Eu tenho uma conta no twitter. Apesar de cada vez mais interagir por lá, acessar diariamente, acompanhando os posts de meus amigos, não é um modelo que me agrade como um todo. Lembro de um artigo que li alguns meses atrás que define (ou definiu) muito bem o que penso a respeito, sobre o que é o twitter. Acabei de buscá-lo, e está, completo, aqui. Segue um recorte do trecho mais importante que é a síntese do pensamento:
"O Twitter é exemplo claro da importância do meio na conformação da conduta do usuário.
Mais do que o Orkut, por exemplo, que é sucesso entre os brasileiros de todas as classes sociais, o Twitter tem em sua engenharia interna a inspiração do modelo personalista.
Serve, portanto, de modo perfeito, à construção de púlpitos para gurus. É da pessoa e não do tema, estabelece uma hierarquização no tráfego de informação e copia os modelos verticais de gestão corporativa.
O Orkut, por exemplo, é campo aberto de batalha e debate. Ali, os famosos e poderosos têm medo de se expor. Equivale a se apresentarem no meio da multidão, em praça pública.
Por conta das características do meio orkutiano, as pequenas legiões leonídeas da esquerda organizada destroçam facilmente as gordas falanges do mainardismo virtual.
O Twitter, ao contrário, enfatiza o emissor e exclui o intercâmbio dinâmico de ideias. Não há corpo a corpo e, por conta das condições do campo de batalha, a quantidade pode vencer a qualidade.
Vale dizer que o Twitter funciona no campo da comunicação declaratória. Não trabalha com base na argumentação e na exposição racional do pensamento.
No Twitter, as personalidades têm o que o sistema chama de “seguidores”, característica que fortalece um padrão de falsa interação.
Um tema dromológico
Cada tweet (mensagem) tem que se limitar a 140 caracteres. Assim é a coisa.
É fácil pedir “Fora Sarney” nessa tecladas mínimas. Mas é difícil explicar que o presidente do Senado está por aí há 45 anos, que a bronca tucana é oportunista, que Arthur Virgílio é um bandalho e que o movimento midiático faz parte de um projeto de desestabilização do governo Lula.
O Twitter é ótimo para gritar e exigir cabeças. É péssima ferramenta para qualquer advogado.
Curiosamente, o Twitter no Brasil é utilizado majoritariamente por homens paulistas e cariocas, na faixa de 20 a 30 anos, a maior parte deles com ensino superior. A agência Bullet, que coletou os dados, mostra que 60% dos twitteiros são considerados formadores de opinião.
No total, 51% dos usuários valorizam os tais perfis corporativos.
Cabe destacar que o Twittter se casa perfeitamente com o modelo de comunicação veloz da juventude. É um SMS da Internet.
A informação é rala e muitas vezes codificada. O importante é estar “em contato”, integrado, saber um pouco, talvez quase nada, mas de muitos. Também é preciso mostrar-se vivo, disparando a mensagem, mesmo que irrefletida."
Pois bem, não é a intenção desse post falar sobre twitter, ele foi apenas a inspiração do tema de hoje. Ou seja, isso tudo apenas como introdução.. hehe. Mas a reflexão, aqui, sempre terá espaço. Continuando.
Apesar de ser ruim pois no twitter as pessoas não se ouvem, apenas falam, tem lá seus divertimentos. Vez por outra, surgem "campanhas". Não sei se é a terminologia adotada, mas se não for, fica sendo. Como a que tomou conta de todos outro dia "Tuite algo muito antigo", em que se suscita aos amigos que cada um tuitasse (escrevesse) alguma coisa muita antiga. Alguns twits resgatavam slogans ou coisas relativamente antigas, que fizeram parte da juventude que hoje lida com o twitter. "Não esqueça a minha calói", ou "disquete", são dois exemplos que lembro agora de imediato, do que li (havia outros, melhores). Raro eu aderir a campanhas assim, mas gostei da idéia. Pensei no que escrever. Resgatei minhas lembranças. Algumas já tinham sido postadas, e não queria repetir (esse minha mania de pseudo-ineditismo). Então, eis que surge em minha memória. Cinema de rua.
Cinema de rua. Poxa, acho que realmente estou ficando velho. Que saudosismo fiquei, dos cinemas de rua. Tanto, que decidi escrever a respeito. Acho que nenhum de meus amigos pegou essa época, e se sim, foi muito de leve. Época que eu era criança, não foi tão longe assim, mas também não foi na geração big brother, não existiam cinemas em shopping's, como existem hoje. O shopping estação não existia, o Muller não tinha cinema, e o shopping Itália ainda era prestigiado na época. Por falar com Shopping Itália, que eu me lembro era o único, na época, que tinha cinema. Não como são os cinemas de shopping hoje, bem diferente. Não sei, mas acho não existe mais. Me lembro de uma vez que me barraram na entrada, por lá, mesmo eu estando acompanhado de minha mãe, no filme A Fuga, com Alec Baldwin, lá pelos idos de 1994. Tinha uns 9 anos, a classificação devia ser uns 14. Mas nunca iamos nesse, no Itália, que era bem ruim, por sinal. (Me lembro só de uma, no máximo duas vezes, que fui no Itália).
As lembranças mais marcantes são do Lido. Lido I e Lido II. Cinemas germinados, lado a lado. Hoje os multiplex são rotina, na época, era incrivel ter dois cinemas, lado a lado, com filmes diferentes! Incrivel! Me lembro de True Lies, com Schawarzanegger. Fui ver no fim de semana de estréia. A fila que enfrentei é provavelmente uma das maiores que já vi até hoje; dava uma volta no quarteirão. Amei o filme. Me lembro que na semana seguinte quis rever; minha mãe tentou me demover, se eu não queria ver outro, que não tinha visto ainda (cinema, na época, não era necessariamente barato, apesar de também não ser carissimo). Queria rever True Lies. Me lembro da entrada do Lido, tinha que subir uma pequena escada, após passar pela bilheteria, para chegar ao nível do cinema.
Outro que me lembro, é do Cine Condor. Ficava numa esquina. Não sei onde. Aos 10 anos, você (pelo menos eu) não se atém a nomes de rua, ou localizações. Bom, até hoje não não me atenho a localizações.. hehee. Mas ficava numa grande esquina. Para mim, aquele prédio era gigantesco. É como o vejo, nas minha memórias infantis, provavelmente distorcido, tanto pela visão infantil, quanto pelo tempo. Me lembro de ver lá, no Cine Condor, Highlander 3. Esse filme é inesquecível. Queria muito vê-lo, mas não tinha ido ainda, enquanto lançamento, e ia sair de cartaz. Era uma quinta-feira. Na sexta, como até hoje é, estréiam os lançamentos, e haveria estréia de um filme importante; o Condor era o ultimo cinema em que Highlander ainda estava em cartaz, e sairia no dia seguinte. Estava um temporal. Absurdo, gigantesco temporal. Morávamos no Santa Candida. Minha mãe teve que chamar um táxi, para ir até o terminal. O costumeiro caminho a pé, seria inifrentável (ou inenfrentável?), mesmo com guarda-chuvas, com aquele tempo. Esperamos o onibus que nunca chegava, eu marcando o tempo, as horas da próxima sessão, da última sessão. Já era tardezinha da tarde, noitinha, lá pelas 7 da noite; a última sessão seria lá pelas 8, algo assim. Pegamos o onibus, não me lembro exatamente qual, acho que era verde, mas posso estar confundindo as lembranças. Descemos no ponto em frente ao cinema, sob um temporal ainda mais forte, a tempo de ver a última sessão de Highlander 3.
Ah, tantos filmes memoráveis assisti nesses cinemas, como Jumanji. Me lembro da campanha de marketing de Jumanji. Na época, não era comum como se faz hoje em dia os teasers, que não são trailers, mas sim só um anúncio, com o título do filme, no estilo "espere". Se não me engano, Jumanji ficou famoso por sua campanha antecipada, introduzindo o que viria a ser o teaser. Antes, o filme era anunciado, quando estivesse para ser lançado, e simples e só. Meses antes, já havia um pequeno cartaz no inicio, depois substituido por um maior, no Lido, escrito apenas "Jumanji". O logo envolto na temética de floresta, mas sem maiores explicações. A sacada do teaser, que não existia na época, e que diferencia o trailer e outras estratatégias de marketing, é o lance do suspense. Não se dá maiores explicações do que se trata, apenas se coloca o nome "Jumanji", sem explicações, com a mensagem (explicita ou implicita) "aguarde". Cria-se o suspense e o interesse. Ah, a estréia. Esperei muito por aquele filme. Não lembro em qual cinema vi, acho que foi no Lido mesmo. Foram tantos outros filmes.
E o Cine Plaza, então?! Esse é clássico, nem tem muito o que falar dele. Foi o que resistiu por mais tempo, o último cinema de rua a fechar, alguns anos atrás. Lembro que havia uma parte superior, tal qual o balcão de um teatro. Que delícia que era. Além de ser gostoso de ver, o clima era diferente, era mais nobre, digamos assim. O cinema, como um todo, era um rito. O clima ajuda a construir a imagem de rito, de arte, de apreciação de uma obra, tal qual o teatro, não apenas a diversão, em que se escolhe uma opção, entre 10 outras disponível, nas salas ao lado da praça de alimentação. Você entrava no Plaza, e podia escolher sentar na parte "normal" , ou subir a escada bifurcada (sabe, aquele tipo de escada que tem dois lados, à esquerda e à direita, que levam ao mesmo lugar.. não sei explicar. direito. hehee) para ficar na galeria/balcão. Outro dia, indo para a pizzada de aniversário da Priscila, passei em frente ao antigo Plaza, na praça General Osório. Hoje é uma igreja neopentencostal. Não é dessas famosinhas não, tipo Universal, é uma "marca" que nunca tinha ouvido falar. (a ironia da "marca" é mais do que uma ironia; hoje elas se tornaram realmente quase isso, mas não é disso que trata esse texto...). Como estava com tempo, adiantado, entrei. A estrutura ainda permanece a mesma. Não estava tendo culto, apenas algumas pessoas por lá, outros preparando coisas na frente, provavelmente para o culto de mais tarde. Me senti. Os bancos azuis ainda são os mesmo desconfotáveis bancos da época. Mas à frente, a tela não existe mais, lugar agora cedido a um palco para os pastores. Saí. Comentei com a moça que entregava folhetinhos da igreja, na entrada/saída "Que saudade do Plaza", ao que ela me olhou, com cara de quem não entendeu, com cara de quem não sabia o que era o Plaza. Que pena dela, que não soube o que era o Plaza, e de todo mundo, que nunca saberá. É claro que os cinemas modernos são melhores, de longe, reconheço isso, conforto, qualidade de som, imagem, etc. Nas vezes, esses tempos agora de faculdade, em que fui, por um filme ou outro, no Cine Luz, último cinema de rua ainda existente em Curitiba, já acostumado com conforto e qualidade dos multiplex, reclamei (comigo mesmo) e não gostei, por uma série de razões. Se eu que gosto, não gostei, a geração multiplex sequer pensaria em ir. Estão perdendo boa parte do espírito do que é o cinema.
As lembranças mais marcantes são do Lido. Lido I e Lido II. Cinemas germinados, lado a lado. Hoje os multiplex são rotina, na época, era incrivel ter dois cinemas, lado a lado, com filmes diferentes! Incrivel! Me lembro de True Lies, com Schawarzanegger. Fui ver no fim de semana de estréia. A fila que enfrentei é provavelmente uma das maiores que já vi até hoje; dava uma volta no quarteirão. Amei o filme. Me lembro que na semana seguinte quis rever; minha mãe tentou me demover, se eu não queria ver outro, que não tinha visto ainda (cinema, na época, não era necessariamente barato, apesar de também não ser carissimo). Queria rever True Lies. Me lembro da entrada do Lido, tinha que subir uma pequena escada, após passar pela bilheteria, para chegar ao nível do cinema.
Outro que me lembro, é do Cine Condor. Ficava numa esquina. Não sei onde. Aos 10 anos, você (pelo menos eu) não se atém a nomes de rua, ou localizações. Bom, até hoje não não me atenho a localizações.. hehee. Mas ficava numa grande esquina. Para mim, aquele prédio era gigantesco. É como o vejo, nas minha memórias infantis, provavelmente distorcido, tanto pela visão infantil, quanto pelo tempo. Me lembro de ver lá, no Cine Condor, Highlander 3. Esse filme é inesquecível. Queria muito vê-lo, mas não tinha ido ainda, enquanto lançamento, e ia sair de cartaz. Era uma quinta-feira. Na sexta, como até hoje é, estréiam os lançamentos, e haveria estréia de um filme importante; o Condor era o ultimo cinema em que Highlander ainda estava em cartaz, e sairia no dia seguinte. Estava um temporal. Absurdo, gigantesco temporal. Morávamos no Santa Candida. Minha mãe teve que chamar um táxi, para ir até o terminal. O costumeiro caminho a pé, seria inifrentável (ou inenfrentável?), mesmo com guarda-chuvas, com aquele tempo. Esperamos o onibus que nunca chegava, eu marcando o tempo, as horas da próxima sessão, da última sessão. Já era tardezinha da tarde, noitinha, lá pelas 7 da noite; a última sessão seria lá pelas 8, algo assim. Pegamos o onibus, não me lembro exatamente qual, acho que era verde, mas posso estar confundindo as lembranças. Descemos no ponto em frente ao cinema, sob um temporal ainda mais forte, a tempo de ver a última sessão de Highlander 3.
Ah, tantos filmes memoráveis assisti nesses cinemas, como Jumanji. Me lembro da campanha de marketing de Jumanji. Na época, não era comum como se faz hoje em dia os teasers, que não são trailers, mas sim só um anúncio, com o título do filme, no estilo "espere". Se não me engano, Jumanji ficou famoso por sua campanha antecipada, introduzindo o que viria a ser o teaser. Antes, o filme era anunciado, quando estivesse para ser lançado, e simples e só. Meses antes, já havia um pequeno cartaz no inicio, depois substituido por um maior, no Lido, escrito apenas "Jumanji". O logo envolto na temética de floresta, mas sem maiores explicações. A sacada do teaser, que não existia na época, e que diferencia o trailer e outras estratatégias de marketing, é o lance do suspense. Não se dá maiores explicações do que se trata, apenas se coloca o nome "Jumanji", sem explicações, com a mensagem (explicita ou implicita) "aguarde". Cria-se o suspense e o interesse. Ah, a estréia. Esperei muito por aquele filme. Não lembro em qual cinema vi, acho que foi no Lido mesmo. Foram tantos outros filmes.
E o Cine Plaza, então?! Esse é clássico, nem tem muito o que falar dele. Foi o que resistiu por mais tempo, o último cinema de rua a fechar, alguns anos atrás. Lembro que havia uma parte superior, tal qual o balcão de um teatro. Que delícia que era. Além de ser gostoso de ver, o clima era diferente, era mais nobre, digamos assim. O cinema, como um todo, era um rito. O clima ajuda a construir a imagem de rito, de arte, de apreciação de uma obra, tal qual o teatro, não apenas a diversão, em que se escolhe uma opção, entre 10 outras disponível, nas salas ao lado da praça de alimentação. Você entrava no Plaza, e podia escolher sentar na parte "normal" , ou subir a escada bifurcada (sabe, aquele tipo de escada que tem dois lados, à esquerda e à direita, que levam ao mesmo lugar.. não sei explicar. direito. hehee) para ficar na galeria/balcão. Outro dia, indo para a pizzada de aniversário da Priscila, passei em frente ao antigo Plaza, na praça General Osório. Hoje é uma igreja neopentencostal. Não é dessas famosinhas não, tipo Universal, é uma "marca" que nunca tinha ouvido falar. (a ironia da "marca" é mais do que uma ironia; hoje elas se tornaram realmente quase isso, mas não é disso que trata esse texto...). Como estava com tempo, adiantado, entrei. A estrutura ainda permanece a mesma. Não estava tendo culto, apenas algumas pessoas por lá, outros preparando coisas na frente, provavelmente para o culto de mais tarde. Me senti. Os bancos azuis ainda são os mesmo desconfotáveis bancos da época. Mas à frente, a tela não existe mais, lugar agora cedido a um palco para os pastores. Saí. Comentei com a moça que entregava folhetinhos da igreja, na entrada/saída "Que saudade do Plaza", ao que ela me olhou, com cara de quem não entendeu, com cara de quem não sabia o que era o Plaza. Que pena dela, que não soube o que era o Plaza, e de todo mundo, que nunca saberá. É claro que os cinemas modernos são melhores, de longe, reconheço isso, conforto, qualidade de som, imagem, etc. Nas vezes, esses tempos agora de faculdade, em que fui, por um filme ou outro, no Cine Luz, último cinema de rua ainda existente em Curitiba, já acostumado com conforto e qualidade dos multiplex, reclamei (comigo mesmo) e não gostei, por uma série de razões. Se eu que gosto, não gostei, a geração multiplex sequer pensaria em ir. Estão perdendo boa parte do espírito do que é o cinema.
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