terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Carnavais

Os carnavais sempre foram marcantes em minha vida, de uma forma ou outra, por mais curioso que isso seja. Sempre gostei do carnaval em si, nem sei direito bem por quê. O carnaval teve uma grande importancia em meu reestabelecimento de um elo com o mundo real. Acredito que, boa parte, gostava do carnaval (e acredito que é o por que as pessoas, ao menos em parte, gostam) por ser uma espécie de catarse. A expiação dos sentimentos, a realização temporária dos desejos não manisfestos da vida. Este ano, como diria o sábio Akira, "num tô nas pira". Ou seja, não estou ensejado no movimento para curitr o carnaval. Nem é por tristeza, desentusiasmo ou algo assim, apenas não senti vontade, gosto. Acho que estou aproveitando melhor meu tempo, fazendo as outras coisas que tenho feito esses dias. Acho que existem duas explicações para isso. Primeiro, acredito que para o carnaval se constituir como catarse, a distancia geográfica do lugar que você conhece é fundamental. No passado, a cidade era como que uma visita para mim, nada e ninguem conhecia. Apesar das referencias de ruas e lugares continuarem sendo uma grande incógnita (apenas por falta de locabilidade; nunca sei onde é o que, em qualquer parte) cruzo com pessoas nas ruas, que são meus conhecidos. Não que eu seja falso (acho que isso não se constitui como uma falsidade) mas não agirei em minha cidade, apenas por ser carnaval, de modo que não agiria fora dele. Tenho muito pudor e senso de responsabilidade para isso. Acho que isso, em parte, explica por que as pessoas viajaram para longe, no carnaval. Podem curtir, fazer o que quiserem, e depois abandonam o passado por lá, sem precisar conviver com ele. Em segundo lugar, penso que o carnaval só era tão atrativo para mim, durante uma época, por ser o momento da vida, por assim dizer, onde se podia experimentar viver, de certa forma como todos demais. Agora já vivo, e se vivo a vida que desejo todos os dias, que importa essa vida no carnaval? Já vivo as coisas que quero todos os dias, logo não preciso mais do carnaval para expiar o que quer que seja. Mas ainda há uma série de considerações a serem feitas sobre o carnaval. Semana passada, vi pelo twitter, um amigo do ctcom anunciar que ficaria bebado ao extremo, que não se lembraria de nada e pedindo (em tom jocoso) para que as pessoas depois lhe contém o que aconteceu. Não consigo entender as pessoas que ficam bebadas para privação de consciencia. Já fiz isso, mas ainda assim não consigo entender. Desde sempre olhei para as pessoas na rua, no carnaval, interrogando-me sobre a beleza que deveria ser os motivos pessoais que trouxeram cada pessoa àquele momento, para estarem reunidas naquele lugar. Em geral, pode-se generalizar certos motivos, e é a partir disso que se constrói a sociologia, como estudo das motivações sociais das atitudes dos individuos. Podem falar que a psicologia também cuida disso, mas com todo respeito ao Zama, foda-se a psicologia, o que importa mesmo é a sociologia. A psicologia pode até determinar como reagimos de uma forma ou outra, mas o que determina os motivos para as ações são questões essencialmente sociais. Ou seja, desde sempre fui um chato metido a sociólogo. Hahaa. Acredito que deve existir estudos sobre ambos, carnaval e bebida, mas nunca procurei a respeito - qualquer dia, ainda faço isso. Apesar da beleza de pensar sobre os motivos que trouxeram cada um àquele ponto, não consigo entender a bebida. Mas isso, eu já disse. Voltando ao carnaval. Já tive bons, excelentes carnavais. Curti muito, tal qual todos. Outros nem tanto, nem tanto. Mas sempre saí, e talz. Ano passado não me recordo, mas acredito que não. Estava ainda em recuperação do acidente que sofrera no final de 2008. Me lembro de desejar sair para ficar no sol, o que não podia fazer, e pensar que no ano seguinte faria tudo aquilo, diferente, aproveitaria. Sabe o que é engraçado? Esse ano posso sair para aproveitar o carnaval, mas não o faço. Não quero. Acho que esta é um fase que, de certo modo, já superei. E sabe qual a direferença deste para o ano passado? Dessa vez eu que escolhi, não sair. Claro que, se ano que vem, existir uma oportunidade para confraternizar junto com amigos, irei, mas aí está aquela coisa que a companhia é o que importa, não o lugar em si. O carnaval, ao menos nesse momento, já não me atrai mais, ainda que seja um belo mote de estudo social.

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