quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Sobre lugares

Cada pessoa tem um lugar no mundo. Por lugar, entende-se aquele onde diga "esse sou eu". Onde se sinta por completo. Esse é um pensamento comum, que já ouvi em algum lugar mas não me recordo onde. É um pensamento que acho bonito, do ponto de vista filosófico. Mas não sei se tenho um lugar. Dia desses saí com amigos. Não gosto desses lugares, tradicionalmente considerados de "homens". Sabe, essa coisa um tanto vulgar, popular, em que homens tentam "pegar" mulheres, só falam a respeito dessas, como se fossem objetos, como se fosse o único propósito da vida. Não gosto dessas coisas populares. Não quero ser preconceituoso, talvez seja, mas apenas não gosto. Aqui em Matinhos tenho alguns amigos da turma GLS, que por sinal faz tempo com os quais não falo. São mais interessantes que a primeira categoria, como pessoas, mais abrangentes. Mas também não é quem sou. Talvez o mais próximo que já tenha chego desse sentimento de completude, de estar totalmente adequado com seu ambiente, foi conversando sobre educação com Giovanna e Flávia, no Intercom. Bons momentos. Não pertenço a um lugar, uma categoria, por assim dizer. Não sou imbuído completamente de nenhum pressuposto, seja isso bom ou ruim. Como já disse Bion, quando o individuo não se integra completamente a uma cultura, aceitando seus pressupostos de forma inquestionável, ele nunca está totalmente integrado ao grupo. Acho que essa é a questão. Sou questionador demais, e não me integro a nenhuma cultura ou grupo. Dessa vez, é Bion quem explica. Podemos chamar do que quiser, cultura, grupo, ou lugar, como estou chamando. Gosto desse termo. Não consigo lembrar de onde é. Empreguei um tom meio triste nesse texto, mas não é isso. Apenas não me sinto pertecente ou completo em nenhum desses lugares. Um dia ainda acharei.

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