Hoje serei breve pois estou com preguiça de escrever.
Estava domingo eu no onibus, voltando de Curitiba para Matinhos, e, na poltrona sentada ao meu lado, havia uma senhora e uma menina, que deduzi, pelas aparencias, serem ou avó e neta, ou tia e sobrinha (a senhora não mostrava postura de ser mãe dela, mas nunca se sabe). A menina deveria ter uns 10 anos, mas sou péssimo para essas definições, logo, devo estar errado, mas isso não importa. Ouvi a conversa, e foi interessante, pois me gerou algumas reflexões. A senhora dizia para menina "Você tem que estudar, pra conquistar seu dinheiro, comprar seu apartamento, seu carro. Pode até ajudar as amigas, mas aí é você que vai colocar elas dentro da sua casa, e não você na casa delas. Você deve mandar o pau, e não ser o pau mandado. [...] Mas também tem que ver certinho o que você quer ser... não adianta fazer veterinária se quer ser ginecologista, não adianta fazer medicina se quer ser arquiteta. Igual a ... (nesse momento falou um nome feminino - não lembro qual, e também não importa, né?). Ela fez seis faculdades (acho que o número era um exagero, uma hipérbole da senhora) e tá fazendo o que? Cuidando de uma lan house. Não adianta estudar para não fazer nada com isso. Tem que ser alguém na vida"
Pois bem, lá vamos nós.
A exposição fala por si, acho que nem preciso comentar muito, né? A gente tem que fazer sucesso, tem que progredir. Por quê??? Qual o problema de fazer seis faculdade e cuidar duma lan house? Por que incutir na cabeça de uma criança uma mentalidade tão predominante? Por que ser alguém na vida está ligado a ter seu carro e seu apartamento? Que tipo de lógica é essa? Me lembro da Hilda, professora de Empreendedorismo, dizendo que "tem gente que nasceu pra ser mandado, que diz: prefiro ser mandado. Se você é assim, nenhum problemas, mas se você quer progredir, quer fazer alguma coisa, você tem que inovar, empreender, bla-bla-bla". Ela falava em tom pejorativo, como se essas pessoas fossem menos que as outras. Que merda de raciocinio é esse? Tudo bem que independencia, todos de certa forma queremos. Sem independencia financeira, não pode-se excercer a liberdade, e por isso acho que o estado deve ter papel interventor nese sentido, como por exemplo, a proposta da renda básica de cidadania, projeto do Senador Eduardo Suplicy parado há mais de 10 anos, que garante um mínimo de renda, pago pelo governo à todos os cidadãos brasileiros, para que possam exercer sua liberdade e sua cidadania. Idéias como essa opõem-se frontalmente ao sistema capitalista. E por que essa mentalidade predadora do capitalismo prevalece? Quero dizer, que tipo de mentalidade é essa?
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