Semana passada fui a São Paulo, participar do Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas. Lá, comprei uma camiseta, cuja imagem reproduzo através de uma foto. Ilustrada por uma imagem estilizada de Dilma, da época de militância, trazia a frase “Dilma Neles”. Na volta para casa, fui com ela.
No aeroporto, ao passar pelo detector de metais, a moça do aeroporto que cuidava das checagens me olhou estranhada. Não entendeu. Perguntou “Dilma Néles?”, com ênfase no “Né”. Pensando que ela não havia enxergado a camiseta, a estiquei com as mãos, mostrando. Ela inclinou levente a cabeça, mostrando não entender. Eu disse: “Dilma, candidata à presidência”. Ela respondeu “Sim, eu sei quem é a Dilma, mas... Néles?” Demorei a conseguir explicar. Repeti “neles” batendo com as costas de uma mão na palma da outra, representando o símbolo de choque. Ela repetiu “Néles”, como se fosse um incomum sobrenome. Perguntou: “mas o sobrenome dela é Néles?”. O outro rapaz, ao lado, veio em meu socorro, na explicação. “Neles, nos outros”, disse. Eu completei “Os tucanos querem voltar, então dá-lhe Dilma neles”. Ela entendeu. Talvez tenha faltado na camiseta um ponto de exclamação, é verdade, mas há uma outra questão.
No aeroporto, ao passar pelo detector de metais, a moça do aeroporto que cuidava das checagens me olhou estranhada. Não entendeu. Perguntou “Dilma Néles?”, com ênfase no “Né”. Pensando que ela não havia enxergado a camiseta, a estiquei com as mãos, mostrando. Ela inclinou levente a cabeça, mostrando não entender. Eu disse: “Dilma, candidata à presidência”. Ela respondeu “Sim, eu sei quem é a Dilma, mas... Néles?” Demorei a conseguir explicar. Repeti “neles” batendo com as costas de uma mão na palma da outra, representando o símbolo de choque. Ela repetiu “Néles”, como se fosse um incomum sobrenome. Perguntou: “mas o sobrenome dela é Néles?”. O outro rapaz, ao lado, veio em meu socorro, na explicação. “Neles, nos outros”, disse. Eu completei “Os tucanos querem voltar, então dá-lhe Dilma neles”. Ela entendeu. Talvez tenha faltado na camiseta um ponto de exclamação, é verdade, mas há uma outra questão.
Lembrei das aulas de Análise do Discurso. Colocar aquela camiseta era assumir um lugar de fala que o outro não pode compreender se estiver em outro lugar de fala, se não tiver os mesmos pressupostos do universo representacional no qual o discurso é proferido (acabo de fazer uma salada de Bakhtin, Pechêux, e outros... Haha). Afinal, quem são eles?? É saudável para o debate democrático tratar a questão “nós e eles?”. Achei interessante encontrar alguém que, certamente sem conhecimentos dos signos que fazem da disputa política uma guerra, não consegue conceber o que seriam “eles”, pois, afinal, todos estamos juntos e somos “nós”. A camiseta é excelente, como ferramenta de comunicação, mas talvez não seja como pensamento e discurso. Não somos (ou não devíamos ser) divididos entre nós e eles, pois, afinal, todos somos nós, brasileiros.
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