terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Critica

Gosto do Lula, mas não sou cego, nem extremista. A crítica é não só necessária, mas fundamental. Tenho fortes criticas a ele.
Peço licensa para reproduzir conteúdo aqui. Não gosto de fazer isso; gosto mesmo é de produzir, escrever. Segue, abaixo, critica de Luiz Carlos Azenha ao presidente, com a qual concordo em boa parte, para não dizer plenamente.

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A decisão de Lula

12 de janeiro de 2010
por Luiz Carlos Azenha

O presidente Lula deve mudar o Plano Nacional de Direitos Humanos, retirar dele os "pontos polêmicos" -- leio na mídia. O plano, como vocês sabem, é meramente propositivo. Expressa diretrizes gerais, por isso vagas. Foi resultado de um longo processo de conferências, consultas, negociações e votações.
Grupos diversos protestaram contra o conteúdo do plano, mesmo sabendo que qualquer das propostas -- repito, qualquer uma -- só será adotada depois que for escrito um projeto de lei, apresentado e aprovado no Congresso Nacional -- o que incluiria um novo período de consultas e negociações.
Mas a elite brasileira não está acostumada com a democracia. Está acostumada a não consultar ninguém, nem a população, nem a sociedade civil organizada. É a famosa democracia "dos de cima". Através dos meios de comunicação, a elite brasileira imporá uma derrota não ao governo Lula, mas ao princípio de que o Brasil pode ser governado por mais do que meia dúzia de pessoas. É uma derrota de todo o processo de participação, que inclui as conferências de comunicação, de saúde, de Direitos Humanos, etc.
É óbvio que o presidente Lula faz isso por motivos políticos. Ou por ser conciliador. Ou por achar que tudo se resolve assim, numa conversa de gabinete. Ou por achar que não vale a pena perder votos para a candidata dele, Dilma Rousseff, em defesa de propostas tão genéricas. Mas o fato concreto é que trata-se de mais uma situação em que uma decisão do presidente da República será profundamente desmobilizadora.
Quem é que vai se preocupar em participar de algum fórum, algum debate, alguma conferência, alguma discussão, se corre o risco de ver todo o trabalho que fez ser detonado lá na frente por uma canetada presidencial, porque o Ali Kamel não gostou, o Boris Casoy mentiu a respeito, um ministro de seu próprio governo chiou? É uma decisão lamentável não por abrir mão deste ou daquele ponto do plano -- afinal, repito, são meras diretrizes -- mas pelo recado que manda à sociedade civil: vão ganhar dinheiro, deixem que a gente governa aqui, nos gabinetes de Brasília, deixem que eu decido numa conversinha com o bispo, o general e o filho do Roberto Marinho.

2 comentários:

Carlos Pegurski disse...

O bispo e o filho do Marinho eu sei quem são. Mas quem seria o general?

Márcio disse...

Não sei se é alguém específico, acho que é uma generalização do exército, que nao gostou nada da Comissão da Verdade proposta, que iria investigar os arquivos da ditadura. Nelson Jobim (que gosta de usar uniforme militar), em nome dos comandantes militares (depois de uma conversa com eles), se revoltou e pôs o cargo à disposição se não fosse alterado o projeto.