, formando o paralelo com Serra, o candidato, mas com uma ênfase bem forte no partido. Enfim, um trabalho massivo para reconstrução da imagem do PSDB, que atualmente nem aparece na campanha de Serra. Fazer o termo tucano deixar de ser um palavrão. Sem isso, o PSDB vai continuar perdendo eleições, uma atrás da outra. Outro ponto. Abandonar de vez e para sempre imagens do populacho, que soam falsas para absolutamente todo mundo. Pra que mostrar Serra caminhando junto ao povo, e depoimentos do povo, o apoiando? Não tem efeitos. O que eu faria é trabalhar um ponto muito positivo que existe a favor do PSDB: a administração competente. Eu, particularmente, penso que esta não é real, não existe de fato. Mas se criou a imagem, em torno da direita, de que experientes na administração privada, eles são também muito bons na administração pública. Em síntese, administram melhor. Penso, repito, ser só uma imagem, mas ela existe para as pesssoas, e é isso que importa, a imagem. Trabalhar a questão de que são melhores e mais eficientes, poderiam fazer tudo que Lula fez muito melhor. E nisso, mostrar a administração paulista de Serra. Ora, só são apresentados números, mas nada que remeta à idéia de eficiencia, que pontue as ações que foram tomadas. Substituiria os depoimentos de populares por depoimentos gravados em escritórios, com relatos de ações eficazes que o candidato tomou, na hora certa. Então, aí sim, faria a ponte, com o narrador dizendo que, aquilo que o Serra fez lá no escritório, veio fazer bem aqui para o povo pobre. Então mostrar os números do povo melhorando, mas sem depoimentos. O que essa mensagem passa? Que Serra está afastado da população, lá dentro do escritório, mas de lá, está fazendo bem ao povo. É uma mensagem mais condizente com a realidade, que soaria mais coerente, e portanto, geraria melhores resultados. Afinal, como li outro dia, quem disse que precisa ser popular para se eleger? Lula usa essa tática, mas ela não é a única; FHC se elegeu duas vezes longe do povo. Ah, mais uma coisa. Que história foi aquela do "Zé"? A mesma idiotice que quando mudaram o Alckmin pra "Geraldo", em 2006. Essa é uma noção básica da comunicação: imagem construida, não se modifica, apenas se trabalha pra melhorar. Como eu disse, seria uma campanha para (re)construir imagem e trabalhar terreno para o futuro. Algum dia terão que se dar conta disso e fazer isso. E acho que poderia ter melhores resultados do que a atual campanha.
Agora Dilma. Ai, ai. Bom, Dilma está ganhando, e acho que não há muito para se comentar. João Santana é um excelente marqueteiro e sabe o que faz. Os vídeos da campanha são espetáculares. Apenas tenho que confessar que, antes de começar a campanha, fiquei muito receoso quanto ao slogan e mote escolhido para a campanha "para o Brasil continuar mudando". Confesso que considerei um erro, em certa medida. Achei que a mensagem da mudança poderia gerar uma certa dubiedade no eleitor no sentido de que, afinal, está se pregando a continuidade ou a mudança? Eu não usaria isso. Mas Dilma está vencendo, o que mostra que está dando certo. Não sei se por causa disso ou apesar disso. A mensagem da mudança tem seu lado positivo, pois rouba essa bandeira da oposição e reaviva na memória os sentimentos de mudança que elegegam Lula em 2002. Ainda assim, acho uma mensagem dúbia. No mais, só elogios.
Para terminar, só é bom lembrar aos desavisados: fiz uma análise como profissional, do que eu faria em cada campanha. Não significa que estou torcendo por este ou aquele. Longe de querer que os tucanos se reconstruam, mas eu faria um trabalho melhor do que aqueles que estão lá. Quem sabe, se me contratarem, tenham alguma chance algum dia, né? Rsrs.

domingo, 19 de setembro de 2010

O novo (Ou: sentimentos)

Outro dia, conversando sobre política com Mario, um amigo que não é envolvido com política, ele sintetizou o que acredito ser o sentimento das ruas nesse momento. "Osmar já deu o que tinha que dar", disse ele. Como aprendemos que eleição não se vence nem com comunicação, nem com economia, nem com política e muito menos com argumentos ou racionalisdades, mas sim com sentimentos e emoções (essa é uma postura teórica à qual me filio; como sempre, existem outras, mas essa é boa, acreditem em mim), esse é um indicativo de que Beto Richa vencerá as eleições. Eu votarei nele mais ou menos pelo mesmo motivo. O novo. Como já disse, não é o novo pelo novo, por que jamais pensaria em eleger certos "novos" que andam por aí, mas o novo que pode realmente trazer algo de novo. Afinal, a outra opção é um Dias, que já comanda o Paraná há tempo demais. Como diz o slogan "Dias melhores virão". Sou contra Álvaro e também Osmar. Se você prestar atenção existe um interessante movimento de renovação na política brasileira. Gleisi, que deve se eleger para o senado, faz parte dessa renovação. Penso mesmo que ela só perdeu a eleição de Curitiba pois estavam competindo dois novos candidatos. E no Brasil como um todo, tem ocorrido isso, tanto na esquerda e até mesmo na direita. É um auspicioso movimento. E fica a dica para os partidos que quiserem continuar na luta: renovação.

sábado, 18 de setembro de 2010

A negação da parcialidade

Me incomoda muito, muito mesmo, a parcialidade posta como verdade, que não se reconhece como parcial. A parcialidade que critica a outra parcialidade tende a ser ainda mais parcial e tentar se colocar como verdade, não como mais um lado. Tudo bem que todos busquem consolidar seu discurso como verdade (como nos ensina Pechêux e a escola francesa da Análise do Discurso), mas acho que é importante reconhecermos que somos apenas mais um lado. No discurso da igualdade, dos direitos humanos e afins, esse discurso de verdade única pode ser percebido muito bem.
Fim de semana passado (só estou escrevendo agora, eu sei, mas pelo menos estou) pipocou na blogosfera, auto-denominada progressista (não gosto desse termo), como tema uma crítica aos religiosos que se organizaram para fazer lobby para suas propostas e para os candidatos de suas propostas, tais como serem contrários ao aborto e à união homosexual. Alguns desses posts podem ser vistos, aqui (o mais relevante para minha análise de hoje), aqui, aqui, e aqui. O que os evangélicos fizeram foi criticar o PT e pedir que seus fiéis não votassem no PT. Embora eu seja petista, vou aqui defender o lado dos que estão contra o PT.
Ora, é legitimo organizar interesses, e fazer grupos de pressão por esses interesses. É legitimo e em certa medida até positivo. Esta é a lógica do lobby. Melhor feito às claras do que de modos escusos. Se os metalúrgicos têm direito de reivindicar suas pautas, por que os evangélicos não teriam? Ok, vão dizer que a questão se trata do preconceito por detrás das propostas, etc. O que penso sobre isso já escrevi nesse blog. De qualquer forma, eles têm o direito de reinvidicar suas pautas. Se serão efetivadas ou não, é uma questão para se debater no congresso. Mas não podemos, de forma alguma, dizer que eles não tem a priori o direito de defender suas pautas. Ora, pode-se argumentar que eles apresentam os fatos distorcidos. De fato, concordo. Mas é a perspectiva deles. A extrema esquerda também apresenta uma perspectiva que, dizem os capitalistas, é distorcida do sistema. Retorno ao que eu digo: concordemos ou não, atrasadas e retrógadas ou não, eles têm o direito de se organizar para reivindicar suas pautas. Mas a crítica que se faz a esses grupos mostra um ensejo de verdade, como se eles não pudessem pensar de modo diferente. Podem. Afinal, a verdade não existe, não é mesmo? (nossa, sou mesmo um pós-modernista).
E nisso já aproveito para engatar uma crítica ao Lula, que essa semana disse querer "extirpar o DEM da política nacional". Minha crítica não é por quaisquer motivos que surgiram na imprensa, de que o presidente não poderia dizer algo do gênero. Acho que pode. Só não é inteligente desejar isso. Como nos ensina Foucault, quanto mais liberade maior a vigilância. Se você tem um inimigo, não queira o mandar para as sombras, onde não poderá enxergá-lo. Traga-o para a luz, onde possa vigiar. O que quero dizer é que também é legitimo que interesses de extrema-direita sejam representados no congresso e acho saudável que o sejam. Caso não sejam, não morrerão mas ficarão nas sombras, até resurguir com mais força. O correto, portanto, no caso de Lula, é desejar enfraquecê-los, não os destruir. Uma das grandes bobagens da lei brasileira (e em certa medida internacional) é criminalizar o nazismo e proibi-lo. As praticas nazistas, evidentemente, são crimes, mas não se deveria restringir a doutrina filosófica de pensamento nazista. E não digo isso (apenas) por um liberalismo do ato de pensar (no qual acredito e defendo), mas por que, em termos práticos, se o nazismo é proibido, ele vive nas sombras. Não deixa de existir. Ele continua aí, a cada esquina, onde não vemos. Fosse legalizado, se teria controle sobre quantos são e quem são essas pessoas. Mais liberdade, mais vigilância. O mesmo vale para o DEM, para os evangélicos e para quaisquer adversários.

Mais Lasswell

Outro dia escrevi uma crítica às pessoas que ainda vivem sob signos dos pensamentos do passado, como o de Lasswell, ao tratar da recepção. Hoje, tive mais uma amostra disso, que parece se tornar algo comum em nosso meio. Artigo de Merval Pereira, publicado n'O Globo e no blog do Noblat, trata sobre o escândalo de Erenice Guerra envolvendo Dilma, e num determinado trecho revela seu pensamento um tanto preconceituoso. Vai a citação, retirada daqui.
Mas o tema é de difícil entendimento para a média do eleitorado brasileiro, e sua repercussão ficaria restrita a um eleitor mais bem informado se não surgisse essa série de denúncias de lobby com objetivos financeiros dentro do Gabinete Civil da Presidência da República.
As pesquisas, que continuam dando a vitória de Dilma no primeiro turno, mostram que, entre os eleitores que se dizem bem informados sobre as denúncias, e entre os mais escolarizados e com renda mais alta, já há uma mudança de atitude em relação à candidatura oficial.
Talvez isso seja o por quê de a oposição e a direita continuarem a fracassar, pois não conseguem entender o eleitor, o cidadão. Pelo racionicio de Merval, basta ser bem informado para concordar com ele. Ou seja, se todos não concordam, não é por que eventualmente possam discordar ou ter outro entendimento, mas por que ainda não alcançaram o grau de elevação suficiente para compreender seus argumentos. Eu me senti ofendido. Sou de classe média, leio jornais diariamente, faço duas faculdades, e sou extremamente bem informado. Entendo todas as denúncias e suas implicações, e ainda assim, apoio Dilma. Qual o argumento agora, Lassweell, digo, Merval?

A arte de dizer sem palavras



Estava comentando outro dia com minha amiga Karla sobre as estratégias de campanha do Serra à presidencia. A campanha dele começou muito mal, e recentemente deu uma melhorada. As pessoas, às vezes, não entendem como que eu, simpatizante do PT, posso elogiar a campanha do Serra. Simples. Não estou cegado pelo partidarismo e não analiso aqui quem é o melhor candidato. Como comunicador, faço uma análise das estratégias de comunicação. 
Como argumentei nessa conversa, comunicar é, em boa medida, a arte de dizer sem palavras, sem precisar dizer (e nisso, questões teóricas como Análise do Discurso que muitas vezes são relegadas ajudam muito - entender e criticar, para depois colocar em prática). Excelente exemplo disso é o comercial levado ao ar recentemente pela campanha de Serra. Como não encontrei na internet, enviei ao YouTube. Encontra-se disponível, acima. 
Reparem na semiótica da peça publicitária. É genial. "Dirceu veio primeiro; afastado por corrupção" Imagem de Dirceu. "Dilma veio depois" Imagem de Dilma à direita de Dirceu. "Com ela, Erencie Guerra, afastada por corrupção" Imagem de Erenice à direita de Dilma. Da esquerda para direita, Dirceu, Dilma e Erenice. Dirceu e Erenice afastados por corrupção, Dilma entre eles. Qual a mensagem, semióticamente? Dilma está no meio da corrupção. Karla, minha amiga, respondeu "Pra mim eles estão dizendo muito claramente". Aí encontra-se a grande jogada. Ao receptor, a mensagem foi clara, foi entendida, mas não precisou ser dita.
Isso tem dois pontos positivos. Primeiro, evita processos. Se o narrador acusasse Dilma de corrupta seria passível de penas, mas a peça faz isso de modo semiótico, e quem vai usar semiótica num tribunal? Segundo, como não foi dito literalmente, leva o telespectador a achar que foi ele que tirou a conclusão de que Dilma está no meio de tudo. Claro que não foi ele; a mensagem está ali, mas o sujeito achando que foi ele próprio que tirou tal conclusão, tende a acreditar ainda mais, afinal, está acreditando em si próprio. 
Uma grande sacada da campanha de Serra, e uma ótima peça publicitária, principalmente pelo lado semiótico. Se a estratégia do ataque pessoal é boa ou não, e se vai ou não gerar dividendos, é outra história. Particularmente, acho que o caminho seria outro. No comando da campanha, faria algumas coisas bem diferentes. Mas esse já é tema para outro post.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Adestradores

Os candidatos a cargos eleitorais são adestrados, tais como cães. Essa foi a mensagem, em síntese, da aula de ontem de ciência política. Estão certos, aqueles que se adestram. Me fez refletir sobre uma questão que já havia levantado aqui, sobre Marina Silva. O seu problema é que não tem um marqueteiro que a conforme num modelo vendível. Ela não tem controle e não tem orientação. Algo que já disse e repeti: seu problema é falar só de ecologia. Falta alguém que a controle e lhe diga para parar de falar sobre ecologia, afinal, um presidente tem que dominar todos os assuntos, não somente um. Ela se sobrepõe aos seus marqueteiros e fala o que quer. Esse é seu problema. Precisa de alguém que lhe adestre, num modelo correto, a ser consumido pelo eleitor. Talvez seja essa uma boa definição da profissão de comunicador político. Adestrador. Rsrss.

Abandonai Toda Esperança

Quando Dante e Virgilio descem ao inferno, detém-se diante de seu portal. Encontram, gravada em fogo e brasas ardentes, sobre uma rocha negra, a mensagem, em latim: "lasciate ogni speranza, voi ch'entrare". A mensagem existente nos portões de entrada do inferno avisa "abandonai toda esperança, vós que entrais".
Mandei gravar uma placa, já faz bastante tempo, com a mensagem em latim. Encontra-se pendurada na porta de meu quarto. Serve para me lembrar que, enquanto aqui estiver, deverei abandonar todas as esperanças. Por vezes passo por ela, sem nem a perceber mais. Outras, como agora, lembro-me do seu significado e do por quê ela ali está.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Do túnel do tempo

Às vezes, muitas coisas podem acontecer e muitas pessoas encontrar em viagens de ônibus. Ou reencontrar. Hoje, vindo de Curitiba à Matinhos, re-encontrei no ônibus alguém que há muito não via. Por coincidência, minha poltrona era ao seu lado. Olhei, de forma estrranha, e percebi que a conhecia de algum lugar. Ela me reconheceu. “a gente se conhece de algum lugar”, eu disse. “estudamos juntos”, respondeu, “da quarta pra quinta série”. Minha memória, embora tenha percebido que a conhecia de algum lugar, é horrível. Não a havia reconhecido nem me lembrava dela. Inás, seu nome. Ela se lembrava, até demais, de mim. Foi um interessante reencontro. Constrangedor e engraçado, realmente hilário, pelas recordações de como eu era quando pré-adolescente. Como tenho sérios problemas de memória, ela me lembrou de muitos momentos do passado. Como disse, constrangedores e engraçados. Eu era obcecado por cinema e dizia que queria ser diretor de cinema. Viva falando de Spielberg e de Jurassic Park, meu filme preferido (na época). Era arisco com as pessoas. Hahaa. Parece que meu jeito anti-social já vem desde a muito. Diz ela, eu não lembrava mas acredito, eu sempre brigava com quem eu tinha que fazer trabalho junto. Eu era contrarário aos outros e dizia, em voz alta, que estavam errados. Parece que minha tendência a antítese também já vem há muito. Rsrss. Foi interessante lembrar. Triste, se for pensar em aspectos mais profundos. Mas no momento rendeu boas risadas. Constrangedor e engraçado.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Sobre o politicamente correto

Não gosto nada do politicamente correto. Acho que faz mais mal do que bem. Agora estão com mania de colocar "homem e mulher" nos textos. Ora, minha recomendação para essas pessoas é que aprendam a ler e escrever, aprendam portugues. A expressão "homem", no idioma de Camões, pode significar também humanidade ou o ser humano. Ponto. Não se trata de ser machista, mas é um dado da lingua. Estou longe de ser um sausseriano, que encara a lingua como um sistema fechado a mudanças. Pelo contrário, gosto de Bakhtin e da noção de construção social. Sim, a linguagem que usamos é fruto de um fruto histórico determinado pela nossa sociedade. A expressão homem como humanidade é fruto desse universo machista do nosso passado. E daí? Não importa tanto o passado da lingua, mas seu uso social. Hoje, ao se dizer "homem" todos entendem humanidade, então para que querer mudar a lingua? Igual o caso do "lado negro". Ah, faça-me o favor, viu?!

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Por que o lugar do PSDB não é no governo

O lugar do PSDB é na oposição. Não por que façam oposição responsável ou saudável, pois não o fazem.  Não faço apologia para que se vote na oposição para o legislativo, de forma alguma. Apenas digo que o lugar do PSDB é na oposição pois não pode ser no governo. O PSDB não pode, ou não deve, ser governo não apenas (embora também) por seu fracasso na administração econômica, mas por causa de um importante elemento da teoria democrática. A mídia, representada no Brasil ainda majoritariamente pela televisão, funciona como um guardião do que é público, visível. Apenas aquilo que está na mídia é visível, público. Como sabemos, Bobbio define a democracia como “o governo do poder público em público”, ou seja, do poder do que é de todos de forma visível. A mídia, no Brasil (não apenas as televisões mas as revistas de maior circulação, além de outros meios de comunicação), é majoritariamente ligado aos tucanos, aos grupos políticos, quando não aos próprios políticos, do PSDB. Não digo isso por achismo; existem diversos estudos científicos, acadêmicos, que demonstram objetivamente e com dados essa relação. São vastos, não é necessário citar. Como poderia, num governo tucano, a imprensa tucana, denunciar os tucanos? Não poderia. E não digo isso tentando adivinhar; basta olhar para o passado para averiguar isso. Por muitos anos, no governo tucano de FHC, todos, todos, os veículos de comunicação foram coniventes e esconderam do público o filho secreto e fora do casamento que o presidente tucano tivera com uma jornalista da rede Globo, assim como também o fato que ambos viviam, sustentados pelo presidente, na França, longe do alcance dos olhares. Hoje, está mostrado e reconhecido pelos próprios, todos sabiam, mas nunca a informação veio a público. Quando Carta Capital divulgou a informação, ninguém repercutiu, como se a noticia não existisse. Escandaloso. E completamente cotidiano. No atual governo, petista, a relação se inverte. Denuncia-se tudo, até o que não existe. A maior parte mentira, invenção. Mas também alguma coisa real. Cumpre-se, ainda que mal, a função básica do jornalismo. Apenas com um governo petista, tendo o PSDB na oposição, e a mídia junto, é que pode se completar o ciclo que constitui a democracia, com o jornalismo vigiando o governo. No Brasil, a mídia tem (ou é) um partido político, e ela deve ser mandada para a oposição para que possa cumprir seu verdadeiro papel. 

Verificando fontes

Meus amigos sempre se irritaram, e continuam se irritando, com uma mania que tenho: perguntar a mesma coisa para várias pessoas, para diferentes pessoas. Quando perco alguma aula, por exemplo, procuro saber o que foi dado e se há algo a ser feito não apenas com uma pessoa. É comum, pouco depois de ter obtido uma resposta, perguntar a outra pessoa, diferente. “Pô, você não confia na gente?”, dizem. Curioso que só algum tempo atrás que percebi por que faço isso, embora já faça há muito tempo. Trata-se do principio das fontes do jornalismo. Uma informação nunca deve surgir de uma única fonte, mas deve ser verificada com outras fontes, que podem fornecer outros aspectos da informação. Trata-se de uma coisa um tanto natural. As pessoas tendem a filtrar informações e dizem aquilo que julgam relevante, mas diferentes pessoas com diferentes filtros podem fornecer um quadro mais amplo, geral, e mais completo. Por causa, inconscientemente, do principoio de verificação da fonte que pergunto a mesma coisa para diferentes pessoas, para ter um quadro mais amplo. Não se trata de não confiar, mas de ter essa perspectiva geral. Emprego esse princípio não só na profissão, mas na vida. 

domingo, 12 de setembro de 2010

O passado presente

Tendemos, na academia, a tomar que, uma vez que algo é considerado ultrapassado, todos também assim o considerem. Não é, no entanto, o que ocorre. Podemos considerar coisas ultrapassadas e não mais as praticarmos, mas não significa que socialmente tais praticas e mentalidade também sejam abandonadas. Semana passada vivi dois exemplos que demonstram isso. Como aprendi (ou nem tanto) que não devo falar das pessoas que conheço, não falarei sobre o que vivi, mas contarei duas histórias ficticias, que não existiram, tá?
Laswell e seus amiguinhos, lá pelos anos 1920, formularam uma teoria da comunicação que hoje sabemos ultrapassada. Não levava em conta o receptor e sua vontade. Para Lasswell, se a mensagem que o meio de comunicação enviou não atingiu o alvo ou não gerou resultados teria sido por causa de algum "ruido na comunicação", expressão que se tornou célebre, e não por causa da eventual discordância sobre o conteúdo. Hoje, com Barbero e tantos outros, sabemos que não é bem assim; as pessoas têm vontade e podem discordar. Ano 2010. Pessoas se reúnem para organizar alguma coisa. Em um número médio de pessoas, eventualmente há divergências que são postas em discussão pelo grupo. Um sujeito, A, quer uma coisa. Os outros, um de cada vez, expõem seus argumentos contrários. Mas o sujeito A não se conforma, e explica denovo, tentando convencer. Novamente todos se pronunciam contrários. Mas o sujeito A não aceita, repetindo "Eu não consegui explicar direito. Vocês não entenderam". Lasswell na veia. Se os outros discordam, não é por que têm vontade e podem discordar, mas por que ele não conseguiu explicar bem, por que houve algum ruido na comunicação.
No século XVIII, Luis XIV disse "o estado sou eu". O rei era o Estado. O absolutismo também gerou coisas como o patrimonialismo, estudado em Portugal e no Brasil por Raymundo Faoro, em que as fronteiras entre público e privado eram nulas. O governo não existia separado da vontade do governante. O governante era o governo. Ano 2010. Uma pessoa, presidente de uma associação, diante de uma sugestão para fazer certa ação com a associação, responde "não faz meu estilo". Noutra ocasião, na organização de outra ação, que não a motiva, esqueçe e não se empenha, até que essa desande e fracasse, pois não lhe interessa. O governo é o governante.
Pois é. O passado, muitas vezes, está e é o presente.

sábado, 11 de setembro de 2010

Viva o 11 de Setembro!




"Primeiro, temos o fato de que o terrorismo funciona. Ele não falha. Ele funciona. Violência geralmente funciona. Essa é a história do mundo. Em segundo lugar, é um erro de análise muito sério dizer, como comumente é dito, que o terrorismo é a arma dos fracos. Como outros meios de violência, ela é, surpreendentemente e principalmente, na verdade uma arma dos fortes. Tem-se como verdade que o terrorismo é principalmente uma arma dos fracos porque os fortes também controlam os sistemas doutrinários e estes afirmam que o terror dos fortes não conta como terror. Agora, isso está perto de ser universal. Eu não consigo achar uma exceção histórica, mesmo os piores assassinos em massa viam o mundo desta maneira. Veja o caso dos nazistas. Eles não estavam a realizar terror quando estavam ocupando a Europa. Eles estavam a proteger a população local do terrorismo dos partisans. E, à semelhança de outros movimentos de resistência, o que existia era terrorismo. E o que os nazistas estavam a praticar era o contra-terrorismo"
Noam Chomsky

Te desafio, por um instante, a pensar: quem são os verdadeiros terroristas?

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Um cão

Esta manhã vi um cachorro ser atropelado pelo ônibus. Ao embarcar na minha jornada diária de Matinhos a Curitiba, sentei-me na poltrona numero 3, na frente, que tem uma visão ampla do painel do ônibus, em perspectiva semelhante à do motorista. Logo após me acomodar, e antes que tivesse tempo de fechar os olhos para embarcar em meu sono, vejo um vulto negro cruzando, do nada, em frente ao ônibus. Seguem dois sons, em seqüência e abafados. O corpo do animal batendo contra a frente do ônibus e depois no chão, recaindo por debaixo do ônibus enquanto este seguia. O motorista olhou rapidamente para o lado, pela janela, tentando ver algo, mas seguiu. Nada podia fazer, o animal cruzara do nada em sua frente. Não sei o que houve com o cão, mas só posso presumir que ficou estirado no chão. Não se ouviram grunhidos, gemidos ou latidos. Deve ter sido rápido. Vi no rosto do motorista a mesma expressão minha: triste, mas seguindo, afinal, nada podia ser feito. Assim ocorre na vida, muitas vezes. Seguimos, lamentando, que nada podemos fazer.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Democracia e internet (Ou: Sobre Tocqueville e a neutralidade da rede)

Quando Tocqueville chegou aos Estados Unidos encantou-se com a organização da democracia que encontrara. A democracia norte-americana do século XIX não é a mesma democracia de hoje. Como ocorre a alguns conceitos da sociologia e da filosofia, perdeu-se e distorceu-se através do tempo o que é a democracia. A democracia de que Tocqueville escreveu assentava-se essencialmente sobre a igualdade. Igualdade também é um conceito que foi distorcido. No novo mundo descrito por Tocqueville, todos tinham as mesmas condições de trabalho. Todos chegavam a partir do mesmo ponto, e tinham iguais condições de batalhar pelo trabalho, pela vida. Isso era a igualdade de Tocqueville: igualdade social, sem classes. Bem diferente da igualdade formal perante a lei, como é interpretado hoje o sentido de igualdade, não é mesmo? Aquilo que Tocqueville chamou igualdade é hoje chamada equidade, e é associada a ideais de esquerda, mais próximo do socialismo do que da democracia liberal (outro conceito distorcido com o tempo). Seja como se queira chamar, igualdade em Tocqueville ou equidade na modernidade, são as reais condições de igualdade social para lutar por algo que propiciam a verdadeira democracia. 
Contemporaneamente, é possível fazer um paralelo muito interessante com a internet e uma coisa chamada princípio de neutralidade da rede. Peço licença aos que já sabem do que se trata para explicar ao eventual leitor que não saiba. Grosso modo, o principio de neutralidade da rede refere-se ao fato que, na internet, não há distinção ou prioridades entre os pacotes de informação que circulam na rede. Ou seja, não há classes, como na democracia de Tocqueville. Quando um sujeito normal ou uma empresa multinacional enviam um pacote pela rede (desde o simples clique para abrir um site até o upload de bases de dados são pacotes de informação) não há distinção de prioridades. Ou seja, ambos são tratados de forma igual, tendo sua velocidade limitada apenas pelos eventuais planos de conexão que assinem. Também não há distinção quanto aos destinatários. Esta é talvez a principal bandeira, que começa a ser ameaçada. Quando alguém clica para abrir meu blog, este blog, um desconhecido, ele abre com a mesma velocidade se o sujeito tivesse clicado para abrir a página do UOL ou do Google, tendo, novamente, sua velocidade limitada somente pela sua conexão e eventualmente pelo peso do site (quanto mais informações, como gráficos, mais pesada é a página). Há, atualmente, uma onda no sentido de restringir essa chamada neutralidade, possibilitando às operadoras de serviço na internet vender pacotes de prioridades. Significa dizer que quem compre pacotes de prioridade terá seus sites abertos mais rapidamente que aqueles que não os tenham. O UOL passará a abrir mais rápido que meu blog. Algum desavisado poderá enxergar benefícios nisso. Não há, e por isso os militantes da internet lutam contra tais medidas. Recentemente, o Chile foi o primeiro país do mundo a garantir em lei a neutralidade da rede. A partir desse paralelo podemos dizer que a internet é, hoje, com essas condições, algo similar à democracia que Tocqueville encontrou ao chegar na América no século XIX. Um campo de iguais possibilidades para todos, sem classes. Querem fazer com a internet o que fizeram com a democracia. Criar desigualdades e mascará-las sob uma igualdade formal, que difere muito do conceito original. Perdemos no tempo o conceito do que é democracia. Ainda nos resta rasgos de igualdade virtual.

I Encontro de Blogueiros Progressistas no Paraná

Conforme já publicado, aqui, segue release sobre o I Encontro de Blogueiros Progressitas no Paraná, do qual este signatário faz parte da organização.

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A cidadania ativa na Internet : o caráter revolucionário dos blogs. O desafio do Paraná”

Os blogueiros residentes no Paraná presentes ao I Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, em 22 de agosto formaram um Comitê para organizar o I Encontro Estadual dos Blogueiros Progressistas no Paraná – EEBP-PR.
O I EEBP-PR “A cidadania ativa na Internet : o caráter revolucionário dos blogs. O desafio do Paraná” será realizado nos dias 26, 27 e 28 de novembro de 2010, em Curitiba. Será também a etapa estadual de preparação para o II Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas que acontecerá em 2011.
O Encontro Estadual tem como objetivos:
  • disseminar o fenômeno dos blogs no Paraná
  • ampliar o número de agentes ativos na blogosfera como forma de aprofundar o conteúdo de cidadania da internet.
O EEPB-PR é um espaço aberto destinado à aproximação de blogueiros, twitteiros e sites progressistas e independentes de todo estado, onde se buscará fortalecer a rede virtual e horizontal em criação no Paraná.
Assim como o Encontro Nacional realizado em São Paulo, o paranaense será um espaço supra-partidário, onde os blogueiros, twitteiros e sites independentes, os movimentos sociais, populares e sindical, jornalistas e ativistas das causas sociais, debaterão:
  • A liberdade de expressão, Internet e Aspectos Jurídicos;
  • A Internet, a Cidadania e os Movimentos Sociais;
  • Papel dos Blogs,Twitter e outras Ferramentas;
  • Estratégias de Formação de Cidadãos Ativos e Conectados na Internet, Alfabetização Digital e Adensamento das redes;
  • Blogs: conteúdo prioritário do Jornalismo, da Informação e da Opinião.
A Democratização das Comunicações, a Liberdade de Expressão, os Planos Estadual e Nacional de Banda Larga (PEBL e PNBL), a Neutralidade da Internet, são temas vitais para construção de um Paraná Autônomo, Livre, Plural e Democrático para todos os que aqui vivem.
O EEBP-PR ainda contará com Oficinas Práticas, com “aulas” de Blogosferização – orientação e suporte à criação e uso de blogs – para associações de moradores, movimentos populares e sindicatos.
Os Defensores da Liberdade de Expressão e da Democratização dos Meios de Comunicação no Paraná mostrarão a força da parceria entre movimentos sociais, sindicatos e blogueiros independentes.

Acesse nosso blog coletivo http://paranablogs.wordpress.com/, acompanhe as novidades e ajude a organizar o Primeiro Encontro Estadual de Blogueiros Progressistas no Paraná.

Fazem parte do Comitê Organizador do I Encontro de Blogueiros Progressistas no Paraná:
http://amigosdatvbrasil.blogspot.com/
http://cadernosdagraciosa.blogspot.com
http://engajarte-blog.blogspot.com/
http://maisdeumbilhaopassamfome.blogspot.com/
http://midiacrucis.wordpress.com/
http://mvtvcom.com.br/
http://www.tie-brasil.org/
http://tribunasetoreletrico.blogspot.com/
http://vivasamas.wordpress.com/

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Sobre questões locais (Ou: analisando dados)

Embora more aqui no litoral do Paraná e goste de política, não estou engajado na política local. No entanto, tenho amigos que estão. Ouço suas ponderações e comentários. Alguns geram boas reflexões, como a que pretendo fazer hoje. Na disputa para deputado estadual há dois candidatos, de Paranaguá, que reivindicam a bandeira de representar o litoral. São eles Roque e Alceuzinho. O que escrevo, é inspirado pelos comentários desses amigos. Como não há pesquisa de opinião para deputado, vou tomar seu feeling como termômetro mais ou menos correto do cenário eleitoral. Segundo dizem, Alceuzinho é bem mais forte que Roque. Roque, por sua vez, tem seu rincão eleitoral de votos. Paranaguá, dizem, tem “força” suficiente para eleger, sozinha, um deputado. São dados objetivos e o simples encadeamento de tais dados faz com que sejam tecidas análises de que Alceuzinho se elegerá. No entanto, fazer esse encadeamento lógico trata-se de um erro primário. Nas eleições legislativas, há que se levar em conta outros fatores. Fui buscar os dados para lastrear o ponto que quero demonstrar. 
Primeiro, entrei no site do TSE, aqui, para buscar dados sobre suas candidaturas. Alceuzinho, ou Alceu Maron, pertence ao PPS, que não tem coligação e vai ao pleito sozinho, concorrendo sob o número 23.333. Roque, ou Mario Roque, vai ao pleito filiado ao PMDB, que por sua vez compõe coligação junto com PT, PDT, PR e PC do B, e concorre sob o número 15.456. Também fui pesquisar dados sobre o estado do Paraná. Segundo consta, aqui, o Paraná conta com 54 cadeiras no legislativo estadual. Descubro também, aqui, dados (muito interessantes!) sobre o eleitorado paranaense. Pelos dados oficiais do TRE-PR, o Paraná conta com 7.601.553 (7 milhões e 600 mil) eleitores, dentre os quais 98.008 estão em Paranaguá. Parece que Paranaguá teria a tal força, não é mesmo? Vamos aguardar, que demonstrarei por que esse argumento está errado.
Abre um parênteses muito importante para explicar como funciona a eleição. No sistema eleitoral brasileiro, não basta ter uma boa votação ou ser o preferido do povo. Depende-se de outros fatores. Muitas vezes, quem tem menos votos, se elege. Como? Deixe-me explicar. Nem preciso dizer que tudo que estou falando é a respeito das eleições legislativas, né? Pois bem. A eleição não é majoritária (o mais votado vence), mas proporcional. Vou explicar em termos objetivos. Embora as pessoas acreditem que estão votando em candidatos, elas estão votando nos partidos. Lindo isso, não? Sério, é uma coisa realmente bonita. No Brasil, quem elege o deputado é o partido ou coligação (por isso, inclusive, o STF decidiu pela “implementação” da fidelidade partidária). Após apurados todos os votos, e se jogarem no lixo os brancos e nulos, que não servem para nada, obtém-se o quociente eleitoral, que é a divisão dos votos válidos pelo número de cadeiras em disputa. O quociente eleitoral é o número mágico. Os partidos que atingirem esse número têm direito a eleger um deputado. Vamos trabalhar com os dados puros (totais) do estado do Paraná. São 7.601.553 votos paranaenses, divididos pelas 54 cadeiras da assembléia legislativa, que totaliza 140.769 votos como quociente eleitoral. É evidente que, na prática, o quociente eleitoral é bem menor, dado o número de abstenções e de votos branco e nulo. Nesse exemplo hipotético, cada partido ou coligação que atingisse 140 mil votos elegeria um deputado; se o partido atingisse 280 mil votos, elegeria 2 deputados; se fizesse 420 mil votos, elegeria 3 deputados, e assim por diante... (a coisa complica quando "sobram" cadeiras, mas esse não é tema de hoje. Uma boa e didática explicação sobre isso pode ser encontrada aqui). A questão é: não é preciso o sujeito, em si, obter todos esses votos, mas sim o partido/coligação, e por isso é essencial estar num bom partido. Para se eleger, são fundamentais duas coisas: estar em um bom partido, que obtenha uma boa votação, para eleger vários deputados, e assegurar que o candidato se posicione bem dentro da lista do partido. Embora não usemos esses termos, o voto em lista aberta já existe no Brasil. É ele que praticamos a cada eleição. Votamos no partido, e o que fazemos, ao escolher algum candidato, é ordená-lo dentro da lista do partido, como seu preferido. Os candidatos ordenados acima, na lista do partido, são os que obtêm mandato. Salvo raras exceções, de candidatos que conseguem se eleger com votos próprios em qualquer partido que estejam, todos precisam dos votos do partido para conquistar o mandato. Por isso, eventualmente, um candidato A que teve menos votos que B pode se eleger enquanto B, que teve mais votos que A, não se elege. Depende de seu partido e coligação. Isso soa estranho? Acha que estou falando sobre exceções, um cenário possível matematicamente mas que nunca acontece? Se acha isso, se surpreenda, pois é algo que acontece em absolutamente toda, toda eleição para o legislativo brasileiro (aqui, uma tabela interessante, que mostra os eleitos para a assembléia em 2006 com menos votos do que muitos que não foram eleitos). É uma característica própria desse sistema. Ia dar um exemplo hipotético, mas acho que a ilustração vai ficar melhor com os candidatos reais. Para isso, antes, vamos voltar ao passado. 
Seguindo a tradição de que devemos olhar para o passado para enxergar o futuro, fui buscar dados sobre a última eleição para deputado estadual. No site do TRE-PR, a área sobre as eleições de 2006 está com o link quebrado, então tive que apelar a outras fontes. Através do Google, encontrei os dados que buscava no site do G1, portal de notícias da Rede Globo (taí um bom tema de debate: instituições privadas funcionando melhor do que instituições públicas). Segundos dados, aqui, em 2006, o PPS, coligado ao então PFL, conseguiu eleger 3 deputados estaduais (o companheiro de chapa elegeu 6). O PMDB, sem coligação, elegeu 17. A coligação encabeçada pelo PT elegeu 9, sendo 7 do partido. Se totalizarmos ambos, chegamos a 26. Também achei dados, aqui, das últimas eleições municipais em Paranaguá, em 2008, na qual, coincidentemente, Alceuzinho e Roque se enfrentaram. Resultado? Roque obteve 23.376 votos, enquanto Alceuzinho amealhou 15.930. O vencedor, Baka, teve 30.981 votos. 
Vamos trabalhar com essas bases, e algumas tendências já demonstradas pelas pesquisas de opinião, para analisar o cenário atual. Vamos partir do pressuposto que quem votou em Roque ou Alceuzinho para prefeito não mudará seu voto. Ainda que consideremos, uma hipótese um tanto utópica em termos práticos, que todos votos de Baka fossem tranferidos para Alceuzinho, ele iria a algo em torno de 45 mil votos. Mais do que Roque. Parece que poderia se eleger? Pois bem, e o coeficiente eleitoral, hein? O PPS está sozinho, não tem outros partidos para ajudar a amealhar votos, nem um "puxador de votos", como se chamam políticos célebres que elegem eles próprios e mais uns tantos só com seus votos. Alceuzinho teria todas condições de ser muito bem colocado dentro de seu partido, mas... mas seu partido não tem cacife eleitoral para eleger um deputado. Ainda que Alceuzinho esteja apoiando Beto Richa, o apoio é informal. Eles estão em coligações distintas, que contarão seus votos separadamente. Se o PPS estivesse na coligação de Richa, o cenário mudaria muito positivamente para Alceuzinho, lhe dando possibilidades de se eleger. Mas não é o caso. Agora vejamos o outro lado. Roque é mais fraco que Alceuzinho. Vamos assumir essa análise como verdadeira. Mesmo assim, tem mais chances de se eleger por causa de sua coligação. Os dados de 2006 já indicam uma predominância de PT e PMDB. Agora estão unidos, e ainda reforçados pelo PDT que tem o candidato ao governo. Sem dúvidas, a coligação estadual deste ano com perspectivas de eleger mais deputados. As pesquisas de intenção de voto ainda indicam que, afora os dados do passado, existe uma tendência de alta da ala governista. O PT deve bater seus próprios recordes. E, embora eu goste do PT, isso não é torcida; são dados. O desafio de Roque é posicionar-se bem dentro da concorrida lista do partido. Se conseguir isso, está eleito. Seu problema é o oposto ao de Alceu, que é bom dentro partido mas cujo partido não deve atingir o quociente eleitoral.
Vamos agora àquele exemplo que eu ia dar. Vamos imaginar um cenário, só pra se ter uma idéia do que pode, palpavelmente, acontecer. Digamos que Alceuzinho tenha os hipotéticos 45 mil votos que atribuímos a ele e Roque obtenha os mesmos 23 mil da última corrida pela prefeitura (esses números são puramente hipotéticos, para ilustração). Alceuzinho obteria, nessa hipótese, quase o dobro de Roque. Mas lembram-se que a eleição não é majoritária? Vamos imaginar que o PPS de Alceuzinho obteve, no total do partido, 100 mil votos. Para fins didáticos, estamos trabalhando com o quociente eleitoral do total do eleitorado paranaense, que é 140 mil votos. Logo, o PPS não teria direito a eleger nenhum deputado, a despeito da votação de Alceuzinho. Enquanto isso, vamos imaginar que a coligação de PMDB-PT-PDT, à qual Roque pertence, tenha obtido, após todas etapas da apuração e contagem das cadeiras, com aquele esquema complexo que está explicado no link anterior, obteve o direito às mesmas 26 cadeiras que conquistou na última eleição. Será realizado uma lista dos 26 candidatos mais votados dentro dessa coligação (e não nas eleições gerais), e serão este que terão o direito a assumir a vaga de deputado. Agora imaginemos uma situação muito comum. Desse recorde de votos que a coligação conquistou, mais da metade veio dos dois ou três primeiros, mais famosos. A partir do quinto, o percentual de votos dos candidatos vai caindo e se "banalizando". Se Roque tiver ido bem em comparação a seus adversários de chapa, pode perfeitamente ficar entre os 20 mais votados. Por causa do quociente partidário, estaria eleito, mesmo com metade dos votos de seu adversário. Interessante nosso sistema, não é mesmo?
Isso vai acontecer? Muitíssimo provavelmente não com esses números pois são apenas um exemplo, uma ilustração. Mas é essa tendência que o cenário aponta: Roque com bem mais chances de se eleger, ainda que mais fraco, devido a coligação, do que Alceuzinho, cujas chances de eleição são pequenas devido ao mesmo fator. Claro que posso estar errado, claro que Alceuzinho pode se eleger. Matematicamente, tudo pode acontecer, mas estou fazendo uma análise fria e não partidária dos dados (não tenho nada a ver com nenhum deles). Sei que o próprio Alceu deve ter alguém na campanha que já lhe deu consciência disso. Ao menos, espero que tenha, senão seria muito amadorismo. É obvio, também, que analises do gênero não são tornadas públicas, afinal, há que se passar a imagem de vitória, que mobilizar a militância. Mas penso que, estratégicamente, não adianta negar a realidade. Aceitar as limitações, como o fato de ter um partido/coligação ruim de votos, é o primeiro passo para construir estratégias para se contornar as limitações. Aí entra uma reflexão pessoal sobre meu ser. Não consigo ser o sujeito que nega a realidade e vai para as ruas dizer que "nosso candidato vai ganhar". Sem deméritos a quem o faz; esse é o papel dos militantes. Papel importante e fundamental numa campanha, mas que não o meu. Encaixo-me melhor em um papel estratégico, de quem analisa os cenários e, sem negar as limitações, traça as estratégias para contorná-las, dizendo para as pessoas se mobilizarem. Sem deméritos, apenas uma questão de papéis. Para encerrar, vale ressaltar o significado de uma candidatura. Não se candidata apenas para se eleger, isso é sabido. Candidaturas podem ter as mais diversas motivações, objetivos e resultados. O sucesso de uma candidatura, portanto, deve ser considerado levando em conta seus objetivos. Uma candidatura pode ser para preparar terreno, para futuras eleições. Pode ser para conquistar espaço, seja interno, no partido, seja junto ao eleitorado. Pode ser para depois reivindicar cargos, fisiologicamente. Ou pode ser para levantar e defender bandeiras, ideologicamente. Há muito por detrás de candidaturas e não somente a eleição. Esta é apenas a esfera aparente das relações estruturais de poder.

Considerações sobre o comício de Osmar Dias

Hoje, dia 06 de setembro, houve aqui em Matinhos um comício de Osmar Dias, que incluiu Gleisi Hoffmann, Orlando Pessutti, entre outros. Requião, cuja agenda no site oficial marcava comparecimento, não apareceu. Como estudante de comunicação e com olhos analíticos, tenho algumas considerações a tecer. 
Interessante observar algumas estratégias de comunicação. Uma delas, o fato de ter muitas, muitas pessoas, devidamente identificadas, portanto e agitando bandeiras. Realmente muitas, até ostensivamente. Há duas interpretações possíveis, que variam conforme a pessoa. Uma positiva, de fortalecer a marca, que a campanha estaria forte. Outra negativa, que passaria a imagem da necessidade de fazer campanha ostensiva. É variável. Pude observar algumas pessoas que estavam à paisana, mas se dedicavam a também agitar bandeiras. Creio que também eram contratadas, mas estavam à paisana. Se isso for fato, é uma estratégia muito boa, pois passa a imagem que as pessoas também estão engajadas, pegando e agitando bandeiras. Isso leva outras pessoas, realmente público, a também aderir à prática. Psicologia básica. Ponto positivo.
Por falar em marca, me lembro de falar da marca de Osmar. É seu nome, Osmar, escrito em laranja e verde, com uma divisória em linha horizontal, coisa mais do que básica feita no photoshop. O fundo varia, às vezes branco, mas quase sempre também num outro tom de laranja. O laranja predomina. Agora entro numa seara da qual me interesso mas não tenho domínio pleno (alguns amigos o têm): a semiótica. Minha análise: o predomínio da cor laranja remete à agricultura, às plantações. Osmar é notoriamente ligado ao setor agrícola. Aqui, minha crítica à Osmar é a mesma que faço a Marina Silva. Quando o candidato jé é identificado a determinado setor, não há absolutamente nenhuma necessidade de se reforçar essa imagem. O que o candidato precisa é mostrar que domina também outros assuntos e, até em certa medida, dissociar-se daquela imagem para não ter cara de candidato de discurso único (estou falando do executivo; para o legislativo, o discurso único funciona). Portanto, assim como não faz sentido Marina Silva falar sobre ecologia (todo mundo sabe que ela é a candidata da ecologia), não faz sentido Osmar falar sobre agricultura (todo mundo sabe que ele é da agricultura). Ele tem sim que exaltar seu curriculo. Não há demérito nisso. Mas não se prender a somente um discurso, até mesmo em sua logo.
Por falar em discurso, vamos entrar numa seara que gosto, análise do discurso. Discurso, não da fala, mas dos atos e atitudes (estes também são discursos). O comício foi realizado aqui em Matinhos na segunda-feira, dia 06, véspera do feriado de 7 de setembro. O que isso diz? Qual a mensagem que passa? Ora, que o povo do litoral não importa. O comício só é realizado na véspera do feriado, quando a cidade está lotada de turistas. É a esse público, conjuntamente, que se quer atingir. Se eu fosse o coordenador de comunicação da campanha não faria diferente, afinal, tem-se que garantir público no comício e se puder matar dois coelhos de uma vez, melhor. Mas que esta é a mensagem que passa, é. Mas, sejamos sinceros, o grande povo não compreende isso. Então sigamos em frente. 
Outra ferramenta de comunicação muito interessante é algo que já havia visto antes, mas nunca comentei. Não sei exatamente como se chama, mas existe "posters" em tamanho real, do Lula, feitos em um papelão duro. Daqueles que existem com famosos. As pessoas podem se achegar a eles e tirar fotos, tal como se fosse o sujeito real. E por que isso é uma ótima ferramenta de comunicação? Nada a ver com Osmar, mas reifica a imagem de Lula como um astro, um ser superior, um mito. Ótima ferramenta para esses objetivos.
Mas vamos ao ato em si. Carros de som passavam pelas ruas, anunciando o troço para as 6 da tarde. Na agenda dos candidatos na internet, marcava 8 e 8:30. Coitado de quem não tem internet e acreditou no carro de som, né? Ficou esperando... Tudo bem que existe o pressuposto do atraso, mas... O ato foi montado em parte da praça central, que dá para a avenida Maringá. Na praça, em si, existiam um monte de barraquinhas e talz, das comemorações do feriado de 7 de setembro, creio eu (se não isso, alguma festa local). Uma coisa se imiscuiu na outra. Não é lá muito ético, mas uma boa jogada. Fui às 8:00, e tinha pouca gente. Voltei pra casa, visto que moro a cerca de quatro quadras apenas (uns 8 minutos, a pé).
Retornei próximo de 9:00. Um deputado qualquer falava, anunciando os demais. Cheguei na hora certa. Gente, um pouco mais que antes, mas nem tanto. Não há muito o que comentar nesse quesito. Ou melhor, há. O nome de Requião não foi citado uma vez sequer. Osmar, Pessutti, todos, falavam "nossa coligação, Dilma, Gleisi e Osmar." Ignoravam solenemente Requião. Osmar, ao dizer que continuaria com o programa do leite (para os pobres, algo assim, não sei direito), referiu-se ao "governo do Pessutti". Requião não foi sequer citado, uma vez sequer. Ele não está na campanha, e isso me deixa ainda mais leve e livre, quanto aos presentos compromissos que haveriam. Achei uma postura muito ruim.
Osmar, em si, detém uma postura ruim. Quando disse que Dilma se elegeria e que "nós somos a única candidatura que pode entrar pela porta da cozinha, para trazer recursos ao Paraná" filiou-se a uma idéia de malandragem, de corrupção. Ainda que a realidade seja assim, penso que certas (com)posturas devem ser mantidas. Negou, naquele instante, todas as vias institucionais que garantem a relação união-estado, quaisquer que sejam os governantes. Política pequena, essa que ele propõe.
Meu voto vai se consolidando. Ou melhor, meu não-voto vai se consolidando. Em Osmar, definitivamente não votarei. Ele não consegue dizer uma frase sem que, para mim, soe falsa ou hipócrita. Como já escrevi, a união de Lula com Sarney e Collor é justificável, pois dos outros tempos para hoje, mudou o mundo e muitos rios já correram pelas pontes, mas a união com Osmar Dias, para mim, não é justificável, ainda que eu saiba que política se faz com pragmatismo e alianças. Mas pense bem, eleger um Dias novamente para o Paraná é colocar o Paraná no atraso. É o mesmo pessoal que está aí, desde há tempos. Richa, bem ou mal, é algo novo. Não que o novo, em si, seja bom. Rodrigo Maia e ACM Neto são "novos" mas jamais sonharia em votar neles. Richa, no entanto, representa algo mais ou menos novo, que ainda não se demonstrou, efetivamente, nem ruim nem bom. É justo lhe dar uma chance. Desculpe-me meu amigo Carlos, e seu parentesco êmedebista, desculpem-me meus amigos socialistas, que querem derrotar o tucano só por ser tucano (não consigo pensar assim), mas, apesar de ser petista, em Osmar não voto.