Faz dois anos. Dois anos de aulas, na faculdade. Poxa, como passou rápido, hein?! O que tirar desse tempo? Difícil dar conta disso, nesse espaço. Um dia ainda sento para escrever um belo texto sobre isso. Hoje, é apenas um ensaio. Dois anos, e prestes a acabar. O tempo passou muito rápido. Tem sido um grande aprendizado. Não falo de conteúdos acadêmicos, mas da vida, das relações. Quantas confusões eu arrumei, hein? Em alguns momentos uni (quase) todos, opostos, contra mim. Rsrss. Não deixa de ser engraçado. Mas não é isso que vai ficar. O que fica são bons momentos. Momentos muito bons, e crescimento. Na literatura, umas das características de uma boa narrativa é a mudança de estado dos personagens (saem de A e chegam a B). Mais do que apenas na faculdade, mas na vida, essa mudança de estado é fundamental. Creio que seja, hoje, uma pessoa diferente de quando entrei na faculdade. Em muito permaneço igual, mas muita coisa mudou em mim. Para mim, que não fiz ensino médio e cuja última experiência em um ambiente escolar havia sido quando abandonei os estudos na 5ª série (afora o cursinho pré-vestibular, claro), a experiência na faculdade foi uma coisa nova, da qual tenho gostado. Às vezes, mal ambientado a isso, tive alguns problemas com interações em grupos ou relações sociais. Como tudo na vida é aprendizado, estou bem mais apto nessas questões hoje em dia. A faculdade é para mim o ensino médio que nunca fiz. É uma grande experiência.
Sabe, me lembro da primeira vez que entrei na UTFPR. Foi quando fui fazer o vestibular. Até o pré-vestibular, confesso que não sabia da existência da UTFPR. Alguns colegas do cursinho tinham o (como chamavam) CEFET como meta e assunto predominante. Para me integrar melhor ao grupo, resolvi também fazer o vestibular do CEFET. Entrei no site, para escolher algum curso e fiquei em dúvida entre os dois que, aparentemente, não eram ligados a matemática (que detesto). Escolhi Comunicação por ser uma área que sempre gostei. A primeira vez que entrei na UTFPR foi pela porta da Westphalen, única aberta no dia do vestibular. Passei pelo pátio central. Subi a rampa dos blocos A, depois desci aquela rampa coberta que conecta o bloco A à entrada do bloco E. Finalmente subi as rampas do bloco E, que se tornaria a casa do CTCOM. Não lembro quantos andares. Para mim, que nunca havia entrado ali, aquilo me pareceu complexo e gigantesco. Fiquei maravilhado. Me lembro de pensar, naquele momento, caminhando por aquele mundo de corredores e voltas, que eu gostaria de estudar naquele lugar, que eu me sentiria orgulhoso de estudar naquele lugar. Foi o momento em que passei a desejar a UTFPR. Entrei e hoje me sinto orgulhoso de estudar naquele lugar. Interessante como algumas escolhas mudam nossa vida, não é mesmo? Minha intenção, quando no cursinho, era fazer o vestibular de fim de ano para a UFPR. Querendo ficar mais próximo de uma garota, por quem tinha uma quedinha, resolvi fazer um vestibular duma faculdade que não conhecia, mas pelo que falavam era boa e difícil de entrar. Passei e aqui estou eu. O que seria se fosse diferente? Não sei, mas sei que amo o CTCOM. Por algum entroncamento da vida, todos nós fomos parar na mesma sala, juntos, e todos podemos parar para refletir sobre os caminhos da vida que nos trouxeram a este momento. E juntos vivenciamos muitos momentos, em sala e fora dela. Temos desavenças e ninguém nunca concorda, mas no fim até que a gente se gosta. Rsrss. Tem sido um bom tempo, que agora está entrando em sua fase final.
Tenho medo, sabe. Sendo sincero. Algum tempo atrás me perguntaram sobre meu maior medo. Nem lembro o que respondi. Talvez um dos maiores seja crescer. Não lembro quem definiu que ser adulto é ter responsabilidades. Nesse sentido, não as tenho. Não apenas eu, muitos de nós não as temos ainda. E chega esse momento de crescermos, assumir responsabilidades. São etapas na vida, claro. Não haverá mais CTCOM. Virão outras coisas. Pós-graduação, mestrado, trabalho... E a vida segue sua seqüencia, seqüencia quase que pré-determinada, contra a qual não conseguimos lutar, mesmo que sejamos muito teimosos. Faltam seis meses para acabar, e então acabou. É uma etapa da vida que formalmente se encerra, e outra que começa. O que fazer agora? Vamos deixar isso de lado e falar do que está se encerrando.
Este que agora começa é o último semestre presencial. Já sou tomado, desde já, por um sentimento de nostalgia, saudades. Está chegando o fim. Acho que é um sentimento que, em maior ou menor gradação, há em todos nós. Mesmo para quem ainda tem matérias em dependência para cumprir, este é o último semestre na prática, pois as pessoas podem até ainda vir alguns dias para uma ou outra matéria, mas não haverá mais o vínculo de turma. A turma acaba agora. A minha rotina de viagens diárias é um tanto estafante, mas já estou acostumado a ela. No inicio pensei seriamente em desistir por causa do cansaço; não estava mais aguentando. Hoje, gosto dessa loucura de viagens. Não imagino como será, quando acordar, primeiro semestre de 2011, e não tiver mais que viajar às 5:00 da manhã. Mais do que isso. Não encontrar mais diariamente tantos rostos familiares na sala, nos corredores. Conversas às vezes (apenas aparentemente) inúteis, mas indispensáveis. Correria para preparar trabalhos e seminários, sempre, sempre, na véspera. Ou abrir o e-mail e ter 30 novos e-mails não lidos, alguns inúteis, outros profundos, e muitos trabalhos compartilhados. O e-mail da sala, hoje, já não é tão movimentado quanto no passado, e aí percebemos que as coisas já estão mudadas, acabando... Tantos momentos. Há coisas, claro, das quais não sentirei saudades. Mas estas deixemos para lá, pois não valem ser citadas.
Mas sabe, disse que não haverá mais CTCOM. Estou errado. Sempre haverá o CTCOM. Não haverão mais aulas apenas. Mas pertencer ao CTCOM é mais do que apenas aulas. É quase como um estado de espírito. Você tem que estar imbuído dele. Você pode, sim, ser aluno, mas não gostar do curso, não pertencer realmente ao CTCOM. Ou você pode estar imbuído de seu espírito, e sempre pertencerá ao CTCOM. São relações que não se desfazem, e ainda que se desfaçam, permanecem em você. É algo que você vivenciou e que não te abandona. Algo que carregaremos para sempre. Posso parecer talvez um tanto dramático, mas são nossas relações e experiências que nos definem, que dizem quem somos. O CTCOM faz parte dessa experiência. Ele sempre estará em nós.
Um comentário:
Faz tanto tempo, faz tão pouco tempo.
Você tem razão, deve ser um estado espírito mesmo.
Márcio, a sorte está mais uma vez lançada. Parabéns pelo texto.
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