Hoje o Doug escreveu no twitter "Oh liberdade! Divina liberdade! Quero sair e não me abrem a porta.", que remetia ao clipe de uma música (esta, por curiosidade). Me veio à mente o tema: liberdade. Em que medida somos realmente livres? Bom, talvez esse seja um dos maiores temas filosóficos já levantados e qualquer coisa que eu aqui escreva será pequena. Por isso, nem me alongarei demais. A questão, na qual penso nesse momento no dia de hoje, é: em que medida somos realmente livres para fazer o que queremos ou nossas escolhas não são nossas, mas determinadas por uma série de fatores? Me recordo muito das aulas de psicologia, semestre passado. Segundo algumas perspectivas (sobretudo em Freud) nossas escolhas, ou o que pensamos ser nossas escolhas, não são nossas, mas fruto de nosso inconsciente. Aquilo que você racionalmente pensa que decidiu e escolheu é fruto é uma determinação inconsciente. Eu, em certa medida e resguardados limites, acredito nisso. Mas então vem a questão: não somos livres então? Bom, talvez não. Se pensarmos, já começa pelo "quem somos". Não somos um receptáculo vazio, que pode tornar-se qualquer coisa. Partimos de pressupostos, de onde nascemos, como fomos educados, enfim, quem somos. Eu não escolhi ser paranaense de classe média. Minha mentalidade foi construida a partir dos pressupostos dessa cultura, e mesmo que eu me relativize, não posso escolher ter a mentalidade de um carioca ou paulista da periferia, por exemplo. A partir do momento que fui criado numa cultura enxergo os olhos a partir dela, e minhas escolhas são determinadas por isso. São realmente escolhas? Minhas escolhas advém de minha vida, que em boa parte não é escolha minha. Sou cristão e acredito nos pressupostos cristãos. Assim sendo, quero acreditar na liberdade e na escolha. Eu acredito na liberdade e na escolha. Por isso, sempre digo que não acredito na existencia do demônio. Pelo menos não tal como usualmente formulada. Sabe, gosto desse tema/problemática. Vez por outra, retorno a ele. Às vezes, do nada, viro para algum amigo e pergunto: "você acredita no diabo?" Chega a ser engraçado. Eu até acredito no diabo como senhor do inferno, lugar de punição pelas suas escolhas, no pós-morte. Ou, numa perspectiva que acho muito bonita, o diabo apenas como o acusador, aquele que reune as informações ruins sobre você, tal como um promotor, para apresentar diante do juiz, Deus. Então, o ser humano, tal como é comum no preso que se revolta contra o advogado ou o promotor, julga seu acusador como responsável por sua pena, quando ele próprio é o culpado. Vez por outra, principalmente agora nas férias, com tempo sobrando, ao zapear os canais, acabo de deparando com programas religiosos na TV. Me causa estranhamento ouvir pastores e fiéis falando coisas sobre como o diabo está interferindo na vida das pessoas, como está lhes causando mal, como a fé vai afastar o mal e melhorar a vida, etecetera e talz. Penso que a existencia de um diabo que tenha poderes quaisquer de interferir na vida das pessoas simplesmente contraria toda da filosofia de liberdade e escolha, o livre arbítrio, existente no cristianismo. Se é o diabo que está interferindo na minha vida, se é ele o responsável pelas coisas ruins que sucedem, onde está a possibilidade de livre-arbítrio? Isso livra de responsabilidade o individuo, de responsabilizar-se por suas ações e as consequencias delas. Com isso, perde-se a liberdade e a escolha. Por crer que o ser humano fundamenta-se em escolhas, e que são essas escolhas que, formando seu caráter e suas atitudes, dirão quem é você, que eu não acredito no demônio. O leitor atento poderá perceber algumas contradições em minha fala. De fato, elas estão presentes e são ainda mais acentuadas do que expus aqui, mas não me proponho a ter uma responta pronta para isso. Se milênios de filosofia não responderam isso, como posso ter algo concluido? Pelo menos, não por enquanto. Apenas me proponho a refletir sobre essas questões.
sexta-feira, 30 de julho de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário