Eu tenho que confessar uma coisa. Não é uma coisa bonita de se falar, nem agradável. Não me orgulha. Mas devo confessá-la. Vez por outra, eu assisto ao Big Brother. Sim, isso mesmo. Não que fique acompanhando, mas na terça, às vezes, ligo para saber o eliminado. Curioso que todas as demais versões, não acompanhei. Esta, me atraiu a atenção principalmente pela participante Elenita. Nem sabia de sua existencia até meu amigo Werlich comentar certo dia, no twitter. Ela é doutora em linguistica, e dá, entre outras coisas, aulas de análise do discurso. Me interessei por isso. Depois, também achei interessante o jeito rude e bruto sem meio-termos que o participante Dourado lida com os outros na casa. Vi poucos, pouquissimos episódios, e agora que Elenita foi eliminada, minha atração pelo programa também foi junto. Mas algo me chama a atenção para a Elenita. Todos (as pessoas, de uma forma geral) estão fazendo piada, por, supostamente, considerarem ela gorda e tal. Nem vou entrar no mérito do abalo emocional que é ter essa alcunha nos trendding topics (tópicos elevados, palavras mais citadas) no twitter. Quero falar sobre o conceito de beleza da mulher.
Ora, por que a necessidade de se incutir um padrão de beleza? Quem decidiu o que é belo, e o que não é? A Elenita não é magra como o padrão impõe, mas também está longe de ser gorda. Ao sair, fez uma piada que a playboy nem deveria perder tempo a procurando, e isso foi motivo de piada de várias pessoas, de que a playboy não iria mesmo procurá-la. Lembrei de Fernanda Young ano passado, que, fugindo do padrão de beleza reinante, teve coragem de posar nua. Aí vem esse povo racalcado falar mal da Fernanda Young na playboy, assim como falam mal da Elenita. Pois digo que é nessas mulheres, imperfeitas, que está a verdadeira beleza da mulher. Me lembro de falar isso para alguns amigos, no ano passado, em um comentário qualquer à época do lançamento dessa revista, e riram de mim. Ora, não sabem o que é a verdadeira beleza feminina. Esta, não está na perfeição tão perseguida pelas mulheres. Perfeição não existe, e a beleza estéril, seja retocada por photoshop, seja conquistada por cirurgias e dietas e congeneres, é exatamente isso, estéril. Nada significa. Não me atrai de forma alguma. A verdadeira beleza da mulher está justamente em sua imperfeição, que demonstra sua humanidade. Está em Fernanda Young, e nos ditos quilinhos a mais de Elenita. Lembro que, semestre passado, nas rodas de conversa no mercadorama, meus amigos admiravam-se da beleza de Carol, professora de editoração gráfica, e quando disse que, para mim, a professora mais atraente (ou pelo menos uma das mais atraentes) era a Adriana, viram-se indignados, senão abismados. Ora, uma, ao menos aparentemente, não tem sal, apesar de ser bela fisicamente, enquanto a outra tem alma. (será essa uma constante em todas as professoras de análise do discurso? haha). Não consigo dissociar a alma da mulher, quando adimiro alguma, e por isso é dificil para mim julgar apenas fisicamente, como todos fazem. A beleza da mulher está em mais do que apenas seus aspectos fisicos (todos relativizáveis, enquanto conceito subjetivo de beleza) mas em seu jeito de portar-se, de agir, de pensar, em sua personalidade e em sua alma. Por isso acho Elenita muito mais bonita que todas as outras perfeitas e estéreis figuras daquela casa, por isso acho Fernanda Young muito mais bonita que qualquer outra beleza estéril que tenha posado para a Playboy. A beleza da mulher está em sua alma.
Um comentário:
Eu acho a alma da Fernanda Young pouco atraente. Acho a Elenita desinteressante justamente pela alma. Desconsiderar a alma da Carol é preconceito seu. Mas, no geral, concordo contigo.
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