Ontem de manhã, indo para Curitiba, vi uma cena que me emocionei. Um bonito exemplo que o mundo pode ser solidário e fraterno.
O onibus da 5:45 da manhã é o chamado "pinga-pinga", que vai parando em determinados pontos, pegando gente pelo caminho. Em certo momento na estrada, acena um senhor, e o onibus pára. O senhor deve ter uns sessenta ou setenta anos. Usa um daqueles chapéus antigos, estilo Indiana Jones, como era elegante se usar no passado. Mas ele é uma pessoa humilde, simples. Dá a passagem ao motorista. O motorista confere a passagem e avisa ao senhor "o seu onibus não é esse, é o das 7:45". O homem, que deduzi talvez nem soubesse ler direito (uma vez que não viu qual era o horario), demora um pouco a compreender, e pergunta, voz humilde, palavras simples: "Ah, então tem que esperar mais um pouco, né?". O mais um pouco seria pelo menos mais duas horas, esperando. O homem já descera do onibus, e o motorista o chama: "O senhor não quer ir até praia de leste? Aí lá, se tiver passagem, o senhor pode ir nesse." (se não tivesse, ao menos poderia esperar o das sete por lá). O homem novamente demorou para processar a informação dada pelo motorista, mas aceitou e subiu no onibus. Sentou numa potrona qualquer, sem saber qual a sua. Nem dormi, para ficar observando o desenrolar da história. Pouco a frente, chegando em praia de leste, o motorista foi até o guichê, trocou a passagem do senhor, do horário das sete para aquele horário, das cinco, e levou a passagem para o senhor, dentro do onibus.
Uma ação que, se você for ver, talvez seja simples, mas que achei belissima. O motorista não tinha nenhum dever de pensar pelos passageiros, se o passageiro comprou passagem para outro horário, não é problema dele, ele está ali para dirigir o onibus, mesmo assim, pensou numa alternativa para que aquele senhor não precisasse ficar esperando mais duas horas, e a propôs. Ele poderia, deveria, no momento que o senhor entrou no onibus, ter cobrado a diferença entre aquele ponto e praia de leste. Pensei que iria fazer isso, mas apenas mandou o senhor se sentar. Chegando na parada, poderia ter orientado o senhor para que fosse ao guichê, mas sendo solícito, foi ele mesmo fazer a troca. Ações assim, simples, no nosso dia-a-dia, fazem desse lugarzinho em que nós vivemos um mundo melhor e mais fraterno.
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