Deveria estar escrevendo, mas não estou fazendo. Até estou escrevendo este blog, mas deveria estar me dedicando ao artigo. Enfim... Ontem vi 3 filmes. Melhor, re-vi. Gosto de re-assistir filmes que gosto. Gosto muito de cinema. Acho que é um assunto que ainda não comentei aqui, cinema. Nem sei por que gosto tanto de cinema, em este sendo tão pequeno e limitado frente às questões filosoficas e sociológicas pelas quais me interesso, afinal, não passa de uma manifestação cultural (no sentido antropológico do termo) determinada no tempo-espaço. Ou seja, é um fenomeno restrito ao nosso tempo que, em cem anos pode não ser nada, e perante a existencia definitivamente não é nada. Ainda assim gosto e me interesso.
O primeiro que (re)vi foi "Herói por acidente", com Dustin Hoffman e Andy Garcia. Nem sei por que lembrei desse filme e fiquei com vontade de revê-lo. Fazia tempo, e quase não lembrava dele. Dustin faz um tipo canalha, prestes a ser preso por pequenos golpes, que salva os passageiros de um acidente de avião, mas não fica pra receber a glória. Andy Garcia, bonitão e simpático, assume seu lugar e é incensado pela mídia como herói nacional. A equação ainda tem uma ambiciosa repórter (esqueci o nome da atriz, mas foi famosinha) que arma o circo da mídia. O filme fala coisas importantes, sobre a construção da imagem e como a mídia constrói imagens, reputações. O filme também fala sobre certos valores, como na emblemática cena em que a repórter não consegue conceber a idéia que seu herói (ela tb estava no avião), ao salvá-la, aproveitou para roubar sua bolsa. Diz ela "Se fez isso, foi um momento de fraqueza". Será da natureza humana essa separação entre bom e mau, ou nós que criamos isso, socialmente? Não se consegue conceber a idéia, por mais humano que seja, que ninguem é totalmente bom ou mau, o cara pode ter seu heroismo de entrar em um avião para salvar desconhecidos e, ao mesmo tempo, ter seu lado negro, para roubar. O final do filme é emblemático. Não sei se os autores leram ou ouviram falar das teorias do Foucault, mas é uma ilustração perfeita delas. Durante todo o filme, uma questão recorrente é a "verdade", como no emblema do troféu que a jornalista ganha, no inicio do filme "Pela excelencia na busca da verdade". No climax, o que se vê na posição dela não é Verdade, mas o que convém melhor à situação, para todos. Na última cena, diz Dustin Hoffman ao filho, lhe explicando a atuação da imprensa: "Não existe verdade, tudo que existe são mentiras. Quando você cresce, você escolhe qual mentira lhe agrada mais". Ou seja, tudo que existe são discursos, aos quais nós escolhemos nos alinhar. Deveria ser obrigatório para cursos de jornalismo.
Também vi Corpo Fechado, do M. Night Shyamalan, com Bruce Willis e Samuel L. Jackson. Queria saber quem foi o pai ou mãe de santo (sem preconceitos) que batizou o "Unbreakable" do título original (Inquebrável, em tradução livre e correta), para Corpo Fechado. Mas tudo bem... Não sei se tenho muito o que falar desse filme, tantas já foram as vezes que vi. Quando pessoas ficam discutindo sobre qual o melhor filme de super-heróis, maravilhadas com filmes com homem-aranha, até acho graça. Sem dúvida, Corpo Fechado é o melhor filme de super-herói já feito. E não é só eu que digo, também os críticos. Pense em um filme do Superman, ou do Batman, mas na realidade. Não a realidade de metrópolis ou de gotham city, não um filme realisitico, como por exemplo o último Batman, mas um filme realmente na realidade, com seres humanos. Eis Unbreakable (ou Corpo Fechado, como preferirem). Bruce Willis é um segurança aparentemente banal, que após ser o único sobrevivente de um acidente de trem, descobre ser "inquebrável". Como diz o personagem de Jackson, em um momento "As histórias em quadrinhos são um exagero da realidade, um esteriótipo, mas são inspiradas pela realidade, refletem a realidade. Esta é a realidade". A jornada de Willis em busca de seu heroismo, em busca de si mesmo, é o filme. Curioso que a primeira vez que o vi, nem sei por que, não gostei. Achei o ritmo lento, um tanto parado. De fato, é um pouco. Mas hoje, só vejo isso (o ritmo) como mais um ponto positivo. Quem nunca viu, deveria ver. É bom.
O terceiro filme que vi, já madrugada adentro, seguido ao Corpo Fechado, foi Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças, com Jim Carrey e Kate Winslet. Esse filme me traz algumas lembranças. Boas e saudosas, de com quem assisti ao lado, pela primeira vez, na estréia lá do ano de 2004. Foi uma noite incrivel. Enfim, o filme... hehee. Romance, puro. Costumeiramente, não gosto de romances, mas alguns dos filmes que mais gosto são romances. Esse entre eles, certamente. A trama, complicadinha, é dificil ser descrita. Poderia resumir assim: Jim e Kate são um casal bem atípico, despojado, digamos assim. Ela vive mudando a cor do cabelo, like Sissa, sabe como? Eles brigam, e ele resolve apagar ela de sua mente, através de um novo procedimento bla-bla-bla. Durante o procedimento de apagamento da memória, ele "acorda" dentro de seu próprio cérebro, a consciencia dentro da subconsciencia, e mergulha num turbilhão de lembranças que constituem o universo de memórias deles, o quadro do que constitui o "eles". Assim, ele mergulha em suas próprias lembranças, de trás pra frente, começando pela última vez, que brigaram passando pelos bons momentos, até chegar, lá no final, à quando se conheceram, e tudo fazer sentido, em que ele percebe que valeu a pena, e ele não quer perdê-la. O toque de mestre fica no roteiro, direção e edição, com a primeira cena sendo, cronologicamente, no final do filme (desculpe pra quem não viu ainda). É um filme leve, bonito, com um clima agradável, e muito romantico. E ainda se passa (uma parte) nos dias dos namorados. Um quê melancólico, talvez, poderia ser interpretado dependendo do espírito de quem vê. É o tipo de coisa, de amor, que a gente deseja. Mas estou falando de filmes, não de amor, então vou parar por aqui.
Sabe que gosto de escrever sobre sobre filmes. Fico feliz com alguns de meus amigos que conseguem fazer de seus hobbys suas profissões, assim é tudo mais divertido. Apesar de eu gostar da área academica, isso não é um hobby. Gosto mesmo é de ver filmes. Se fosse escolher uma profissão que fosse também um hobby, seria critico de cinema. Isso seria divertido. Hehee. Agora tenho que parar e escrever, pois não posso brincar com o troço do artigo. Meu prazo é inicio de fevereiro, dia 5, mas vou me repetir que é 20 de janeiro, pois deixo sempre pra véspera. Dia 20, Márcio, dia 20. Agora vá lá, e leia, fundamente, e escreva. Eu vou. Mas eu volto.
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