sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Richa, Pesquisas e a Espiral do Silêncio

Beto Richa censurou a divulgação das pesquisas de opinião de intenção de voto para o governo do estado. Apesar de ser censura (não é bem isso, uma vez que foi uma decisão judicial), ele está certíssimo em fazê-lo, do ponto de vista de estratégia eleitoral. Se fosse eu, no lugar dele, com as mesmas influencias para se obter os resultados desejados, faria exatamente a mesma coisa. 
Dá pra analisar esse caso sob a ótica da influencia da espiral do silêncio. Já escrevi aqui no blog sobre a espiral do silêncio e vale a pena ser lido, aqui. A teoria da espiral do silêncio, de Elizabeth Noelle-Neumann, é uma teoria da psicologia que explica, entre outras coisas, o voto útil e a importância das pesquisas na definição desse voto. Em resumo, as pessoas são constituídas socialmente. Suas opiniões não são individuais, mas sociais. As pessoas, quando têm uma opinião contrária à opinião dominante no grupo em que estão inseridas, tendem, num primeiro momento, a ser calar (por isso, silêncio), e não se manifestar contrário ao grupo. Num segundo momento, elas tendem a mudar efetivamente de opinião, para adequar sua opinião à opinião de seu grupo. Pode parecer estranho, e o senso comum pode até chamar essas pessoas de sem opinião ou Maria vai-com-as-outras, ou coisas do gênero, mas a teoria já foi comprovada e diversos campos do saber, como a antropologia, corroboram com ela. Outro ponto muito importante da teoria é que as pessoas não se calam e mudam de opinião somente pelas opiniões manifestas de seu grupo, mas pelo que elas pressupõem, deduzem, que seja a opinião dominante. Se alguém achar que seu grupo pensa de certa forma, ainda que, na prática, ele não pense assim, ela se adequará a essa opinião. Daí a espiral. Portanto, espiral do silencio. Deu pra entender? Isso mostra a importância da chamada opinião pública (ou opinião publicada, referindo-se à imprensa) e das pesquisas de opinião de intenção de voto. Se uma pesquisa vender (com credibilidade) que determinado candidato está na frente, ele pode vir a tornar-se por efeito das pesquisas, a partir da espiral do silencio. 
É manipulação. E o pessoal do Osmar Dias sabe disso. Quer manipular tanto quanto Beto. Ele quer tanto divulgar as pesquisas que supostamente mostram ele na frente para aplicar o efeito de espiral do silencio no público e consolidar sua vitória. Afinal, qual o problema de se "votar no escuro"? Não deixa de ser até bonito: as pessoas vão votar em quem realmente querem, sem o efeito psicológico da espiral. Principalmente em eleições apertadas, o efeito de espiral do silencio das pesquisas certamente pode definir as eleições. E Beto, sem moralismo, foi genial em conseguir evitar esse efeito. Se sair vencedor das eleições, é para entrar na história dos cases de comunicação bem-sucedidas. Há, claro, um efeito colateral que é a imagem negativa gerada a partir da divulgação da censura, das acusações de ser censurador, etc e tal. Portanto, é necessário fazer um balanço entre bônus e ônus, custo e beneficio. O processo está em pleno vapor. Ainda é impossível saber qual será o resultado de domingo. Vai ser emocionate.

Um comentário:

Anônimo disse...

porque eu votaria em alguem que da golpe baixo para ganhar a eleiçao? Alguem que proiba as pesquisas apartir do dia em que ele já não esteja na liderança não pode ser alguem democratica e boa, é alguem que não acredita no povo