Oliver Stone é um cineasta estadunidense. Também é veterano de guerra, lutou no Vietnã. Com a experiencia de ter vivenciado a guerra de perto, tornou-se durante um tempo obcecado pelo tema, e produziu alguns dos melhores filmes de guerra já concebidos, como Platoon e Nascido em 4 de Julho, além da obra-prima JFK. Ele tem uma frase muito interessante, que gosto muito, sobre a guerra. Diz ele que "A dor é boa. A dor te faz lembrar que ainda está vivo." Pode parecer estranho, à primeira vista, dizer que a dor é boa, mas vamos pensar sobre isso. Oliver Stone foi apenas o preâmbulo, é sobre a dor que quero escrever hoje.
A dor é boa, pois te lembra que ainda está vivo. É claro que a frase foi dita a respeito da guerra, sobre os horrores da guerra, onde a pessoa se atém a cada detalhe que possa continuar movendo ela, fazendo-a sobreviver, mas podemos abrange-la para a vida, como um todo. Viver é sofrer. Pode parecer um pouco melancólico, mas a dor e o sofrimento são inerentes à vida. Quem nunca sofreu, nunca viveu. Apenas se você se trancar em um quarto, se isolar do mundo, poderá se isolar da dor. E nem mesmo assim. Durante um tempo, tive medo da dor, mas não adianta tentar escapar dela, é uma etapa em nossa caminhada. Acho realmente que o ser humano é composto por nossas pequenas, infinitas dores. Sabe, não existe essa história de harmonia humana (Habermas que me desculpe). Pelo menos não aqui. No paraiso (ou no comunismo), talvez. As pessoas se desintendem. Fundamentalmente, o ser humano está destinado a se desintender. É um problema comunicacional. Cada um de nós tem um código próprio, e às vezes falamos por ele, à outra pessoa que não conssegue decifrá-lo. Podemos simplificar, com o exemplo dos casais, um tentando adivinhar o que o outro pensa, em vez de sentar e conversar. Comunicação humana é complicada, bem mais do que a institucional. É uma das coisas que levam à dor, mas a dor (o conceito da dor) é mais profunda. Ao longo da vida, nós colecionamos memórias, felizes e tristes. As tristezas nos constroem tanto quanto a alegria, senão mais. Eu não gosto das coisas que já sofri, mas de forma alguma gostaria de esquecê-las. Elas fazem um pouquinho parte de quem eu sou. E assim vamos todos nós, construindo quem somos. Não é bom sofrer, é claro que não, mas é uma etapa inescapável do que se consiste aquilo que chamavamos vida.
Não estou triste, pelo contrário, estou sereno. Apenas refletindo, sobre aquilo que somos.
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