quarta-feira, 14 de abril de 2010

Incômodos

Sabe uma coisa que me incomoda? Bem, na verdade, muitas coisas tem me incomodado ultimamente. Mas tem algumas que me incomodam mais. Ausencia de antitese é uma delas. Há dois anos somos bombardeados por apenas um lado da questão. Não há antitese. Ausencia de mudança de estado é outra. Acho que é isso que caracteriza o verdadeiro processo universitário, transformador. Ou como Piaget falava, a formação de estruturas cognitivas atualizáveis. As pessoas esquecem o que já foi visto, como se nunca tivesse estudado aquilo, e continuam com o mesmo pensamento do primeiro dia de aula. Isso é triste. Vejo alguns amigos meus e a mudança, a transformação do pensamento. Sem querer ser pretencioso, em mim também. Mas em outras pessoas não. Me irrita. Uma última coisa que me incomoda é o nivelamento por baixo, o ensino baseado no senso comum. O aluno pode se basear no senso comum para trazer o abstrato para sua vida, não o professor. Já vi mais filmes na Litoral do que na aula de linguagem visual, onde é mais do que pertinente passar filmes. Enfim, só mais alguns resmungos. Um dia ainda escrevo algo mais profundo. Por hoje, basta.  

terça-feira, 13 de abril de 2010

Mudanças Sutis

Algumas mudanças, no dia a dia. Sutis, mas assim ocorrem os processos verdadeiros, não forçados, organicamente. 
Finalmente começei a acadêmia, que, literalmente, já vinha postergando a idéia/desejo há tempos. Faz duas semanas. E meia. É importante o "meia" em um processo como esse. Mas por enquanto, nenhuma mudança drástica. Isso vem com o tempo. Estou indo 3 vezes por semana, por enquanto.
Outra mudança, finalmente começei a "trabalhar" no trabalho que já tinha, a bolsa da federal. Agora tenho tarefas a fazer. E mais legal é que tem a ver com comunicação. Fazer clipping de determinadas noticias e análise do conteúdo delas. Parece que vou apredner mais coisas ainda. Bacana.
Outra coisa que está de mudança é o autor desse blog. Calma. Continuo sendo eu. No entanto, um comentário piadistico do Carlos num post, já devidamente censurado (isso não é uma democracia) dizia: "aí, amiguinho, gostei muito desse caderno de confidencias virtual" (algo assim). Isso me alertou para as intenções desse blog. De fato, é um pouco isso, com meus eventuais resmungos. E qual o problema? O único problema é o da autoria, uma vez que estou falando pessoalidades com nome e sobrenome, institucionalmente falando. Passo a assinar somente "Márcio". Mais pessoal. Mais adequado.
Só é uma pena que essa mudança vá se aplicar também às postagens antigas, anteriores. Não gosto de alterar a história. E até onde sei, não há outro modo de fazê-lo. Mas tudo bem. Talvez, no futuro, mude novamente de idéia, de assinatura, e esse mesmo post seja assinado de outra forma, o que tornará meio estranho isso que escrevo nesse momento. Mas tudo bem.
Sigamos em frente.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

O eu e o nós

Nas aulas de TCC I frisou-se bastante sobre o uso do eu, do nós, e do verbo impessoal. A Angela, professora da matéria, disse ser inadequado o uso do "eu", pois quem fez o trabalho não foi só você; você não criou aquilo tudo. Concordo em parte, apenas. Não criei, mas reinterpretei. Dei minha contribuição. Por eu ser dialético e tender à antitese, me opus ao que ela disse. Curioso que realmente tenho essa tendência à antitese. Discordo até do que concordo, pois acho que a discordância e a critica contribui para o aperfeiçoamento. "Você também vai morrer", sussurava o servo ao ouvido do rei, depois de suas mais gloriosas vitórias, para lembrar-lhe que também é mortal e pertence a esse mundo. Ainda que seja grande, é pequeno. Gosto disso. Voltando ao TCC. Discordei sobre o "eu". Ela deu uma resposta qualquer, tipo "ronaldo", diria a Sissa. (nota para o futuro: essa é uma gíria usada nesses dias, símilar à expressão "próximo", para desígnar algo no sentido de "não estou nem aí"). Nunca gostei desse uso do eu. Mas sinceramente tenho repensado sobre isso. Não digo no TCC, pois há orientador e tudo o mais, ou seja, realmente mais de uma pessoa. Mas...
Outro dia estava lendo o texto de um sujeito chamado Duarte (não sei seu primeiro nome), para psicologia da educação. Ele escreveu o livro, não há mais ninguem. Ele defende uma nova abordagem, uma nova perspectiva, ou seja, é ele, de fato, que ali está (não simplesmente uma revisão de algo dito). Mas insiste no uso do "nós". Tento olhar ao redor e não vejo mais ninguem além dele. É irritante ao máximo. Já há tempos simplesmente detesto esse uso do nós. Penso que é usado para tentar conferir coletividade e aceitação a algo que é pessoal. Na política, se usa muito. "Nós vamos ganhar essa eleição". É uma tática de linguagem mais que justificável na política. Não na academia. Quando se faz um trabalho em equipe, então sim, o nós é adequado. Do contrário, realmente desgosto. 
Então surgue o "eu", que a Angela tanto despreza. No entanto, todos os textos de psicologia da comunicação que lemos até agora, Freud, Le Bon, e outros, o autor usa o "eu". É engraçado ver esses autores, mesmo fazendo pesquisas em grupo, se baseando em outros autores (desculpa que a Angela deu para o não-uso do "eu"), eles não se furtam em dizer "eu penso", "eu desenvolvo a tese" e por aí vai. De fato, é o autor quem pensa. Parece um pouco arrogante, é verdade. Mas quem é grande ou se quer grande, não tem como não deixar de lado um pouco de arrogancia. Mesmo rumando contra a maré, tenho gostado desse uso. 
O que não gosto, definitivamente, é desse mesmo uso do "eu" na vida real. Não vejo problemas gigantescos em usar o "eu" em um trabalho academico, mas não suporto pessoas, egocentricas, que começam a falar de "eu, eu, e eu", e não param mais. Simplesmente odeio. O uso do "eu" na vida real, isso sim, acho problemático. Pessoas que chegam para outras e, antes de serem perguntadas, já começam a falar que "eu fiz isso e aquilo". Acho arrogancia, só olhar para si mesmo. Umas semanas atrás, houve uma reunião na federal, e um amigo começou a falar como "eu pensei..  eu falei"... Idéias que, essas sim, pertenciam à coletividade, mas ditas na primeira pessoa. Penso que essa é a pior situação possível. Mas relevemos, relevemos. Há que se relativizar. Palavras de salvação da antropologia.
O terceiro uso é do impessoal. Chocho, sem sal. É a saída mais usada, pois não desagrada a ninguem. Eu mesmo, gosto de usar. Acho que sim, tem sua validade. Na vida real, não dá. Na academia, é uma boa saída.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Sobre mediocridade

Cada vez mais tenho considerado meus professores ruins, muito ruins. Há três hipóteses para explicar isso. A primeira é que eu estou cada vez mais de mau humor. Isso até ocorre um dia ou outro (bem frequente, ultimamente), mas a impossibilidade disso ocorrer em modo permanente depõe contra essa tese. A segunda é que estou cada vez mais exigente. Pode até ser, em certo áspecto, mas também não se efetiva completamente pois também reconheço as grandes qualidades de alguns poucos professores. A terceira hipótese, e mais plausível, é que sim, há um esforço coletivo em direção à mediocridade. Cada vez mais meus professores são terríveis. 
Terças-feiras, a professora de gestão de finanças adora não dar aulas. Já perdi a conta de quantas aulas ela não deu. Ou inventa artificios. Outro dia, passou um filme, que nada a ver tinha com o tema. "A gente não pode ficar com a mentalidade só focada numa coisa, senão perde a perspectiva", foi algo assim o que ela disse, para se justificar. Achei um absurdo completo. Total.  Ridículo. Fosse uma aula que eu gostasse, reclamaria sem dúvida. Gritaria. Como não gosto, por mim tudo bem. Azar de quem gosta (e há quem goste!) e não reclama. Essa é uma das piores professoras que já conheci. Um dia, não deu aula, sei lá por quê, e, para não ficarmos ao léu, nos enviou para ver uma aula de um outro professor, junto com a turma de calouros. Ridiculo, não? Esse outro professor até é bom. Conversando com ele no corredor, ele faz muitas referências, e realmente mostra domínio sobre o conteúdo. Mas nessa aula, ao menos...  poxa, que coisa! O sujeito conseguiu dar quatro aulas seguidas sobre burocracia, expôr toda a história da coisa, seu surguimento e desenvolvimento na China, a etapa européia e tudo o mais, sem citar o nome de Weber. Mostrou toda a coisa (que já tinhamos tido um ano antes. Por que estavamos ali mesmo?), como se fosse uma verdade absoluta, trazida dos céus, e não uma teoria elaborada por um sujeito chamado Weber. Simplesmente odeio omissão de fontes. Odeio quando não citam o autor.
Segunda-feira, tem aula de editoração gráfica, na UTF. É uma das piores professoras que já conheci. E nem é pelo seu jeito, por que é bem simpática e tudo o mais. Mas essas talvez sejam as piores, pois enganam... E não estou falando por causa da piada interna que se construiu entre nosso grupo masculino de amigos de que ela não tem alma. Falo por que ela não sabe ensinar e não gosta de ensinar. Um dia, no fim da aula, sobraram uns poucos alunos e iamos conversando, enquanto cada um arrumava suas coisas. Expôs ela muito de seu pensamento naquele dia e revelou por que é uma professora tão ruim. Disse que considera essa disciplina secundária em nosso curso, e que devia ser optativa. Disse "você sabe topografia? sabe (isso e aquilo, uns exemplos idiotas de design)? Então como posso te cobrar alguma coisa?!" O que se revelou foi um sentimento de corporativismo como raras vezes vi na vida (e olha que acompanho de perto as noticias dos bastidores do judiciário!). Havia contado de minha entrevista no Ministério Público e que o rapaz lá elogiou justamente eu ter editoração no curriculo, como ponto extra. Ela ficou irritada, com ciumes, eu diria, como se dissesse "vocês não são nem podem ser designers, por que não fazem esse curso". Tive vontade de lhe responder que desing não é ciencia e qualquer idiota faz. E é verdade. Não se faz medicina ou engenharia sem estudo e fundamentação, assim como também não se faz sociologia sem isso (ela é só isso, se você notar bem...  hahaa). Mas mesmo a comunicação, não requer fundamentação para ser feita, assim como o desing. Todas as teorias que tivemos de comunicação serviram sim, e ajudam, como um lastro para a prática, mas alguém que nunca ouviu falar de Kunsh, Teobaldo, Adorno, Habermas, Barbero e tantos outros pode eventualmente fazer comunicação muito melhor. Assim como saber topografia (ou era tipografia? algo assim) é um lastro que ajuda, mas alguém criativo pode fazer design muito melhor do quem sabe isso, sem nunca sequer ter ouvido falar nisso. Se tivessemos uma professora interessada em ensinar, né? Mas não temos... Sabe aquele tipo de pessoa que é dona do conteúdo? Então... Hoje (ontem, dependendo do ponto de vista) ela diz algo assim "em questão gráfica, eu não posso avaliar vocês, pois vocês não têm esse domínio". Porra, se você não vai avaliar em questão gráfica vai avaliar em quê? Nós não temos o domínio por que você não ensina. Se ensinasse, talvez tivessemos. É seu dever ensinar e cobrar que tenhamos esse domínio. Mas ela é pretenciosa e corporativista e acha que só se pode fazer design os que cursam design. É como se o Zama dissesse que não pode nos avaliar em relação à psicologia pois nós não somos psicólogos. Pô, justamente por isso temos uma matéria de psicologia, para aprender o essencial dessa área à comunicação, senão não precisariamos dela. Fossemos designers não precisariamos disso também, mas ao contrário, ela não ensina o essencial de sua área à nós. O Zama (na verdade, os autores que o Zama trás) analisa isso muito bem, em Psicologia da Educação, disciplina extra-curricular que estou fazendo nas terdes de sexta junto com a turma de letras, por puro gosto (como se tivesse pouco o que fazer). Disse ele, certo dia, que o professor tem que ter tesão em dar aula. Se não tiver isso, não tem nada. Não há nada pior do que um professor sem tesão em dar aulas. Isso se nota claramente nessa professora de editoração. Além de não ter alma, ela também não tem tesão.
Mas como disse lá no começo do texto, também reconheço algumas honrosas e gratificantes exceções. O Zama é uma delas. Como é um elogio, posso citá-lo. Omiti os nomes dos professores criticados para respeitar essa pseudo-ética vigente. Discordo metodológicamente em alguns pontos do Zama, como na compartimentalização do conteúdo: se estamos estudando Freud, é Freud, nada de citar Weber. Penso que é justamente quando você consegue fazer essa ponte, confrontando autores, conectando onde se contrapoem e onde se completam, que você realmente mostra domínio sobre o conteúdo. Mas isso é de ordem metodológica. As aulas dele são extraordinárias. Raras vezes vi alguém tão bom. Há professores (muitos) que fazem a aula sobre o nada, alicerçado no nada, apenas explanam, expositivamente, como se estivessem ensinando verdades absolutas (não teorias e teses de autores) para o ensino médio, e há outros (como um, semestre passado) que simplesmente pegam um livro e vão trabalhá-lo inteiro durante o semestre, sem discernir o que é ou não importante. O Zama dá os textos, originais dos autores, não comentadores, longos, densos e gigantescos, e nas aulas vai selecionando trechos e explicando o mais importante. Ou seja, ele dá uma aula de resumo, como os outros fazem, mas sobre algo palpável (a Valéria tem metodologia semelhante, e é igualmente boa professora). Uma coisa que me admirei, que não consigo conceber nenhum outro professor que tivesse esse preciosismo, foi certo dia em que, numa aula sobre Freud, ele dividiu o quadro no meio, para deixar claro o que era a tese do autor ("isso pertence ao campo da psicologia"), e o que era sua interpretação do autor. Praticamente todos professores que conheço provavelmente se deixariam contaminar por sua interpretação e a ensinariam. Mas o Zama, mesmo num curso de tecnologia (voltado ao mercado, não à academia) mostra uma preocupação com o saber, para que os alunos não confundam o autor e a interpretação do autor. Foi uma coisa bonita como raras vezes vi na vida.
Há muita mediocridade, mas também há coisa boa. Pouca, mas que vale por muita.

domingo, 4 de abril de 2010

Idéias avançadas e tardias

Já decidi meu TCC, e agora é "tarde" para voltar atrás. Tarde mesmo, não é, mas gosto do meu tema. É um tema bom. Farei mesmo sobre o blog da Petrobras. Mas tenho pensado esses dias sobre uma outra coisa, que nem sei por que tem me vindo à mente. Tenho um título, que já fala por si só: "Sábias lições: contribuições do nazi-fascismo à teoria e à pratica da comunicação". Creio que já escrevi sobre isso, num post em que cito Goebbels (intitulado "quem disse"), sobre como não gosto que, só pelo sujeito como ser humano ter sido um monstro (e de fato era) jogar no lixo como se também fosse monstruosidade tudo que ele disse e defendeu pela vida. Creio que o nazi-fascismo, em Goebbels e em Hitler, tenham dado valorosas contribuições ao processo da comunicação. Por incrivel que pareça, apesar da vastissima super-produção que já ocorreu sobre quase tudo que diz respeito à esse período histórico, até onde eu sei, não há uma produção que faça o resgate e o elogio à essa contribuição. O meu trabalho seria um resgate, em tom elogioso, das idéias comunicativas do nazismo. Por que críticas, até há, não precisamos repisá-las. Mas ninguem nunca reconheceu a genialidade que também há. É inacreditável. Mas sabe, mesmo que tivesse me ocorrido isso antes, creio que não faria. Mesmo eu, não sou forte o bastante para rumar contra a corrente. Não sei se teria "coragem" para produzir uma obra elogiosa ao nazismo. Ainda que tivesse, nunca, jamais, seria referendada e aceita pela sociedade e pela comunidade academica, que se acha muito avançada, mas tem a mentalidade pequena, restrita por sua época. Gente pequena, de mente pequena. Essa é a definição de nossa comunidade acadêmica, ilustrada na figura que prefiro não citar mas que comanda os trabalhos de conclusão de curso na universidade tecnológica. Se acha grande coisa, se acha progressita; é pequena, com mente pequena. Não aceitaria um trabalho à frente de seu tempo. Gente pequena, que atravanca o avançar do pensamento. Não sei se serei eu, provavelmente não, mas algum dia alguém ainda irá produzir um material assim e se colocar à frente de nosso tempo. Um dia. Até lá, senhores.

sábado, 3 de abril de 2010

Significações

É vespera de páscoa (existe esse termo?). Bem, é sábado. Ontem foi sexta-feira santa. Amanhã é páscoa. De um tempo para cá, essas datas festivas, representativas, perderam seu significado para mim. Explico. No passado, comemorava essas datas, como verdadeiramente representativas. Do ano passado para cá, essas datas não me tocam mais. Continuo acreditando nelas, em seu significado maior, em Deus, da mesma forma. Mas a data em si, do Natal, da Páscoa, e mesmo de outras comemorações, como aniversários... Parece não suscitar mais um espírito de comemoração, de celebração, como eu sentia, no passado. Não sei explicar o por que disso. Enfim...

quinta-feira, 1 de abril de 2010

O Paciente 67

Por esses dias assisti “Ilha do Medo”, novo filme do Scorsese. Se você ainda não viu, pretende ver e não quer ter a surpresa estragada, pare de ler por aqui. Esse texto contém spoilers, ou seja, informações e comentários sobre elementos importantes da trama e sobre seu final. Não teria graça fazer um comentário sem isso, uma vez que não estou escrevendo uma critica isenta para um veiculo jornalístico. Se um dia estiver nessa posição, o farei muito bem, mas não é esta a intenção hoje. Aviso dado, lá vamos nós.
O filme é excelente. Me reconciliei com Scorsese, que havia passado a odiar depois da merda (pela qual ganhou um injusto Oscar) de Os Infiltrados. Ilha do Medo; o título em português é muito ruim. O original, Shutter Island, ou Ilha Shutter, é bem melhor. Mas ainda melhor, excelente mesmo, é o título do livro no qual o filme se baseou: “Paciente 67”. Parece picuinha com o título, mas às vezes ele revela e significa muito de sua trama. O filme, ao mesmo tempo, consegue surpreender em sua seqüência lógica, ao mesmo tempo que não se dá a invencionices. Vou explicar. Mas explicar em termos diretos.
O filme tem duas linhas, digamos assim. Começa com o DiCaprio como o detetive que vai investigar a ilha. Aos poucos, vai se inserindo a idéia do paciente 67, de que ele (DiCaprio) deveria fugir, de que ele foi atraido à ilha, de que ele pode ser ali aprisionado. Lá pelo fim do meio e começo do final (depois ainda tem um bom tempo de filme, uma meia hora), é revelado (ou inserido a hipótese) que ele na verdade é um paciente, não um detetive. Ok. Um filme que quisesse "inventar" procuraria uma nova revelação no final, de que ele era sim o detetive ou algo assim. Ele não "inventa". Não precisa inventar. E isso é genial. No fim, o que é é justamente o que já estava sendo sugerido desde o inicio, o filme não tenta "enganar" o público. O que o próprio título do livro já sugere. O que mesmo no trailer já passava a idéia. Ele é o paciente 67. Genial. 
Outro ponto que também gostei foi o final. Ele deixa a coisa meio que em aberto, apesar de apontar para uma solução. Depois de "assumir" ser o paciente 67, parece que lembrou sua identidade, e é isso. Na última cena, no diálogo final, ao lado de seu parceiro/médico, fala novamente como se fosse o detetive. Indica que a assunção de ser o paciente era fingida. Ele caminha para a lobotomia, e sua ultima frase é: "é melhor morrer como um homem bom do que viver como um monstro". O que se entende? Ele sim, era o paciente, e enquanto paciente, fingiu que achava que era o detetive, para ser morto, mas morrer, como um homem bom (o detetive) a viver com a consciencia de sua monstruosidade (o paciente). Isso foi o que entendi. É minha interpretação.
Gostei, pela interpretação que fiz, pelo resultado final, e pelo caminho percorrido naturalmente até chegar nesse resultado, natural e não forçado, como se vê em muitos suspenses. Gostei. Recomendo.