Queria inserir um vídeo aqui, mas não sei como. Acho que tem como fazer, por que já vi coisas assim, mas não sei fazê-lo. Explicaria melhor meu comentário, mas tudo bem, deixo o link para o vídeo no youtube (é este aqui http://www.youtube.com/watch?v=W1dIC-Mkku4).
Vi esse vídeo por acaso, hj. Logo no início Chico Anísio diz "Todos os dias produtos, marcas e serviços desfilam na tela da televisão. Você assiste, escolhe, e é você quem decide quais deles vão fazer parte do seu dia-a-dia". Ele ainda dá ênfase no "você", em "você que decide".
Quero, aqui, apenas refletir sobre uma questão fundamental da comunicação, do marketing, da sociologia, e áreas afins: a vontade. A vontade pessoal, sua abrangencia e seus limites.
Os teóricos do marketing, Kotler mas não só, dizem que o marketing não cria vontades, ele existe para "atender as necessidades humanas". Ora, com todo respeito, isso é uma grande babaquice! E esse idiota é considerado o papa do marketing. A questão é: eu tenho uma visão crítica, não gosto de manipulações. Mas mesmo para quem gosta de marketing, de manipulações e todas suas vertentes, poderá fazer muito melhor seu trabalho, tendo consciencia dele. Desse modo, de que adianta alguém, um marketeiro, acreditar que "vai satisfazer as necessidades humanas". Nesse sentido, novamente Marx está certo. O marketing cria o desejo. Reconhecer isso, contribui não só para a critica do marketing, mas para a sua própria feitura. Ou seja, para os dois lados da questão. Mas existe, sobretudo na academia, um receio ao políticamente incorreto, de modo que, ela só pode legitimar o "correto". Assim, a academia (sobretudo faculdades de comunicação, como a minha própria) busca justificativas para o marketing, dentro do políticamente correto, pois "atende às necessidades humanas", como se fosse errado ensinar "manipulação", como se, uma vez reconhecido que o marketing é manipulação, não pudesse ser ensinado. Ora, qual o problema de, efetivamente, dizer: isso é uma técnica de manipulação, e vcs vão aprende-la. Enfim...
Voltando à vontade. Em que medida temos realmente uma vontade? A nossa vontade é nossa? Ou pensamos que é nossa? Laswell, e etc (e alguns publicitários até hj... rsrss) achavam que o conteúdo transmitido pela tv tinha influencia máxima, não havia reação do consumidor. Bom, não é bem assim. Não existe determinismo, o ser humano tem reação, mas qual a abrangencia dessa reação? Acredito que seja uma reação limitada. Não estou dizendo que somos determinados pela propaganda, como Laswell, mas também não acho que possamos nos considerar "livres", como propõe a fala do vídeo, em que "decidimos". Decidimos somente dentro do contexto no qual estamos inseridos, e com as informações que dispomos. Essas informações são passadas pela comunicação, pela publicidade, e portanto nossa decisão e nossa racionalidade é limitada. Também não acredito em racionalidade, nem na teoria da ação racional. Existem muitos fatores psicológicos e sociais que, usados pela propaganda, influenciam uma tomada de decisão de compra. A questão toda é: temos vontade, mas é manipulada, em diversas esferas e em diferentes graus, por diversos meios e modos. Temos sim reação, mas definitivamente não somos livres.
Tudo isso por que não gostei nada do que o Chico Anísio falou. Acho que ele (ou o sujeito que escreveu o discurso dele) está redondamente errado.
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
Homens invisíveis
Encontrei esta charge na internet, por acaso, dia desses. Gostei muito. É uma critica social ao modo como tratamos aqueles que são desvalidos, que por não terem posses são socialmente esquecidos, ignorados. Na imagem, são retratados moradores de rua, sob uma ponte. Acho que a lógica se aplica, em menor ou maior grau, a diversas classes sociais, como no modo, por exemplo, como tratamos subalternos, faxineiros, porteiros, etc, como se não existissem, como se fizessem parte do mobiliário do local. No caso dos moradores de rua, tudo fica muito mais evidente. Eles, assim como o papai noel, simplesmente não existem. E o mais engraçado é que, mesmo não existindo (para nós, para a sociedade) ainda mantém o espirito de comunhão (comunista?) e convidam o bom velhinho a se juntar a eles. Fosse a classe média na charge, papai noel em vez de ser convidado para a ceia, seria rechaçado a balas.
segunda-feira, 4 de janeiro de 2010
Diário de viagem do Rio de Janeiro
Este é meu primeiro post desse ano. Tenho muitas coisas a contar, a falar, mas aqui, agora, acho inevitável, com entusiasmo, transformar este pequeno espaço virtual num diário de viagem. Porque cheguei do Rio de Janeiro anteontem, sábado, onde passei o reveillon, e há muitas coisas a falar, a contar, a registrar. Se a função de blog ou um diário é, entre outras coisas, registrar no papel (ainda que virtual) os relatos, sentimentos, e aquilo que a memória, no passar do tempo, se apagam, é muito importante escrever, escrever, e escrever. Registrar. Não sei para quê, mas falar. Contar. Triste talvez, penso agora, que estou contando essas coisas a este papel virtual e não a um amigo, mas tudo bem, não é esta a reflexão de hoje.
Pois bem. Loucura de fim de ano. Viajei sozinho para o Rio de Janeiro, para passar o reveillon 2009-2010 lá. Peguei o onibus em Curitiba às 8 da noite do dia 30 e cheguei às 9 da manhã do dia 31. Passei dia 31 e dia 1º de janeiro lá. Voltei dia 1º, à noite, chegando de volta em casa dia 2, pela manhã.
Nada muito relevante sobre a viagem de ida. Não consegui dormir direito, o que é raro para meu relacionamento com os onibus; geralmente caio no sono antes que partam. A poltrona tinha uma parte que abria, na frente, para que esticassemos as pernas sobre ela. Não sei explicar direito. Pena, esqueci de tirar uma foto disso, entre as 1010 (mil e dez!) fotos que tirei. Mil fotos em dois dias é meu novo recorde de fotos tiradas.
Estava chovendo muito quando cheguei. Engraçado que saí de Matinhos, onde tradicionalmente as ruas se alagam, para enfrentar alagação no Rio de Janeiro. É, as ruas estavam alagadas. Cheguei e fui direto pro Catete. Já havia me informado antes, telefonado e tal, e o Catete dia 31 ia fechar ao meio-dia; não iria abrir dia 1º, então isso se tornou meu primeiro compromisso. Uma coisa foi engraçada. Fui perguntar pro cara do equivalente à URBS de lá, onde parava o onibus pra ir pro Museu da República. "E onde é o museu da república?", respondeu, com o sotaue carioca. Museu da República é o nome atual daquilo que um dia foi o Palácio da Catete. Achei engraçado que o próprio carioca, morando na cidade, não soubesse disso. Os onibus lá são por numero, não por nome. Gostei mais assim. Por sinal, gostei muito do transporte público de lá. Tinha que pegar o 178 ou o 179. A pronúncia de como todos chamam os onibus é numeral e numeral, e não a centena inteira, ou seja um-sete-oito, ou um-sete-nove. Preferia o um-sete-nove, que ia pela Praia Vermelha, mas o um-sete-oito já estava lá, e como não sei quanto tempo os onibus demoram por lá, peguei o um-sete-oito mesmo. Desci onde a cobradora avisou. Ainda chovendo, andei por uma rua e achei, o Catete. Em frente, as ruas completamente alagadas. Enfrentei um tradeoff, uma escolha. Podia esperar baixar, mas o Museu fecharia ao meio-dia, ou podia enfiar o pé na água. Não havia caminho alternativo. Desse modo, logo após ter chegado, inundei tênis, meia, e parte da calça (mesmo dobrada) enfrentando o alagamento carioca. Usaria o mesmo tênis e meia pelos próximos dois dias, mas tudo bem. Secou. Hehee.
O museu é legal. Gosto de coisas velhas. Por sinal, gostei muita da cidade por ter o que defini como "espírito". Nem todas cidades tem um espirito. Não senti um espirito em Belo Horizonte, tampouco em Blumenau. Não sei se essa é a definição correta. Daqui a pouco vão me criticar assim como se critica os gerencialistas por falar em "cultura" organizacional, mas isso é um blog, santo Deus! Continuando... O espirito da cidade. É uma coisa assim meio envelhecida, sabe como? Como um bom vinho, envelhecido. Todas cidades tem um centro histórico, e lá estão as peças raras, da história e tal. No Rio, para qualquer canto que você vá, existe algo historico ali, um pedacinho de história. Os prédios velhos, alguns bem conservados, outros não. Não ficam restritos a um centro histórico, são sim toda a cidade. Gosto de coisas velhas e envelhecidas, como um bom vinho, ou uma boa amizade.
Saindo do Museu, passei em frente a um hostel. Hostel é a rede também conhecida como Abergue da Juventude. Existe no mundo inteiro. Pessoas associadas (por sorte levei minha carteirinha) podem se hospedar em quartos coletivos, por preços bem abaixo dos cobrados pelos demais hotéis, no mundo inteiro. A carteirinha custa só 20 reais a nacional, e 40 reais a internacional. É bem bacana. Entrei mais por desencargo de consciencia, pra não dizer que não tentei. Assim, minha intenção era não gastar dinheiro, e como a virada do ano no Rio entra madrugada adentro, minha intenção era virar a noite, madrugada adentro, na praia. Já fiquei muito mais que 24 horas acordado, e uma noite em claro, 30 horas acordado, seria totalmente factível. Mas sei lá por que entrei, pra perguntar. "Você tem vaga, quarto?" "Tenho sim, uma só. Desistencia" Pensei: ok, agora o preço e você desiste. Dependendo, desistiria mesmo. "80 reais". Acabou saindo por 76, com o desconto adicional pra estudante. Não é assim barato barato, mas achei razoável para a ocasião. Depois ela comentou que o preço normal é bem abaixo, 40 e pouco, mas na alta temporada (reveillon, carnaval, eventos esportivos) todos dobram os preços. "Você é sortudo, um monte de gente já entrou aqui perguntando a mesma coisa, e não conseguiu". Pois é, sorte, que bom. Acabei ficando. O lugar é legal, limpo, aconchegante e seguro. Tem até internet! Por falar em segurança, realmente estava com receio nesse áspecto, mas achei a cidade bem segura. Não notei em nenhum momento qualquer rompante de perigo. Está certo que devo reconhecer que fiquei no nível daquela artificialidade de mundo em que vive a classe média, protegida do mundo real, ignorando o mundo real. Fiquei dentro da artificialidade, não vi a verdadeira cidade, o verdadeiro Rio, as favelas e tal, mas dentro dessa artficialidade do circuito Catete-Copacabana-Ipanema, me senti totalmente seguro.
À tarde, fui pro Pão de Açucar. Peguei o Metrô. Nesse momento, quase vazio. Tranquilo e rápido. Gostei. Fiz conexão do metrô com um onibus, com o mesmo ticket pra chegar no Pão de Açucar. Já falei que gostei do sistema de transporte público de lá, né? O Pão de Açucar é legal. Subir de bondinho e tal. Não sei se tem muito o que contar. A vista é linda, impressionante. Sai meio deprimido porque foi nesse momento que foi completamente por agua abaixo maus planos que gastar bem pouco. Tinha uma lojinha de souvenirs lá em cima, e bem.. bem, eu gosto de souvenir. Que droga, acabo de perceber que também não tirei foto da grande e bonita sacola de papel (daquele papel bom, sabe como?) da loja de souvenirs. Mil fotos, e ainda ficou coisa sem tirar foto. Enfim...
Depois queria ir pro Cristo, mas já tava tarde. Até tentei ir, mas ou me deram informação errada, ou se enganaram, ou sei lá. Fiquei uma meia hora esperando o onibus indicado para o Cosme Velho, pro Cristo, mas não passava. Como já ia fechar mesmo (disseram que fechava às seis, e já era cinco), desisti e deixei pro dia seguinte. Voltei pro hostel e descansei um pouco enquanto a camera recarregava. Acho que fiquei mais num hotel pra ter uma tomada que outra coisa.
À tardezina, resolvo ir pra Copacabana, onde ia ter os fogos e tal. Não queria ir muito cedo, pra não ficar esperando e tal, então propositalmente dei um tempo. Saí umas sete. Parei um tempo numa igreja, antiga e bonita, não sei qual é, fica no Largo do Machado, que também é onde fica a estação do metrô. Comprei flores pra jogar no mar. As flores, mais por ritual. Um ritual que nunca fiz, mas é bom fazer coisas novas, quando se está em lugares novos, não? Aí veio a surpresa. O metrô estava fechado pra venda de passagens, aberto apenas pros passageiros. Armaram um esquema especial para o reveillon. Venderam ingressos antecipados, com o horário de embarque pré-determinado, para que não houvesse tumulto e acúmulo de pessoas num só horário. Assim, tinha uma série 19-20 horas, outra 20-21 horas e assim por diante até meia-noite. O mesmo cartão valia pra volta entre meia noite e 5 da manhã. Lógico que não sabia disso. Tinha um cambista na porta, mas só tinha cartão pra série de 22-23 horas. Ia ter que esperar até às dez da noite? Que merda! Ainda bem, logo depois, achei outro que consegui um ticket de 20-21 horas. Paguei pra ele 10 reais, ao invés dos 5 reais no preço oficial, mas é justo. Tive que esperar só mais 15 minutos e embarquei. Saindo do metrô, lembrei da tese do estouro da boiada, e segui a multidão. Ela certamente saberia o caminho por onde seguir. Duas quadras depois, cheguei à praia de Copacabana, em frente ao famoso Hotel Copacabana Palace. Fiquei por áquela área, que era a area principal. Na praia, um palco armado, onde cantores se apresentavam. O único que me interessei em ver foi o Hebert Vianna, do Paralamas. O resto ignorei. O som tava um merda. Da beira da paria, onde fui depois observar os fogos, não dava pra escutar nada. E veja, eu sou o cara que odeia aparelhagem de som. Pra mim, podia ser tudo "in natura", como nas óperas. Abomino o uso de microfone e amplificação. Então pra eu reclamar que faltava isso, é por que estava ruim mesmo. Mais perto da hora, uma verdadeira multidão se agloremou, se juntou, perto e perto, pra caber todo mundo. Não tão aglomerado quanto o metrô lotado que peguei pra chegar ali, mas muita gente mesmo. Fogos bonitos, muito legal mesmo. Sinceramente, esse foi o momento mais chato pra mim. Diferentemente da visita aos pontos turisticos, ao museu, que pode ser feita individualmente, este é um momento de interação social. E eu estava sozinho, sem nenhum amigo. No momento seguinte à virada, todos ao redor abraçando seus amigos, eu olhei ao meu redor e não havia ninguem para abraçar. Apenas sussurrei um "feliz ano novo". Vi os fogos, realmente bonito. Cenas engraçadas, como uma longa fila para usar a lateral (sim, a lateral!) do banheiro quimico instalado na praia. Pessoas bêbadas, enfim... Fui embora era umas duas da manhã. Fila gigantesca para pegar o metrô, aglomeração dentro dele. Voltei, dormi.
Dia 1º de janeiro. Pela manhã, café da manhã no hostel. Gostei, legalzinho. Fui me informar, e descobri que ia ter um "FavelaTour" saindo dali, à tarde. Fiquei entusiasmado, pretendia voltar pra pegar, mas a demora e o atraso no Cristo me impediriam. Uma pena, por que queria conhecer as favelas, mas talvez tenha sido melhor assim. Quem pega esses FavelaTour são os estrangeiros, a classe média, ou seja, gente com o olhar estranho, de turista, que apenas quer ver o freak da questão. Algum dia ainda quero voltar mas para conhecê-las por dentro, não num passeio ao zoológico, mas sua essência. Algum dia.
Fui ao Corcovado, onde fica o Cristo Redentor. A fila para entrada no bondinho, uma espécie de trem, vermelhinho e bonitinho, quase dava a volta no quarteirão. Há dois métodos para subir no corcovado. Por esse trenzinho, que é o jeito oficial, ou pela estrada de carro. Na frente, havia serviço de vans, que transportava os passageiros pela via de carros. Nesse momento, ainda achava que conseguiria voltar a tempo para pegar o FavelaTour, então fui de van. Uma pena, já que o passeio no trenzinho teria sido legal, mas tudo bem, não é nada essencial o que perdi. A van pegou congestionamento na estrada e não foi assim tão mais rápida que a fila que teria que esperar, mas tudo bem. Há uma parada no mirante da floresta da Tijuca; ali já achei a vista impressionante, sem saber a vista que me aguardava no Cristo. Chegamos. Para entrar, mais uma loonga fila. Um casal, que também estava na van na qual subi, foi por fora, cortando a fila, pois a moça estava grávida. Fui seguindo eles, perto mas não junto, daquele meu jeito impercepitível. Eles passaram na frente. Cheguei atrás, no carinha da recepção "estou junto com a moça grávida", ele não disse nada, só fez sinal pra eu passar. Hehee. Furei a fila. Nesse ponto, pode-se pegar um elevador, ou subir os 320 degraus. Óbvio que optei pelos degraus, afinal, onde está a graça do troço?! Quase que tinha mais gente lá do que na praia no reveillon, uma verdadeira multidão, mal dava pra andar. Ajoelhei-me perante o Cristo. Foda-se o que os outros pensaram. As orações que fiz são minhas, não é pra se escrever aqui. A vista, lá de cima, é assombrosa. Verdadeiramente impresionante. E olha que não sou desse tipo de gente que se impressiona or qualquer coisa, que acha tudo que é natureza ou monumento bonito, etc e tal. Realmente não sou. Mas fiquei abismado com aquele local. Fiquei lá muito tempo, umas duas horas. Depois desci.
Àquela hora, já era tarde, tipo umas quatro da tarde. Meu onibus de volta era às oito da noite, então tinha tempo para apenas mais um passeio. Não sabia onde ir, entre tantas opções e tão pouco tempo. Lembrei de um conselho: quando você não sabe para onde ir, vá para a igreja. Fui perguntar pro motorista da van, um cearense, como chegava, qual onibus pegava pra chegar, na catedral principal da cidade. "Ah, estou indo lá pra perto, tenho que pôr gás (no carro). Te dou uma carona". Acho que não pensei na hora, ou fui meio louco, por que aceitei uma carona, de um desconhecido, em pleno Rio de Janeiro. Entrei. O sujeito andou um monte. Passou por um viaduto, uma área pobre. Fiquei com medo, realmente. Pensei que ia dar merda, muita merda. Mas ele parou e me deixou em um lugar, com indicações para eu andar mais umas quadras, até chegar ali. Supostamente era o centro da cidade. O antigo centro. Velho e decrépto. Inóspito. Pouquissimas pessoas nas ruas. Algumas pessoas dormindo na rua, desmaiados de bêbados. Fui andando, parei, pedi mais informações, era pra andar mais ainda. Fiquei com medo de assalto, etc. Nessa altura, já havia feito o checkout no hostel, desde da hora que fui pro Cristo, logo, estava com uma grande mochila nas costas. Você só teme quando tem o que perder. Enfim.. cheguei numa igrejinha, nomeada igreja presbiteriana. Bonitinha, mas pequena. E fechada, só vi por fora. Definitivamente não era a catedral metropolitana da cidade, um dos pontos turisticos da cidade. Ficou comprovado que, assim como o sujeito da rodoviária que não sabia onde era o museu da república, o carioca não sabe onde fica seus próprios pontos turisticos. Essa tese vai ser reforçada daqui a pouco, espere. Enfim.. Achei um taxi. Perguntei o preço. Pra iIanema, 30 reais. Não. Pra rodoviária, 20. Não. "Então me deixa em algum lugar pra pegar um onibus". 10 reais, até a estação central de onibus. Ainda bem que consegui sair daquele lugar.
Na estação central de onibus, pedi informação pra um guarda, e peguei um onibus pra Ipanema. Não sou grande fã de praia, e pra mim, praia é tudo igual, no Rio de Janeiro ou em Matinhos, mas como é famosa, etc e tal, e um programa acessível às poucas horas que me restavam ali, decidi ir pra lá. Onibus quase vazio. Perguntei pra cobradora, uma mulher meio gorda e mau humorada, se ia pra Ipanema. "O ponto final é General Osório", respondeu, rispida, como se eu fosse um expert. "Tá, e..?", respondi. Será que não passou por sua cabeça que existem turistas na cidade? "General Osório é Ipanema". Perguntei se era perto do Posto 9. O posto 9 é conhecido point de Ipanema, área nobre, onde os famosos frequentam. "Ah, essa coisa de posto não sei não", respondeu. Aí está. O carioca não conhece sua cidade. E alguém que deveria dar informações de transito! Enfim.. uma passageira, muito simpática por sinal, me informou que era sim, bem perto. Saindo, o onibus passou em frente à Central do Brasil. Toda aquela região é muito velha e abandonada. Logo a seguir, ao parar em um sinalerio, vi, paradas junto à paredes, umas 3 mulheres, com roupas bem desinibidas, não sei se pelo calor ou outros motivos. Não sei se julgo errado, mas pelo próprio jeito com que se portavam pareciam prostitutas. Se estavam ali, em plena luz do dia, imagine como não deve ser essa zona à noite. Deve ser, bem.. uma zona mesmo. Rsrss. Não lembro quem foi que disse que você não conheçe realmente uma cidade até conhecer suas prostitutas e seus traficantes. Essa frase/conceito/pensamento não é meu, tenho certeza que ouvi em algum lugar, mas não sei onde; acho que num filme. Nesse sentido, eu não conheci realmente o Rio de Janeiro. Hehee. Sobre a figura da cobradora, é interessante notar que, durante o trajeto do onibus, chegou a dormir sentada, em plena função! A qualidade do serviço público no pós-reveillon. Hehee.
Cheguei a Ipanema. Geralmente, as pessoas se deteriam falando horas e horas de como a praia é maravilhosa. Como já disse, praia pra mim é tudo igual. Bonita. Ponto. Andei pelo calçadão, e na praia, de tênis! Nesse momento foi que o sol começou a ser mais quente. Por sorte minha, que não gosto de calor extremo, a minha estadia no cidade foi marcada por um clima ameno. Vendo um grupo de moças fúteis andando pelo calçadão da praia, me gerou um reflexão. Se não existe verdade, como diz Foucault, como posso "menosprezar" aquelas pessoas que vivem no mundo parelelo, protegido da violencia, e definir o outro mundo, o da violencia, como o "mundo real"? Ora, se não existe realidade, por que a "artificialidade" em que vivem não pode ser também a realidade? Afinal, é a realidade para aquelas pessoas. Ou reconhece-se que Foucault está, ao menos em alguns pontos, errado, e que pode existir uma Verdade, como persegue a Filosofia, ou devemos reconhecer a visão de mundo da classe média, ignorante da violencia, como tão válida e real quanto à do mundo da violencia. É uma questão a ser pensada posteriormente. Depois de passear um pouco por Ipanema, e conhecer o famoso posto nove, peguei o onibus para a rodoviária.
Aí, voltei pra casa. O motorista da volta, um nordestino, era muito simpático e gente boa, com um jeito todo peculiar e descontraido de falar e dar os anúncios obrigatórios aos passageiros. Dormi toda viagem de volta. E voltei.
Como resultado final da experiencia posso dizer que definitivamente foi positiva. Deveria ter me controlado mais com os souvenirs, mas ainda assim foi bom. Curioso que todas cidades que conheci até agora, não desejo necessáriamente voltar. Não que eu não tenha gostado, não é isso. Não me importaria em voltar à Blumenau ou Belo Horizonte, voltarei à Brasilia em março, para apresentar o artigo, mas não tenho a necessidade de voltar a essas cidades. Com certeza fiquei pouco tempo; mais tempo seria necessário. Um dia ainda quero voltar, para conhecer melhor, por dentro. Gostei da cidade, e a principio, não me importaria mesmo de morar no Rio. Gostei. Gostei mesmo. E olha que não fui para o Rio com o desejo especifico do Rio. Minha primeira alternativa pro reveillon era Salvador, que se inviabilizou pelo preço. O Rio era mais barato, então foi ele mesmo. A intenção original não era o Rio ou a viagem em si, mas mais a fuga da realidade, do cotidiano de passar sempre por aqui. Mas gostei, gostei muito da cidade. Com companhia, acho que teria sido bem melhor. Gostaria de ter tido, mas fica pra próxima. Certamente valeu a pena, e um dia, quero voltar. Gostei, bem mais do que eu esperava.
terça-feira, 29 de dezembro de 2009
Escrita de fim de ano
Hoje acordei cedo, coisa rara. Seis e meia da manhã. Abri a janela e deixei a claridade branca da enevoada manhã nascente entrar. Provavelmente esta é a última postagem desse ano, e por isso não sei exatamente o que vou escrever - tenho essa mania, começo um texto sem pensar o que escreverei e deixo ele fluir.
Estou displicente últimamente deste blog, mas é um projeto ativo; ativo em meu coração e mente. Começei a escrever uma postagem, alguns dias atrás, mas a abandonei na metade. Ainda está salva nos rascunhos, e provavelmente assim permanecerá. Resmungos infelizes sobre minha sensação de solidão, ante meus aniversários, ante a perspectiva de amigos, etc e tal. Percebi que, ainda que tenha essa sensação hoje, não é algo que me define. Bem, talvez até seja, mas não gostei de escreve-lo, externá-lo, então vai permanecer no limbo, esta escrita, ainda que eu a esteja translando neste momento.
Percebi outro dia que só tenho mais um ano de CTCOM. Um ano. Logo, este blog, nesta concepção, com este título, terá, a rigor, mais um ano. Um ano. pretendo torná-lo um espaço ativo, ativissimo. Um ano, viajando todo dia. Meu Deus, como vou sentir falta disso. Já sinto agora, nas férias. Imagino quando acabar. Esse é um tema pertinente, pois este blog é um reflexo desta situação de minhas viagnes diárias. Há dias que estou morto de cansaço, mas como sentirei falta dessa loucura diária que faço. Que horror e que delicia que é.
E este ano, como foi? Momento retrospectiva.
Pausa. Dormi. Voltei, quatro horas depois. Agora já é de tarde. O "acordar cedo" não durou muito. Retomando: retrospectiva.
Esse ano foi... sinceramente bom. Digo sinceramente pois há uma certa mania das pessoas em tornar bom aquilo que não necessariamente é, nessa época. Putz, bons momentos. Começei o ano numa cama (inclusive passei o ano passado dormindo, na mesma cama), me recuperando do atropelamento do fim de 2008. Teve o ridiculo de usar guarda-chuva e luvas no sol, mas agora já sinto o sol em meu rosto, a despeito das marcas que restaram. Fui à Brasilia, fui à Blumenau, fui à Belo Horizonte. Infelizmente não fui à Salvador; a viagem ao CLAD foi cancelada depois que só 3 alunos se interessaram em pagar 150 dolares só pela inscrição, fora hospedagem. Tudo bem, no próximo eu vou. Para fechar bem um ano de viagens interessantes, agora vou ao Rio de Janeiro. Estou cansado de rotina, de passar o ano novo sempre aqui, na praia, em Matinhos/Caiobá. Quero, preciso, mudar. Então vou fazer uma loucura. Dia 30, à noite, tomarei o onibus para o Rio de Janeiro. Chego lá dia 31 pela manhã. Aproveito o dia para passear, à noite passo o ano novo em Cobacabana e dia 1º eu volto. A rigor, não gastarei muito, já que não precisarei pagar hotel e congêneres, apenas a passagem (que não achei muito cara) e mais as coisas que consumir/comprar na viagem. Adoro souvenir. A única coisa ruim é que vou sozinho, como sempre. A solidão. O que eu mais desejaria é companhia, amigos, mas talvez seja essa a minha sina. Ainda assim acho que vai ser divertido. Sabe, não tenho nenhuma tara ou desejo especial pelo Rio em si. Na verdade, queria mesmo era ir para Salvador, para desfazer a frsutração do CLAD, mas achei muito caro a passagem para lá. Mais do que o Rio em si, acredito que vai ser bom pela fuga, pela loucura.
Enfim... Ah, cansei dessa idéia de retrospectiva. O ano foi bom, é isso. Grandes momentos. A manhã gelada do evento do 2º período. Cada e-mail enviado à todos que não sei como pude escrever. Tantos momentos, brilhantes. As manhãs no mercadorama (viva as aulas matáveis!). As noites do ICH, que eu finalmente passei a gostar. Nadar na água gelada, no inverno, na piscina descoberta da UFPR. Tantos momentos. Amadurecimento, intelectual e espiritual. Acho que aprendi muito. E não estou falando das aulas, mas da vida. Ainda há muito o que ainda aprender. Entendi melhor algumas coisas, ainda estou longe de entender outras, e me tornei mais humano, mais próximo do senso comum. Enfim... assim é a vida. Igual esse texto, continua, é indefinido, nos escapa ao controle, e assim, do nada, acaba, o texto.
sábado, 12 de dezembro de 2009
Presente de aniversário
Hoje é dia 12 de dezembro, véspera de meu aniversário. E ganhei o melhor presente que poderia ganhar, nessa data.
No inicio do ano, fui à Brasília com a universidade federal, para o Congresso Consad de Gestão Pública. Trata-se do maior e mais importante congresso da área do Brasil.
Mês passado abriu inscrição para inscrição de trabalhos que pleiteassem se apresentar na edição do ano que vem.
Pretensioso eu, por achar que poderia escrever algo, afinal, é um congresso para doutores, mestres, e profissionais da área. Não é um congresso acadêmico, nem tem uma área reservada a graduandos, tal qual o Intercom. De fato, não mínimos os graduandos que lá apresentam, para não dizer inexistentes.
Mas como eu sou mesmo pretensioso, literalmente no último dia, escrevi e mandei. Mandei.
O resultado devia sair dia 08 de dezembro, dos trabalhos selecionados. Fiquei apreensivo. Não saiu. Dia 09, não saiu. Dia 10 eu esqueci, pensei que também não sairia, e nisso, na correria de final de semestre, esqueci.
Ontem, no churrasco no Billy, o tema volta; lembrei. Cheguei em casa cansado, dormi. Sete da manhã, pouco antes de ir viajar, acesso o site do Consad. Está lá a lista. Abro. O PDF carrega. Muitos nomes. Vou na “busca” e escrevo “C [nome do meio, removido do post para sair do google]”, nem sei por que, ao invés de Márcio ou C [último nome, removido do post para sair do google]. Lá está: Márcio C [nome do meio] C [último nome].
Tremi, tremi muito. Sonhei, imaginei, desejei isso, e como seria, e foi assim mesmo. Sem reação. Não posso acreditar. Estou exultante, exultante. Ligo para amigos e os acordo, compartilhando a alegria. Queria estar perto deles, e abraçar todos meus amigos. Ainda estou atordoado e exultante.
Não sei como meus professores se sentiram quando, ainda na graduação, tiveram seus primeiros artigos publicados. Eu, sei que estou muito feliz. Sei que estou potencializando algo que, se você analisar bem, em essência, não é assim tão grande. É sim um congresso importantíssimo, e para uma eventual carreira acadêmica isso conta muitos pontos, mas não vai modificar minha vida. Daqui a muitos anos, talvez com muito mais coisa publicada (talvez não) olhe para trás e diga “que bobagem; quanto barulho por nada”. Mas nesse momento é como me sinto e como quero me sentir: extremamente feliz, por nada, mas um nada que é muito importante para mim, nesse momento, nesse tempo.
Não posso acreditar que vou ter meu primeiro artigo publicado, no mais importante congresso brasileiro da área, e antes mesmo da metade da faculdade. Não posso acreditar. Estou exultante.
Abaixo, segue o resumo que enviei ao Consad, e que foi selecionado para eu apresentar, em março do ano que vem, em Brasilia.
Accountability ou propaganda? A publicização no setor público: Estudo de caso do programa “Escola de Governo”, do Governo do Paraná.
Uma das problemáticas enfrentadas pela gestão pública é como tornar transparentes seus atos, divulgando e levando-os ao conhecimento dos cidadãos. Contudo, depara-se com o problema da indistinção entre o principio da publicidade, estabelecido pela Constituição Federal para a Administração Pública, e a propaganda de Governo. Onde acaba um e começa outro?
Após contextualizar os conceitos de propaganda e publicidade, se faz uma revisão da literatura clássica sobre accountability, e expõem-se as delimitações e diferenciações, no Direito Público, entre publicização e propaganda.
A partir disso, se faz uma análise de 'case' do programa “Escola de Governo”, do Governo Estadual do Paraná, transmitido pela TV Educativa do Paraná, e apresentado pessoalmente pelo Governador Roberto Requião. Nele, o governador apresenta ações do governo, cobra resultados dos secretários, discute propostas, e discorre sobre temas contemporâneos.
Conclui-se que o programa é um modo de promover transparência e accountability, no entanto, ao mesmo tempo, promove a imagem pessoal do governador. Assim, pela própria natureza dos conceitos, não é possível estabelecer um critério imperativo para essa separação.
No inicio do ano, fui à Brasília com a universidade federal, para o Congresso Consad de Gestão Pública. Trata-se do maior e mais importante congresso da área do Brasil.
Mês passado abriu inscrição para inscrição de trabalhos que pleiteassem se apresentar na edição do ano que vem.
Pretensioso eu, por achar que poderia escrever algo, afinal, é um congresso para doutores, mestres, e profissionais da área. Não é um congresso acadêmico, nem tem uma área reservada a graduandos, tal qual o Intercom. De fato, não mínimos os graduandos que lá apresentam, para não dizer inexistentes.
Mas como eu sou mesmo pretensioso, literalmente no último dia, escrevi e mandei. Mandei.
O resultado devia sair dia 08 de dezembro, dos trabalhos selecionados. Fiquei apreensivo. Não saiu. Dia 09, não saiu. Dia 10 eu esqueci, pensei que também não sairia, e nisso, na correria de final de semestre, esqueci.
Ontem, no churrasco no Billy, o tema volta; lembrei. Cheguei em casa cansado, dormi. Sete da manhã, pouco antes de ir viajar, acesso o site do Consad. Está lá a lista. Abro. O PDF carrega. Muitos nomes. Vou na “busca” e escrevo “C [nome do meio, removido do post para sair do google]”, nem sei por que, ao invés de Márcio ou C [último nome, removido do post para sair do google]. Lá está: Márcio C [nome do meio] C [último nome].
Tremi, tremi muito. Sonhei, imaginei, desejei isso, e como seria, e foi assim mesmo. Sem reação. Não posso acreditar. Estou exultante, exultante. Ligo para amigos e os acordo, compartilhando a alegria. Queria estar perto deles, e abraçar todos meus amigos. Ainda estou atordoado e exultante.
Não sei como meus professores se sentiram quando, ainda na graduação, tiveram seus primeiros artigos publicados. Eu, sei que estou muito feliz. Sei que estou potencializando algo que, se você analisar bem, em essência, não é assim tão grande. É sim um congresso importantíssimo, e para uma eventual carreira acadêmica isso conta muitos pontos, mas não vai modificar minha vida. Daqui a muitos anos, talvez com muito mais coisa publicada (talvez não) olhe para trás e diga “que bobagem; quanto barulho por nada”. Mas nesse momento é como me sinto e como quero me sentir: extremamente feliz, por nada, mas um nada que é muito importante para mim, nesse momento, nesse tempo.
Não posso acreditar que vou ter meu primeiro artigo publicado, no mais importante congresso brasileiro da área, e antes mesmo da metade da faculdade. Não posso acreditar. Estou exultante.
Abaixo, segue o resumo que enviei ao Consad, e que foi selecionado para eu apresentar, em março do ano que vem, em Brasilia.
***
Accountability ou propaganda? A publicização no setor público: Estudo de caso do programa “Escola de Governo”, do Governo do Paraná.
Uma das problemáticas enfrentadas pela gestão pública é como tornar transparentes seus atos, divulgando e levando-os ao conhecimento dos cidadãos. Contudo, depara-se com o problema da indistinção entre o principio da publicidade, estabelecido pela Constituição Federal para a Administração Pública, e a propaganda de Governo. Onde acaba um e começa outro?
Após contextualizar os conceitos de propaganda e publicidade, se faz uma revisão da literatura clássica sobre accountability, e expõem-se as delimitações e diferenciações, no Direito Público, entre publicização e propaganda.
A partir disso, se faz uma análise de 'case' do programa “Escola de Governo”, do Governo Estadual do Paraná, transmitido pela TV Educativa do Paraná, e apresentado pessoalmente pelo Governador Roberto Requião. Nele, o governador apresenta ações do governo, cobra resultados dos secretários, discute propostas, e discorre sobre temas contemporâneos.
Conclui-se que o programa é um modo de promover transparência e accountability, no entanto, ao mesmo tempo, promove a imagem pessoal do governador. Assim, pela própria natureza dos conceitos, não é possível estabelecer um critério imperativo para essa separação.
quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
Da ubiqüidade e onisciência (Ou era da informação)
Dessa vez vou ser breve (sem tempo para me alongar). Mais um questionamento, do que uma reflexão pronta. A tecnologia, e algumas tecnologias em especifico, criaram (ou propiciaram) ao ser humano o dom da ubiqüidade (ainda que não onipresença, há diferença nos termos). Estou falando do celular. Através dele, você pode estar em muitos lugares, em todo lugar. Agora um paralelo: cada vez mais as informações são abundantes, até excessivas, para os indivíduos. O que tem seu lado positivo (mais informações) carrega no seu bojo o lado negativo, a quantidade de informações faz com que nenhuma seja especial, a importância perde a relevancia frente à superficialidade e necessidade de velocidade. Gosto de pensar no futuro, uma vez que ainda estamos (e somos) na época das cavernas. (Digo que vivemos na época das cavernas frente à toda evolução que o mundo ainda tem por apresentar. É uma pretensão, e uma visão pequena, acreditar que vivemos no “fim da história” como preconizou Fukuyama). Já há, hoje, experimentos para que o cerebro esteja interconctado com computadores, através de chips implantados no córtex, para que os possam controlar com a mente. Portanto, não é infactível acreditar que algum dia, o cérebro possa estar completamente conectado ao computador, e mesmo ser tratado como tal. Já vi em alguma obra de ficção que não me recordo qual, e acredito mesmo que isso, um dia, ocorrerá, que os conteúdos poderão ser “baixados” para nossos cérebros, tal qual hoje fazemos downloads na internet. Veja, isso é tudo especulação, futurismo, ou seja, devaneio. Mas sigamos. A partir do momento que o conteúdo possa ser transmitido ao nosso cérebro através da máquina, seja esse conteúdo informações de um jornal, um mapa, conhecimentos de livros, etc e etc, irá ser criado, no ser humano, o dom da onisciência. Ou ao menos a possibilidade da onisciência. Ainda que a tecnologia nunca, jamais na historia, evolua a tal ponto dessa ficção ser realidade, esse desejo já existe, na sociedade de hoje, traduzida por essas obras de ficção, por essas pesquisas que vão nesse rumo. Agora paro e reflito. Onipresença, onisciência. Coincidência? São dois dos três fatores que definem as características do Deus cristão. Existe uma busca, um desejo, no ser humano de ser Deus. A sociedade moderna (não gosto do termo pós-moderna) mais do que buscar Deus, quer Ser Deus. E se você pensar em ambientes de realidade virtual, tal como tratada na ficção em filmes como “O Vingador do Futuro”, mostram também um desejo da própria onipotência. Uma vez que se está em um ambiente virtual, um mundo à parte, criado por e para você, tudo pode se realizar, conforme seus desejos. Talvez tudo não passe mesmo de ficção, já que baseei-me nesses exemplos para a formulação desse texto, mas a ficção reflete o desejo de seus criadores. E o que isso quer dizer? Vai saber. Eu não sei.
Racionalidade, sentimento, e... algo mais?
"A cultura não é racional", foi a frase de hoje, última aula de antropologia.. ops, cultura organizacional. Remeteu-me à racionalidade. Teoria da escolha racional. Tsebelis. Uma coisa que eu queria entender, queria mesmo, é a escolha racional. Tipo, muita gente boa, que eu admiro e considero as opiniões acredita nessa teoria, ela é reconhecida e aceita, mas eu não consigo aceitar que as pessoas se movam por racionalidade, ainda que subjetiva. E não considero visar interesses, inconscientemente, como racionalidade. Bom, como diz o Fred, e o Liprovetsky, estamos na era do vazio, com a cultura desenraizada, e bla-bla-bla. Ora, se vivemos nessa era do vazio (e em parte concordo; não totalmente), se as pessoas são levadas pelo consumo, pela propaganda, como pode haver racionalidade? Vejo as coisas muito opostas. Mas está certo que ainda não me debrucei com atenção sobre a teoria; o que conheço dela é um tanto superficial. Certamente estou aqui falando merda, mas assim é a vida. De merda em merda que se fala, um dia falar-se-á algo que preste. Ou não.
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