Passada mais de uma semana que estou de volta (e quase duas da viagem), é tempo de escrever meu diário de viagem antes que as lembranças fugam completamente de minha péssima memória. Em verdade, devia ter feito isso assim que cheguei, mas havia, e ainda há, muito o que fazer, me atualizar. Na verdade, nem tanto assim. Na UTF ao menos, nada mudou na semana que fiquei fora (haha) mas mesmo assim... Vamos lá.
A turma da federal não foi. Ano passado foi bem incrivel, pois fomos todos os alunos, uns 20 mais ou menos, no onibus cedido pela universidade. Esse ano, nos organizamos de novo e talz. Na verdade, a Rafaela que fez praticamente tudo, e eu ajudei também, fora isso... Depois de percalços e tal, para liberação do onibus, da verba para diária dos motoristas e tudo resolvido... não tinha quem ir! Uma piada! Reunindo as turmas turmas existentes por enquanto do nosso curso, 2008 e 2009, só tinham 9 interessados com certeza da viagem. Como a universidade exige no mínimo metade da lotação máxima do onibus para o liberar, a viagem foi cancelada. Cancelada na última semana. É engraçado que aqui sempre fazemos as coisas na véspera. Acreditem ou não, ano passado viajamos sem saber onde ficariamos, sem ter reserva em lugar nenhum por lá. Passamos o primeiro dia em busca de onde ficar, descobrimos a pousada do Getúlio, alugamos um andar inteiro de loft's e foi incrivel. Tentamos repetir a empreitada esse ano, mas o fim da história foi diferente. A viagem foi cancelada. Óbvio que não iria deixar de ir, afinal, iria apresentar meu primeiro artigo cientifico. Não dava mais tempo de fazer o pedido de custeio da passagem para a universidade. Poderia ter feito, mas tinha que ser com antecedencia de 20 dias, no mínimo. Confiando na viagem com o onibus da federal, não pedi. Tive que comprar uma passagem aérea. Por sorte, após pesquisar e esperar e conseguir o momento certo, achei uma por 400 reais, ida e volta. Dei sorte. Outras, o preço girava em torno de 700 reais. Na váspera da viagem, fui assaltado (assalto mesmo, dessa vez, com uso de força e talz) mas só levaram o celular. Graças a Deus... Se tivessem levado a carteira com os documentos, não poderia viajar. Fui incomunicável para Brasília, mas no fim não fez grande diferença. O segundo celular roubado em menos de seis meses; assim acaba virando hábito. Hehee. Andei de avião pela primeira vez. Minto. Minha mãe conta que já havia andado antes, quando pequeno. Mas era bebê/criança, e não me lembro. Foi normal. Legal, ver tudo de cima, mas nada extraordinário. Bonito o ar condensado que sai da turbina do avião, como se fosse uma fumaça e podendo ser confundida com isso. Ou as partes da asa que se movem para pousar e decolar. Não bonito em si, mas por que me fez pensar sobre os milagres que a engenharia é capaz de produzir. Nesse momentos penso que, sim, devemos valorizar essas coisas. Mas que bobagem, gente que fica admirando os aviões, ou pior, vai visitar ou passear no aeroporto, que elogia o aeroporto por ser bonito. Aeroporto é aeroporto. É normal e não vi nada de extraordinário por lá. Escala em Porto Alegre; viagem mais longa, mas também mais barata. Prefiro assim.
Chegando em Brasília, fui pro Hostel, também conhecido como Albergue da Juventude. Oh que maravilha esses hostels, hein?! E pensar que não sabia da existencia deles até ano passado. É a melhor maneira de se hospedar, em qualquer lugar. Barato e bom. Em Brasília, só é longe. Na verdade, nem é longe em si. O onibus levava menos de 10 minutos de lá até o terminal (lá chamado de rodoviária) central de onibus. Mas o onibus passava de hora em hora, literalmente. Hahaa. É por que o hostel fica na área do setor militar, antiga área de camping. É um setor meio que deserto, onde não existe nada por lá. Como o próprio nome diz, área de acampanhamento e mais adiante, dos quartéis militares. Ou seja, sem grande população. Sem onibus frequente. Todo dia, tinha que ficar esperando um looongo tempo pelo onibus. De certa forma, dessa vez conheci um outro áspecto da cidade. Ano passado, iamos a todo canto com o onibus da federal, que ficava a nosso dispor para nos levar de cima pra baixo. Visitamos todos os lugares e monumentos desse jeito. Dessa vez, vi a vida mais corriqueira, "normal", de quem mora por lá, pegando onibus e tudo o mais. O sistema de onibus é péssimo, ainda mais comparado a Curitiba. E não só pela demora do meu onibus. Para qualquer lugar que você vá, tem que pegar dois onibus. E pagar duas passagens.
Aproveitei o primeiro dia, manhã livre já que o congresso só ia começar à noite, para visitar a UnB, lacuna que ficou faltando na viagem do ano passado. Muito grande por lá. Muito legal. Me senti mais ou menos como na primeira vez que entrei na UTFPR. Menos, bem menos, claro. Estavam em greve por lá. Ano passado quando fomos, me lembro, também estavam em greve. Ironico, não? Hahaa. Fui almoçar no Restaurante Universitário de lá. Comida normal, igual aos do R.U. da UTF e da Federal de Curitiba, ou seja, ruim. Mas lá é 2,50 e tem uma maquininha de suco que você mesmo pega, retira, e repete quantas vezes quiser. Igual na UFMG, em Minas, onde também tem. Gostei muito disso. O R.U. da UTF é a pior coisa que já vi na vida. Comida normal, e absurdamente cara: 3,20. Suco? Mais 1,00 real, por apenas um copo. Em Brasília, as pessoas levam e enxem garrafinhas à vontade. Em Minas também. Enfim... Gostei do clima, da Universidade.
Também conheci o shopping de lá. Conjunto Nacional, é o nome. Já comprei outro celular; teria que fazer isso mais cedo ou mais tarde mesmo. Também conheci outro shopping, Pátio Brasil. Mas gostei mais do Conjunto Nacional por seu projeto arquitetônico. O último andar é o terraço. Você pode subir lá, como era bem antigamente o Shopping Itália, em Curitiba (não sei se ainda é assim, pois faz uns bons 10 anos que não vou lá). Lá no terraço, existe uma espécie de arborização, alguns bancos para as pessoas sentarem e talz. Se você olhar para o céu, vê o sol, se estiver chovendo, se molha. Muito legal. Tem umas poucas lojas por ali, de serviços tipo salão de beleza. Achei bem legal. Voltando ao hostel. Poderia morar ali, sem reclamar. Gente legal, clima agradável. O transporte é um problema, mas...
À noite, o inicio do III Congresso Consad de Gestão Pública. Meu crachá era verde, e o exibia com todo orgulho. Verde era a cor do painelistas; o crachá "normal", de ouvinte, era azul. Além de mim, da universidade só foi o Edival. Nos encontramos lá pelo evento. Confesso que ano passado, fui um ouvidor assíduo. Não perdi nada, prestei atenção em tudo, fiz anotações e talz. Este ano não. Estava mais preocupado comigo mesmo, e com meu artigo. Haha. No total vi só uma das palestras principais, a do Fernando Abrúcio, afinal, era o Abrúcio, um dos mais importantes sociólogos brasileiros, e mais dois trabalhos, ao longo dos 3 dias. Um deles, de um dos petistas que encontramos por lá (já chego nessa parte) e outro de uma menina, Mirian, também graduanda, mas de Economia, de Porto Alegre, que conheci na fila do almoço. Muito simpática, conversamos um monte. Meio liberal demais (políticamente falando, infelizmente.. hehee), mas bem simpática. Os almoços serviram para fazer amigos, além da ótima comida. Na terça, sentamos, eu e Edival, na mesa de uns rapazes, sem saber quem eram. Só depois, notei a camiseta que um deles vestia. Em um lugar em que praticamente todos usavam terno, ele, corajoso, vestia uma camiseta preta dos 20 anos de PT. Quando vi, ergui a minha taça e propus um brinde ao PT. Daí começamos a conversar e todo mundo ficou amigo, pelo resto do congresso. Eram três amigos, do PT de São Paulo. Também são graduandos, de Gestão de Políticas Públicas, da USP, e também estavam ali para um deles apresentar um trabalho, e para ver o trabalho de um outro amigo, já formado. Os caras são muito gente boa, muito simpáticos. Os grupos se uniram e ficamos andando juntos, trocando idéias e talz. Agora, percebo, estou escrevendo numa ordem pra lá de não cronológica, mas também penso que a cronologia não tem tanta importancia assim.
Já que fugi da cronologia mesmo, vou pular pro último dia. Nosso professor Ivan trabalhou com política, no passado recente, antes de entrar para a academia, e conseguiu uns contatos e sugestões, para visitarmos por lá. Um deles, nós visitamos a Secretária das Relações Institucionais, e tivemos uma agradável e produtiva conversa com secretário-executivo do ministério (abaixo do ministro, somente). Mas o mais legal foi a visita ao Congresso. Ano passado, tinhamos ficado só na parte aparente, de visitar plenário e talz, até por que estávamos em um grupo muito grande. Desta vez, só eu e Edival, e mais os três petistas paulistas, pudemos adentrar e percorrer os subterraneos, por assim dizer. O Ivan tinha conseguido um horário no gabinete da Ideli Salvatti, senadora do PT de Santa Catarina. Fomos lá, conhecemos tudo, falamos com a senadora um pouco, bastante com sua acessora... Visitamos a Comissão de Constituição e Justiça, junto com os petistas. Um deles, tinha uma entrevista marcada com o Senador Suplicy, de São Paulo, para o TCC que ele está desenvolvendo no seu curso, e também para tratar de uns assuntos internos do arranjo das eleições (eles são da juventude petista paulista). Fomos juntos... Hehee. Pelo corredor, ainda encontramos a Senadora Marina Silva, candidata a presidente. Entramos no gabinete do Suplicy, e ficamos mais só observando o papo.. bem legal, o Suplicy almoçando no gabinete e conversando com a gente. Foi bacana.
Isso foi já no último dia de estadia, depois da minha apresentação. Voltando no tempo. Minha apresentação. Estava marcada para quarta de manhã.Terça ainda não havia preparado minha apresentação. Hahaa. Claro, já estava delimitada em termos gerais, mas ainda estava refazendo, reescrevendo. Na manhã de terça, fiquei no hostel usando o pc de lá para escrever minhas falas, literalmente, e arrumar os slides. E não é que acaba a luz? Blecaute em Brasília. Nem sei se isso foi matéria dos jornais depois, pois não acompanhei noticiário naqueles dias. Fui pro centro em busca duma Lan House. Espera de uma hora de onibus, breve busca e consigo achar. Ainda bem que tinha salvo o arquivo. Termino de escrever, e voilà. Pronto. Mando imprimir. Segundos depois que retiro o pen drive do pc, a luz apaga denovo. Totalmente sincronisado. Tarde de terça fui para o Consad. Coofe Breaks maravilhosos, cheio de coisinhas requitadas. Ano passado foi só no coquetel de abertura que teve champagne, nesse ano, teve em três oportunidades. Ficou ainda mais chique. Usei a tarde para decorar minhas falas.
Quarta de manhã, acordar cedinho para me arrumar e não me atrasar. Pedi para o rapaz do hostel me chamar, mas nem precisei, consegui acordar na hora. Uma japonesinha muito simpática que também estava hospedada por lá fez o nó na minha gravata (ainda bem, pois ainda não aprendi). Fui para o Consad. Minha grande hora. Repetindo mentalmente as frases, texto pronto, tudo ok. Quando subi lá, minha mãos se apoiaram na bancada e mesmo apoiada não paravam de tremer, por alguns instantes. Mas acredito que não tenha transparecido tanto na fala. Depois da introdução, engatei uma segunda, e fui. O que tinha a ser feito, estava feito, agora era só falar. O Edival filmou, com minha camera. Deu 15 minutos cravados, exatamente o tempo que dispunha para falar. Esqueci dois períodos de frases (nem chega a ser uma frase, e não compromete em nada). Quase começei a falar outro, que havia cortado. Mas deu certo. Deu certo.
Cada painel agrupava 3 ou 4 trabalhos de temas similares. Na sala onde apresentei tinha cerca de dois terços ocupada. Não contei, e também esqueci de perguntar quantas pessoas cabiam, mas chutaria umas quarenta presentes. No fim das apresentações, os ouvintes podiam fazer perguntas, por escrito. Para a primeira mulher que se apresentou, antes de mim, houve uma pergunta. Eu fui o segundo. Para a mulher que se apresentou depois, não houve nenhuma. Para mim, chegaram quatro perguntas. Isso poderia tanto ser bom ou mal, dependendo do teor. Poderia significar que me expliquei mal, e gerei muitas dúvidas ou questionamentos contrários à minha tese, ou poderia significar que suscitei interesse. Afinal, não ter nenhuma pergunta também é ruim, uma vez que significa que seu trabalho não gerou interesse de ser discutido e debatido. Pelo teor das perguntas, fico feliz, o que aconteceu foi que gerei mais interesse. Uma queria saber se considerava o modelo da Escola de Governo o ideal. Não há ideal, respondi, mas é um passo adiante. Outra queria saber como conciliar os interesses personalisticos e a publicidade de governo. Dificil conciliar. Respondi direitinho, nem lembro direito o que. E assim foi... Uma das perguntas até trazia no campo "encaminhar para" onde devia ser escrito o nome do palestrante ao qual a pergunta era dirigida escrito "Dr. Márcio". Apesar de ser bem jovem, parece que falei com tanta propriedade que me confundiram com alguém com doutorado. Outra coisa que me deixou muito, mas muito satisfeito mesmo, foi logo em seguida que a mesa foi desfeita, muitas pessoas vieram me cumprimentar, se apresentar, elogiar, e tudo o mais. Uma pediu o trabalho (não deveria saber que estava no CD que veio junto ao material do congresso) e os slides que usei. Outra perguntou se minha formação era direito ou jornalismo. Ou seja, pressupôs que já era formado, e numa dessas áreas. Disse que ainda era graduando, em gestão pública e também em comunicação institucional. Uma das coisas que estava inseguro, pois meu artigo é mais carregado na parte teórica que na análise propriamente dita, foi justamente o ponto elogiado. "Ah, eu gostei por que você fundamentou bem seu trabalho.", disse uma mulher. Veja, e isso não são quais pessoas, mas experientes, que trabalham e fazem a área de gestão pública. Mais do que por ter conseguido me apresentar bem, fiquei muito satisfeito com o feedback, com as respostas e elogios das pessoas. À tardezinha, já saindo do congresso, cruzo com outra mulher que também vem me cumprimentar. Secretária de alguma coisa do Pará. Disse que viu meu trabalho pela manhã, que havia gostado muito, queria me dar os parabéns e talz. Poxa, de verdade, fiquei feliz com essas respostas. Me deixou confiante. Feliz.
Bom, como está indo em ordem não cronológica, acho que é isso. Tivesse escrito no dia, seria muito maior e mais detalhado. Hoje, permanece a essência. Foi muito bom. Foi incrivel.
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