terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Escrita de fim de ano

Hoje acordei cedo, coisa rara. Seis e meia da manhã. Abri a janela e deixei a claridade branca da enevoada manhã nascente entrar. Provavelmente esta é a última postagem desse ano, e por isso não sei exatamente o que vou escrever - tenho essa mania, começo um texto sem pensar o que escreverei e deixo ele fluir.
Estou displicente últimamente deste blog, mas é um projeto ativo; ativo em meu coração e mente. Começei a escrever uma postagem, alguns dias atrás, mas a abandonei na metade. Ainda está salva nos rascunhos, e provavelmente assim permanecerá. Resmungos infelizes sobre minha sensação de solidão, ante meus aniversários, ante a perspectiva de amigos, etc e tal. Percebi que, ainda que tenha essa sensação hoje, não é algo que me define. Bem, talvez até seja, mas não gostei de escreve-lo, externá-lo, então vai permanecer no limbo, esta escrita, ainda que eu a esteja translando neste momento.
Percebi outro dia que só tenho mais um ano de CTCOM. Um ano. Logo, este blog, nesta concepção, com este título, terá, a rigor, mais um ano. Um ano. pretendo torná-lo um espaço ativo, ativissimo. Um ano, viajando todo dia. Meu Deus, como vou sentir falta disso. Já sinto agora, nas férias. Imagino quando acabar. Esse é um tema pertinente, pois este blog é um reflexo desta situação de minhas viagnes diárias. Há dias que estou morto de cansaço, mas como sentirei falta dessa loucura diária que faço. Que horror e que delicia que é.
E este ano, como foi? Momento retrospectiva.
Pausa. Dormi. Voltei, quatro horas depois. Agora já é de tarde. O "acordar cedo" não durou muito. Retomando: retrospectiva.
Esse ano foi... sinceramente bom. Digo sinceramente pois há uma certa mania das pessoas em tornar bom aquilo que não necessariamente é, nessa época. Putz, bons momentos. Começei o ano numa cama (inclusive passei o ano passado dormindo, na mesma cama), me recuperando do atropelamento do fim de 2008. Teve o ridiculo de usar guarda-chuva e luvas no sol, mas agora já sinto o sol em meu rosto, a despeito das marcas que restaram. Fui à Brasilia, fui à Blumenau, fui à Belo Horizonte. Infelizmente não fui à Salvador; a viagem ao CLAD foi cancelada depois que só 3 alunos se interessaram em pagar 150 dolares só pela inscrição, fora hospedagem. Tudo bem, no próximo eu vou. Para fechar bem um ano de viagens interessantes, agora vou ao Rio de Janeiro. Estou cansado de rotina, de passar o ano novo sempre aqui, na praia, em Matinhos/Caiobá. Quero, preciso, mudar. Então vou fazer uma loucura. Dia 30, à noite, tomarei o onibus para o Rio de Janeiro. Chego lá dia 31 pela manhã. Aproveito o dia para passear, à noite passo o ano novo em Cobacabana e dia 1º eu volto. A rigor, não gastarei muito, já que não precisarei pagar hotel e congêneres, apenas a passagem (que não achei muito cara) e mais as coisas que consumir/comprar na viagem. Adoro souvenir. A única coisa ruim é que vou sozinho, como sempre. A solidão. O que eu mais desejaria é companhia, amigos, mas talvez seja essa a minha sina. Ainda assim acho que vai ser divertido. Sabe, não tenho nenhuma tara ou desejo especial pelo Rio em si. Na verdade, queria mesmo era ir para Salvador, para desfazer a frsutração do CLAD, mas achei muito caro a passagem para lá. Mais do que o Rio em si, acredito que vai ser bom pela fuga, pela loucura.
Enfim...   Ah, cansei dessa idéia de retrospectiva. O ano foi bom, é isso. Grandes momentos. A manhã gelada do evento do 2º período. Cada e-mail enviado à todos que não sei como pude escrever. Tantos momentos, brilhantes. As manhãs no mercadorama (viva as aulas matáveis!). As noites do ICH, que eu finalmente passei a gostar. Nadar na água gelada, no inverno, na piscina descoberta da UFPR. Tantos momentos. Amadurecimento, intelectual e espiritual. Acho que aprendi muito. E não estou falando das aulas, mas da vida. Ainda há muito o que ainda aprender. Entendi melhor algumas coisas, ainda estou longe de entender outras, e me tornei mais humano, mais próximo do senso comum. Enfim...  assim é a vida. Igual esse texto, continua, é indefinido, nos escapa ao controle, e assim, do nada, acaba, o texto.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Presente de aniversário

Hoje é dia 12 de dezembro, véspera de meu aniversário. E ganhei o melhor presente que poderia ganhar, nessa data.

No inicio do ano, fui à Brasília com a universidade federal, para o Congresso Consad de Gestão Pública. Trata-se do maior e mais importante congresso da área do Brasil.
Mês passado abriu inscrição para inscrição de trabalhos que pleiteassem se apresentar na edição do ano que vem.
Pretensioso eu, por achar que poderia escrever algo, afinal, é um congresso para doutores, mestres, e profissionais da área. Não é um congresso acadêmico, nem tem uma área reservada a graduandos, tal qual o Intercom. De fato, não mínimos os graduandos que lá apresentam, para não dizer inexistentes.
Mas como eu sou mesmo pretensioso, literalmente no último dia, escrevi e mandei. Mandei.
O resultado devia sair dia 08 de dezembro, dos trabalhos selecionados. Fiquei apreensivo. Não saiu. Dia 09, não saiu. Dia 10 eu esqueci, pensei que também não sairia, e nisso, na correria de final de semestre, esqueci.
Ontem, no churrasco no Billy, o tema volta; lembrei. Cheguei em casa cansado, dormi. Sete da manhã, pouco antes de ir viajar, acesso o site do Consad. Está lá a lista. Abro. O PDF carrega. Muitos nomes. Vou na “busca” e escrevo “C [nome do meio, removido do post para sair do google]”, nem sei por que, ao invés de Márcio ou C [último nome, removido do post para sair do google]. Lá está: Márcio C [nome do meio] C [último nome].
Tremi, tremi muito. Sonhei, imaginei, desejei isso, e como seria, e foi assim mesmo. Sem reação. Não posso acreditar. Estou exultante, exultante. Ligo para amigos e os acordo, compartilhando a alegria. Queria estar perto deles, e abraçar todos meus amigos. Ainda estou atordoado e exultante.
Não sei como meus professores se sentiram quando, ainda na graduação, tiveram seus primeiros artigos publicados. Eu, sei que estou muito feliz. Sei que estou potencializando algo que, se você analisar bem, em essência, não é assim tão grande. É sim um congresso importantíssimo, e para uma eventual carreira acadêmica isso conta muitos pontos, mas não vai modificar minha vida. Daqui a muitos anos, talvez com muito mais coisa publicada (talvez não) olhe para trás e diga “que bobagem; quanto barulho por nada”. Mas nesse momento é como me sinto e como quero me sentir: extremamente feliz, por nada, mas um nada que é muito importante para mim, nesse momento, nesse tempo.
Não posso acreditar que vou ter meu primeiro artigo publicado, no mais importante congresso brasileiro da área, e antes mesmo da metade da faculdade. Não posso acreditar. Estou exultante.
Abaixo, segue o resumo que enviei ao Consad, e que foi selecionado para eu apresentar, em março do ano que vem, em Brasilia.

***

Accountability ou propaganda? A publicização no setor público: Estudo de caso do programa “Escola de Governo”, do Governo do Paraná.

Uma das problemáticas enfrentadas pela gestão pública é como tornar transparentes seus atos, divulgando e levando-os ao conhecimento dos cidadãos. Contudo, depara-se com o problema da indistinção entre o principio da publicidade, estabelecido pela Constituição Federal para a Administração Pública, e a propaganda de Governo. Onde acaba um e começa outro?
Após contextualizar os conceitos de propaganda e publicidade, se faz uma revisão da literatura clássica sobre accountability, e expõem-se as delimitações e diferenciações, no Direito Público, entre publicização e propaganda.
A partir disso, se faz uma análise de 'case' do programa “Escola de Governo”, do Governo Estadual do Paraná, transmitido pela TV Educativa do Paraná, e apresentado pessoalmente pelo Governador Roberto Requião. Nele, o governador apresenta ações do governo, cobra resultados dos secretários, discute propostas, e discorre sobre temas contemporâneos.
Conclui-se que o programa é um modo de promover transparência e accountability, no entanto, ao mesmo tempo, promove a imagem pessoal do governador. Assim, pela própria natureza dos conceitos, não é possível estabelecer um critério imperativo para essa separação.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Da ubiqüidade e onisciência (Ou era da informação)

Dessa vez vou ser breve (sem tempo para me alongar). Mais um questionamento, do que uma reflexão pronta. A tecnologia, e algumas tecnologias em especifico, criaram (ou propiciaram) ao ser humano o dom da ubiqüidade (ainda que não onipresença, há diferença nos termos). Estou falando do celular. Através dele, você pode estar em muitos lugares, em todo lugar. Agora um paralelo: cada vez mais as informações são abundantes, até excessivas, para os indivíduos. O que tem seu lado positivo (mais informações) carrega no seu bojo o lado negativo, a quantidade de informações faz com que nenhuma seja especial, a importância perde a relevancia frente à superficialidade e necessidade de velocidade. Gosto de pensar no futuro, uma vez que ainda estamos (e somos) na época das cavernas. (Digo que vivemos na época das cavernas frente à toda evolução que o mundo ainda tem por apresentar. É uma pretensão, e uma visão pequena, acreditar que vivemos no “fim da história” como preconizou Fukuyama). Já há, hoje, experimentos para que o cerebro esteja interconctado com computadores, através de chips implantados no córtex, para que os possam controlar com a mente. Portanto, não é infactível acreditar que algum dia, o cérebro possa estar completamente conectado ao computador, e mesmo ser tratado como tal. Já vi em alguma obra de ficção que não me recordo qual, e acredito mesmo que isso, um dia, ocorrerá, que os conteúdos poderão ser “baixados” para nossos cérebros, tal qual hoje fazemos downloads na internet. Veja, isso é tudo especulação, futurismo, ou seja, devaneio. Mas sigamos. A partir do momento que o conteúdo possa ser transmitido ao nosso cérebro através da máquina, seja esse conteúdo informações de um jornal, um mapa, conhecimentos de livros, etc e etc, irá ser criado, no ser humano, o dom da onisciência. Ou ao menos a possibilidade da onisciência. Ainda que a tecnologia nunca, jamais na historia, evolua a tal ponto dessa ficção ser realidade, esse desejo já existe, na sociedade de hoje, traduzida por essas obras de ficção, por essas pesquisas que vão nesse rumo. Agora paro e reflito. Onipresença, onisciência. Coincidência? São dois dos três fatores que definem as características do Deus cristão. Existe uma busca, um desejo, no ser humano de ser Deus. A sociedade moderna (não gosto do termo pós-moderna) mais do que buscar Deus, quer Ser Deus. E se você pensar em ambientes de realidade virtual, tal como tratada na ficção em filmes como “O Vingador do Futuro”, mostram também um desejo da própria onipotência. Uma vez que se está em um ambiente virtual, um mundo à parte, criado por e para você, tudo pode se realizar, conforme seus desejos. Talvez tudo não passe mesmo de ficção, já que baseei-me nesses exemplos para a formulação desse texto, mas a ficção reflete o desejo de seus criadores. E o que isso quer dizer? Vai saber. Eu não sei.

Racionalidade, sentimento, e... algo mais?

"A cultura não é racional", foi a frase de hoje, última aula de antropologia.. ops, cultura organizacional. Remeteu-me à racionalidade. Teoria da escolha racional. Tsebelis. Uma coisa que eu queria entender, queria mesmo, é a escolha racional. Tipo, muita gente boa, que eu admiro e considero as opiniões acredita nessa teoria, ela é reconhecida e aceita, mas eu não consigo aceitar que as pessoas se movam por racionalidade, ainda que subjetiva. E não considero visar interesses, inconscientemente, como racionalidade. Bom, como diz o Fred, e o Liprovetsky, estamos na era do vazio, com a cultura desenraizada, e bla-bla-bla. Ora, se vivemos nessa era do vazio (e em parte concordo; não totalmente), se as pessoas são levadas pelo consumo, pela propaganda, como pode haver racionalidade? Vejo as coisas muito opostas. Mas está certo que ainda não me debrucei com atenção sobre a teoria; o que conheço dela é um tanto superficial. Certamente estou aqui falando merda, mas assim é a vida. De merda em merda que se fala, um dia falar-se-á algo que preste. Ou não.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Sobre a boa propaganda


Vi esta propaganda ao lado na Carta Capital dessa semana. Não sabia, e depois, agora, viria a saber ser parte de uma campanha do Governo Federal de combate ao preconceito contra a AIDS. Hoje, dia 1º de dezembro, por sinal, é dia mundial de combate à AIDS (por isso as campanhas, etc). A causa é importante, sem dúvida nenhuma, mas me fez refletir mesmo sobre a propaganda, em si. Não esta propaganda, mas a "arte" da propaganda. É nesses momentos em que percebo que sou jovem demais, ainda não vivi nada, e estou em plena formação, quando percebo que tenho hoje, opinião diferente do que tinha seis meses atrás. Me recordo da (ao menos pra mim) marcante discussão com Maurini, no primeiro ou segundo dia de aula desse semestre, sobre propaganda e marxismo. Olhando para trás até eu me acho chato, dentro daquele contexto. Hehehe. Estava em percurso para me transformar em radical opositor à comunicação. Achava que não desejava fazer aquilo. Ainda tenho (e espero continuar tendo) minhas posições de esquerda, mas não me tornei um radical; voltei ao centro, que é onde estive muito tempo, que é onde gosto de estar. Acho sim, que a propaganda gera muitos males, cria vontades, manipula desejos, opiniões, mas também existe a boa propaganda. A boa propaganda pode ser usada para o bem, para fins que enobrecam o ser humano, que deem orgulho em seus criadores. Se você pensar bem, não deixa de ser uma manipulação das vontades, tenta-se criar a torelancia e aceitação aos portadores de HIV, mas nesse caso, é uma boa causa. Bom, questão de boa ou má causa também é subjetivo e depende do ponto de vista, pode-se alegar. Mas estou partindo aqui do ponto de vista daquilo que é o melhor para a maioria (que escola sociológica tinha mesmo esse principio? não lembro). Partindo desse pressuposto, daquilo que beneficiará a maioria, esta é sim uma boa causa para a propaganda, diferente de um anuncio de bolsa, que beneficiará (financeiramente) somente aqueles que a vendem. A propaganda pode ser usada por bons fins, e usada de que maneira! Critiva e belissima. A foto, é linda; o slogan, muito bem sacado. Realmente gostei dessa campanha. Por falar em propagandas, será o tema de minha próxima postagem, algo que está pendente faz dias. Aguardem.